O presidente da Argentina, Maurício Macri, fez a sua primeira viagem oficial às instituições da União Europeia (UE) em 20 anos e cobrou os europeus para que avancem “com pressa” na formulação de um acordo comercial com o Mercosul. Mas se deparou com autoridades europeias pressionadas a suspender o processo negociador e a falta de interesse por parte dos países do bloco.
Nesta segunda-feira, 4, o presidente argentino desembarcou em Bruxelas para uma série de encontros com as autoridades do bloco europeu, colocando oficialmente fim a um congelamento nas relações estabelecidos por Cristina Kirchner. O argentino fez questão de apontar que seu governo, ao contrário do anterior, quer um acordo de livre-comércio.
A UE ainda tenta absorver o impacto do voto pela saída do Reino Unido e que é alvo de pressões para suspender as negociações com o Mercosul. “A velocidade da integração entre o Mercosul e a UE depende da decisão dos países europeus”, disse.
Num gesto para marcar a reaproximação, Buenos Aires assinou três acordos com a UE, envolvendo intercâmbio de diplomatas, energia e macroeconomia. Além disso, debateram propostas para que os argentinos recebam parte de refugiados sírios hoje na UE e mesmo em operações de paz. Outro ponto do debate foi a participação do Banco de Investimentos Europeu em obras na Argentina, algo que não ocorria há mais de dez anos.
“Estamos tomando passos concretos para estabelecer a cooperação”, disse a chefe da diplomacia europeia, Federica Morgherini. “Essa é a primeira visita em 20 anos e estamos buscando formas de encontrar um caminho adiante”, disse.
Ela destacou o relançamento em maio das negociações com o Mercosul, paralisadas por dez anos e indicou que, em outubro, os diplomatas e técnicos vão se reunir para debater as propostas. Mas ela admite que a troca de ofertas de liberalização que ocorreu em maio é apenas “um passo inicial”, num alerta camuflado de que o Mercosul terá de oferecer maior abertura no setor industrial.
A chanceler argentina, Susana Malcorra, também destacou que ambos os lados terão de “pressionar por um acordo final”. “Sabemos que essa é apenas uma proposta inicial”, disse, também sugerindo que o Mercosul não ficará satisfeito com o que há sobre a mesa em relação à abertura agrícola. “Isso vai nos exigir mais trabalho e investimento”, disse.
Prioridades
Apesar dos discursos positivos, o Mercosul não faz parte das prioridades da UE até o fim do ano, numa agenda que neste ano é estabelecida pelo governo da Eslováquia. O país do Leste Europeu assumiu neste mês a presidência do bloco europeu até 1 de janeiro de 2017. Apesar de a negociação com o Mercosul ter sido relançada no final de maio, o bloco sul-americano não é citado no documento de trabalho dos eslovacos.
As negociações entre os dois blocos foram lançadas em 1999 e, em 2004, foram suspensas por falta de um acordo. Mais de dez anos depois, um entendimento relançou o processo em maio e, hoje, quem se responsabiliza pelo assunto é o departamento de comércio da Comissão Europeia. Ainda assim, a presidência rotativa do bloco tem como função estabelecer as prioridades. Segundo o programa obtido pelo jornal O Estado de S. Paulo, porém, os principais objetivos comerciais não citam o Mercosul.
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