A Renault ainda não fala em números, mas já anunciou que fará um novo ciclo de investimentos no Brasil ainda neste ano. A intenção é dar continuidade aos R$ 3,2 bilhões injetados entre 2014 e 2018, que permitiu à marca subir de 7,1% para 8,7% de participação no mercado brasileiro em quatro anos.
A meta agora é chegar aos 10% da fatia nacional até 2022, justamente o período que envolve o novo aporte financeiro. Caso obtenha êxito, a Renault pode se consolidar como a quarta força da indústria nacional, atrás apenas de Chevrolet, Volkswagen e Fiat.
A montadora já ocupa esse posto em 2019, com 8,8%, mas é seguida de perto por Ford (8,4%) e Toyota (8,3%). Neste ano só perdeu a posição uma vez, em janeiro, para a rival norte-americana.
A definição sobre um novo ciclo de investimento na fábrica de São de José dos Pinhais (PR) estava amarrada ao Rota 2030, novo programa que define as regras para a fabricação dos automóveis produzidos e comercializados no país.
"O Rota 2030 é importante, pois nos fornece um direcionamento para os investimentos. Com as diretrizes definidas podemos ser mais assertivos", ressaltou Ricardo Gondo, presidente da Renault do Brasil.
Segundo ele, a indústria automotiva necessita de um volume elevado de aporte de capital, portanto a definição do regime automotivo era fundamental para a análise do potencial do mercado brasileiro nos próximos anos.
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A Anfavea (associação que reúne as fabricantes de veículos) projeta um crescimento de 11% em relação ao ano passado, cenário também vislumbrado por Gondo, mesmo com a economia brasileira dando sinais de que pode viver um período de recessão em breve, com a queda expressiva da atividade em diversos setores.
"Pensamos sempre no médio e longo prazo. Acredito no potencial de crescimento do mercado de veículos, por isso os investimentos continuarão", observou Gondo durante o evento de apresentação do Kwid Outsider, há uma semana.
No primeiro quadrimestre de 2019, a empresa do losango já emplacou 70,5 mil veículos, o que significa um salto de 18% em relação aos quatro primeiros meses de 2018. Só o subcompacto Kwid foi responsável por 1/3 deste volume ou 24 mil unidades - é o quinto carro mais vendido no país.
A ideia da Renault é anunciar em breve o novo ciclo de investimentos para manter o ritmo de crescimento atual, acima do próprio mercado, que foi de 8,7% de janeiro a abril.
"Para atingir nosso objetivo de 10% de participação até 2022, faremos o lançamento de novos produtos", resumiu o presidente, sem adiantar quais seriam as novidades.
Mas os futuros carros já deixaram de ser segredo. Ainda neste ano, a dupla Sandero e Logan ganhará uma atualização visual e de componentes para mantê-los competitivos até a vinda da nova geração, entre 2021 e 2022, desta vez inspirada no estilo do novo Clio europeu.
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É aguardada ainda a nova geração do Duster, vendida na Europa desde o ano passado, e a chegada de modelos inéditos, como o SUV-cupê Arkana, recém-apresentado na Rússia e que teria produção no Paraná, e a picape Alaskan, que teve a estreia adiada.
"A Alaskan é importante para ampliar a nossa gama de produtos e participará de um segmento extremamente competitivo. Com o cenário atual do mercado na Argentina é difícil prever uma data para iniciar as vendas no Brasil", explicou Gondo. "Ainda é muito cedo para falarmos sobre o Arkana", emendou, sem dar mais detalhes.
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Queda na exportação compensada por mercado interno
Operando em três turnos em São José dos Pinhais e próximo da capacidade máxima de produção, os investimentos futuros poderiam ser direcionados à ampliação da linha de montagem e do quadro de funcionários.
Algo descartado por Gondo, no momento. A capacidade produtiva no Paraná é de 320 mil carros, 60 mil utilitários, 600 mil motores e 500 mil blocos e cabeçotes de alumínio fundidos.
As vendas externas representam de 30% a 40% do que é feito na planta paranaense, tanto de carros quanto de motores. A marca teria diminuído o ritmo de produção com a queda na exportação, principalmente para a Argentina, que absorve uma grande parte desta produção.
A queda dos embarques ao país vizinho chegou a 50% comparado a 2018. "Felizmente, conseguimos compensar essa perda de exportação crescendo no mercado interno", salientou Gondo.
Uma solução para não mexer na estrutura da fábrica paranaense, mesmo com a evolução das vendas da Renault e os novos produtos, seria aproveitar a ociosidade das unidades da Argentina e da Colômbia.
Caso seja necessário, elas poderiam aumentar a produção para abastecer outros mercados latino-americanos, liberando a planta brasileira para concentrar o atendimento ao consumo doméstico.
O Complexo Industrial Ayrton Senna, formado por quatro fábricas, emprega diretamente 7,3 mil pessoas, além de 25 mil que trabalham em fornecedores e prestadores de serviços na região da grande Curitiba. No local são feitos Kwid, Sandero, Logan, Duster e Oroch.
Nissan discute novo ciclo de investimentos
Parceira da Renault no mercado mundial, a Nissan também está disposta a emplacar um novo ciclo de investimentos no Brasil. O novo chefe da Nissan para a América Latina, o argentino Guy Rodrigues, disse que está discutindo com a matriz uma injeção financeira no futuro. Mas o aporte ocorreria só em 2023 ou 2024
Segundo ele, o Brasil é o principal mercado para a Nissan na América Latina. A marca registrou uma alta de 23% na vendas em 2018, comparado ao ano anterior. O Kicks, um dos carros mais vendidos no Brasil, representou quase metade do total licenciado no país pela empresa japonesa.
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Hoje, a Nissan responde por 3,6% da fatia de mercado no Brasil, sendo a 10ª montadora que mais emplaca. O executivo afirmou que a fábrica de Resende (RJ) poderá abrir um terceiro turno em até dois anos, mas que no momento a unidade trabalha de maneira ociosa.
A capacidade de produção é de 150 mil veículos ao ano, porém 106 mil saíram da linha de montagem no ano passado. De qualquer forma, o volume foi recorde para a Nissan em solo nacional.
Sobre os futuros lançamentos, por enquanto apenas as primeiras entregas do elétrico Leaf a partir de julho, e quem sabe a estreia do SUV X-Trail em algum momento de 2020.
No futuro o Kicks irá receber a motorização e-Power para torná-lo ainda mais competitivo. A tecnologia usa o motor a combustão como gerador para o elétrico.
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