O mercado de leite no Brasil segue dando um passo de cada vez, esperando o aquecimento da economia nacional. Se em 2018 o setor cresceu apenas 0,5%, no ano passado registrou alta de 2,5%, com o produtor recebendo em média R$ 1,36 pelo litro da mercadoria. Para os pequenos produtores essas margens apertadas dificultam o planejamento e -consequentemente, o investimento em tecnologia e estrutura na propriedade.
Mas a união desses produtores em cooperativas tem sido fundamental para maior rentabilidade no processo. Em São Jorge do Patrocínio, região Noroeste do Paraná, a Coopeler (Cooperativa de Produtores de Leite do Território Entre Rios) auxilia 212 pecuaristas familiares dos municípios de Altônia, Esperança Nova, Pérola, Cafezal do Sul e Francisco Alves a conseguirem preços mais justos no leite.
“Primeiramente eu vendia o leite para um laticínio da região, mas depois de muita insistência consegui meu primeiro contrato com a Coopeler. Hoje melhorou 50% o preço, além do reconhecimento e os produtos que conseguimos pegar diretamente com a cooperativa”, explicou Antônio Leandro de Castro Costa (33), produtor de leite, gado de corte, galinha e frango caipira em São Jorge do Patrocínio.
Recentemente Leandro pode investir em uma sala de ordenha, um resfriador e uma bomba para transferir o leite, possibilitando maior conforto nas atividades diárias. “A gente procura ser justo no pagamento do leite ao cooperado. Além disso nós temos uma farmácia que os cooperados podem utilizar. Trabalhamos também no fornecimento da casquinha e farelo de soja para auxiliar na alimentação do gado leiteiro”, contou o presidente da Coopeler, Adauto Lazarin (52).
Além da Coopeler, Leandro tem outro auxílio importante para o crescimento de sua produtividade. Fatima Feider (30) é médica veterinária e professora da Casa Familiar Rural de São Jorge do Patrocínio, dando suporte técnico na produção e reprodução das vacas na fazenda do esposo.
“Ela é o meu coringa. Joga em qualquer área aqui. Hoje em dia eu tenho menos vacas e tenho uma produção maior de leite. Uma coisa que nós não descuidamos é na reprodução, porque todo ano a vaca tem que dar ao menos uma cria. Agora eu fiz um investimento em um bezerreiro para tirar as crias com mais saúde para ter uma vida reprodutiva mais precoce”, explicou Leandro.
A família é completada pelo pequeno Samuel (2), que também já ajuda na propriedade. O garoto passa a maior parte do tempo com os avós, mas quando visita a fazenda pega a mangueira e limpa a área dos estábulos, além de manter os cochos das vacas cheios de ração. “As crianças são como um ramo verde. Quando são pequenas você dobra para lá e para cá, mas quando crescem você puxa o galho e ele quebra”, pontuou o produtor.
Vendas pelo whatsapp
Criador de galinhas e frangos caipiras, Leandro tem apostado nas redes sociais para conseguir escoar sua produção. Aos finais de semana, o produtor anuncia nos grupos de Whatsapp da cidade a disponibilidade dos produtos, dando a opção da compra do animal vivo ou já depenado.
“Eu posto uma foto e o anúncio do frango a R$ 35 cada e esse eu entrego limpo. Se a pessoa comprar ele vivo, ganha desconto de R$ 5. Já as galinhas eu vendo só as de descarte, aquelas que já não botam tantos ovos e as que também não cuidam bem dos pintinhos”, diz Leandro.
Para conseguir frangos e galinhas de maior qualidade, Leandro e Fátima apostaram em uma mudança no sistema de produção. Primeiro abateram todos os frangos que tinham e começaram a comprar ovos em propriedades diversas.
“Começamos a criar galinha caipira há cerca de um ano e meio. Nós tínhamos galinhas aqui, mas não havia muito cuidado e aí acabava o pai cruzando com as filhas e os frangos nasciam com pouco peso e qualidade. Aí construí um galinheiro e comprei uma chocadeira e alguns ovos. Quando eu passava em uma propriedade e via boas galinhas eu ia comprava um ovo”, finalizou o produtor.
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