A Bayer está propondo pagar até US$ 8 bilhões para encerrar mais de 18 mil processos nos Estados Unidos envolvendo o herbicida Roundup, conforme informações de pessoas familiarizadas com as negociações em andamento. O produto é acusado de provocar câncer.
Um acordo, que pode levar meses para sair do papel, diminuiria a pressão dos investidores com a enorme exposição da Bayer por causa dos litígios judiciais que a gigante farmacêutica e química alemã assumiu com a aquisição da Monsanto por US$ 63 bilhões. Além disso, um inédito voto de desconfiança dos acionistas na Administração da empresa alimentou especulações sobre um rompimento interno.
Embora a Bayer ofereça entre US$ 6 bilhões e US$ 8 bilhões para resolver os casos em andamento e futuros, os advogados dos demandantes querem mais de US$ 10 bilhões para abrirem mão de suas reivindicações, conforme disseram as fontes ouvidas pelo The Washington Post, que pediram para não serem identificadas.
As ações da Bayer subiram mais de 11% na sexta-feira (2) em Frankfurt, a maior alta em uma década. No entanto, os papéis da companhia perderam um terço do valor nos últimos 14 meses desde que o acordo com a Monsanto foi concluído. "US$ 8 bilhões seria abaixo do que a maioria dos analistas está prevendo e muitos investidores, temendo", diz Markus Mayer, analista da Baader Helvea. O porta-voz da Bayer, Tino Andresen, recusou-se a comentar as negociações.
Os advogados da Bayer e defensores de ex-usuários do Roundup estão conversando em Nova York com o objetivo de chegar a um acordo que resolva todos os casos atuais e futuras reclamações contra o herbicida. As negociações avançaram a ponto de a Bayer e os advogados dos queixosos terem pedido a dois juízes em St. Louis para adiarem o julgamento de processos que iriam aos tribunais em breve. O presidente-executivo da Bayer, Werner Baumann, disse no final de julho que consideraria fazer um acordo "financeiramente razoável", após as ações da empresa caírem em meio a uma onda de novos processos.
Se um acordo ocorresse, isso aliviaria uma revolta de acionistas após três derrotas consecutivas em tribunais da Califórnia, que resultaram em pagamentos médios de indenizações de quase US$ 50 milhões por requerente, mesmo depois de juízes terem reduzido as indenizações que, no total, somaram mais de US$ 2,4 bilhões. Além disso, milhares de novos processos surgiram após cada derrota da Bayer nos tribunais.
Grandes investidores, como o bilionário Paul Singer, da Elliott Management Corp, vêm pedindo à Bayer que abandone sua abordagem de se defender a todo custo nos processos e considerar fazer um acordo. A Elliott tem uma participação de US$ 1,3 bilhão na Bayer.
A decisão da multinacional de pedir o adiamento dos julgamentos de St. Louis é vista como um sinal claro de que as conversações estão em andamento, conforme observa Carl Tobias, professor de Direito da Universidade de Richmond. Segundo ele, os juízes americanos tradicionalmente suspendem os processos para dar às partes a oportunidade de resolvê-los por acordo.
"Se eles puderem sair disso por menos de US$ 10 bilhões depois de perderem três casos consecutivos, com grandes indenizações sendo pagas, seria um grande negócio para a Bayer", avalia Tobias. "Se eles perderem um par de outros grandes casos em St. Louis, a demanda por indenizações pode chegar a US$ 20 bilhões", concluiu.
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