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Segundo pesquisador norte-americano, quem gasta em experiências seria mais feliz do que quem gasta em coisas | Agência Gazeta do Povo/ Antônio More
Segundo pesquisador norte-americano, quem gasta em experiências seria mais feliz do que quem gasta em coisas| Foto: Agência Gazeta do Povo/ Antônio More

Economistas comportamentais se debruçam desde os anos 1970 sobre a relação entre dinheiro e felicidade. Ainda não existe uma "teoria final" sobre o tema, mas há grandes chances de o dinheiro trazer certo nível de felicidade e há quem diga que basta comprar uma boa bota de escalada para a pessoa ganhar alguns momentos felizes. Uma bota?

Uma das teorias mais recentes sobre dinheiro e felicidade diz que o que importa é no que você gasta o dinheiro. Quem gasta em experiências seria mais feliz do que quem gasta em coisas. Essa é a conclusão do psicólogo Ryan Howell, pesquisador da Universidade de São Francisco. O problema é que as pessoas têm dificuldade em estimar o valor das experiências e acabam tomando a decisão errada: compram coisas que trazem menos felicidade do que se gastassem dinheiro em experiências.

Em resumo, gastar R$ 10 mil em roupas traz menos felicidade do que gastar R$ 10 mil em uma viagem de primeira, mas temos dificuldade de mensurar o que ganhamos com a viagem e acabamos enchendo o guarda-roupa.

A comparação entre o guarda-roupa cheio e a viagem parece simples, mas os pesquisadores Darwin Guevarra, da Universidade do Michigan, e o próprio Ryan Howell chegaram à conclusão de que depende do tipo de roupa. Eles exploraram o que chamam de "produtos de experiência", aqueles que são relacionados a boas experiências, como uma bota de escalada para quem acha que a felicidade está em ser capaz de subir montanhas.

Eles argumentam que nosso cérebro entende esse tipo de produto de forma similar às experiências em si. Talvez isso explique algumas compras sem sentido que ficam se avolumando em muitas garagens por aí. E também por que o mercado de luxo se engaja tanto com esportes e outras atividades "de experiência".

Essas pesquisas não são totalmente conclusivas, mas adicionam um toque de psicologia em estudos que até hoje não esclareceram o quanto da nossa felicidade depende do dinheiro. Uma das primeiras teorias a respeito foi publicada em 1974 pelo professor da Universidade do Sul da Califórnia Richard Easterlin. Ele sustentava que as pessoas mais ricas dentro de um mesmo país são mais felizes do que seus conterrâneos mais pobres. Ele não encontrou, no entanto, diferença entre países – nações mais ricas não seriam necessariamente mais felizes.

Há pouco tempo, os pesquisadores Betsey Stevenson e Justin Wolfers, da Universidade de Michigan, fizeram uma comparação entre países e dizem ter encontrado o que Easterlin não achou: não importa onde, os ricos são mais felizes.

Eles também refutam a teses de que há um limite para a coisa – gente como o Prêmio Nobel Daniel Kahneman argumenta que a partir de uma certa renda que dê uma boa qualidade de vida, aumentos na renda não trariam mais felicidade. Stevenson e Wolfers dizem que seus dados, baseados em pesquisas de opinião, não trazem esse limite. A questão ainda está em aberto.

O que se sabe, portanto, é que:

1- Há uma forte correlação entre dinheiro e felicidade.

2- A felicidade depende de onde você gasta o dinheiro, mas há um debate aberto sobre isso.

3- Talvez haja um limite para a felicidade que se pode comprar.

4- A felicidade é maior em países mais ricos. Uma medida interessante para quem quiser ir mais longe está no Better Life Index, criado pela OCDE, no qual o Brasil e o México destoam um pouco da teoria. O primeiro em satisfação de vida é a Suíça e o último é a Grécia (o ranking é com os países da OCDE, mais Brasil e Rússia).

5- Isso tudo não significa que estar com o bolso vazio é um atestado de infelicidade. Estamos falando de médias e não de casos particulares.

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