O feijão nosso de cada dia está mais caro. Dados da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (Seab) revelam que o feijão carioca, o mais consumido do país, ficou 26,3% mais caro ao longo de 2015. O feijão preto, tipo mais vendido em Curitiba e no Rio de Janeiro, também ficou difícil de engolir e sofreu um reajuste de 16,3% apenas em janeiro deste ano. Nas prateleiras dos supermercados, o quilo dos dois tipos é vendido, em média, a R$ 4,96 (carioca) e a R$ 3,92 (preto). E por enquanto não deve parar de subir.
O preço pago ao produtor também acompanhou o varejo. Em janeiro deste ano, em algumas praças do Paraná, o preço médio da saca de 60 kg de feijão chegou a R$ 171 para o carioca e R$ 133 para o preto. Aumentos de 19,8% e 6,1%, respectivamente, em relação ao ano passado.
Feijão em alta
O presidente do Instituto Brasileiro do Feijão (IBRAFE), Marcelo Lüders, fala sobre os desafios do grão.
+ VÍDEOSO fator mais importante para a disparada no preço da leguminosa foi a chuva que castigou o campo entre outubro do ano passado e o começo deste ano, o que atrasou o plantio e prejudicou a colheita da primeira safra, também chamada de ‘feijão das águas’. “Nós tivemos um El Niño muito forte, que diminuiu a produtividade. Nos estados de São Paulo, Minas e Goiás, tivemos a seca no fim do ano passado. E na região Sul, o excesso de chuvas”, diz o presidente do Instituto Brasileiro do Feijão (Ibrafe), Marcelo Eduardo Lüders.
A queda na área destinada à cultura também contribuiu para alta do produto. Conforme estimativa da Seab, no Paraná, maior produtor brasileiro, a área plantada do grão na primeira safra 2015/16 foi de 180 mil hectares, uma queda de 6% sobre o ano anterior. O volume produzido também caiu para 294 mil toneladas – 40 mil t a menos que em 2014/15.
Segundo Alexandre Stival, CEO da Stival Alimentos, proprietária da marca de feijão Caldo Bom, líder de vendas na região Sul, o mercado está há 45 dias sem o produto. “Feijão é um mercado muito agressivo. Muita gente deixou de plantar o grão para apostar na soja, que está com um preço muito competitivo. Também tivemos toda aquela chuva em outubro e novembro. O preço explodiu”, afirma. A Caldo Bom vende 1,5 milhão de quilos de feijão por mês.
A qualidade do feijão também influenciou os preços. De acordo com Carlos Alberto Salvador, técnico da Seab, grande parte das lavouras paranaenses sofreu com a incidência de pragas, uma vez que o clima excessivamente úmido dificultou o manejo no controle de fungos e insetos. “No momento da colheita as intensas chuvas acarretaram atraso na colheita e baixa na qualidade devido a defeitos como grãos chochos, brotados, ardidos ou mofados”, explica. “Foi difícil achar grãos bons. E quem achou, comprou rápido. Lei de oferta e demanda”, acrescenta Stival.