O Brasil é o país com o maior número de casos de dengue no mundo em 2024 de acordo com um relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS). O país responde por 83% dos casos suspeitos globalmente, com 6,2 milhões de infecções de um total de 7,6 milhões registrados até 30 de abril.
Dados do Ministério da Saúde mostram que 3,3 mil pessoas morreram no Brasil por conta da doença até a última segunda (3). A incidência chega a 2,7 mil casos por 100 mil habitantes, enquanto um número acima de 300 já indica situação epidêmica, conforme a OMS. A Gazeta do Povo entrou em contato com a pasta para comentar o relatório da entidade e aguarda retorno.
Segundo a OMS, em seguida vem Argentina (420,8 mil casos suspeitos), Paraguai (257,6 mil) e Peru (199,6 mil). O relatório foi publicado no final do mês de maio.
A OMS estabeleceu um sistema global de vigilância da dengue, monitorando a incidência da doença com relatórios mensais. Até o momento, há dados de 103 países, dos quais 28 não relataram casos.
Segundo a OMS, o impacto da dengue é subestimado globalmente devido à falta de diagnóstico e registro da doença em muitos países. A organização classifica a dengue como uma “ameaça global à saúde pública”.
“Dada a escala atual dos surtos de dengue, o potencial risco de mais disseminação internacional e a complexidade dos fatores que impactam a transmissão, o risco global [da dengue] ainda é avaliado como alto e, portanto, a dengue continua sendo uma ameaça global à saúde pública”, afirma o documento.
A maior prevalência do arbovírus ocorre no continente americano, com epidemias a cada três a cinco anos. Em 2024, seis países registraram os quatro sorotipos de dengue circulando simultaneamente: Brasil, Costa Rica, Guatemala, Honduras, México e Panamá.
Este ano já superou 2023 em números, quando foram registrados 4,6 milhões de casos suspeitos, incluindo 2 milhões confirmados. Até o final de abril, houve três vezes mais casos suspeitos em relação ao mesmo período do ano passado, indicando uma “aceleração desse problema de saúde”.
Países do hemisfério norte também relatam um número significativo de casos suspeitos de dengue, mesmo fora do período de alta transmissão, que geralmente ocorre na segunda metade do ano. “O Aedes aegypti, mosquito vetor da dengue, se estabeleceu em todos os países da América, exceto o Canadá, que também não havia registrado casos autóctones de dengue anteriormente”, pontua.
Em abril, o chefe da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), o médico brasileiro Jarbas Barbosa, alertou que os casos de dengue criaram uma “situação de emergência” nas Américas, embora os casos em áreas críticas da Argentina e do Brasil pareçam ter se estabilizado.
A OMS recomenda intervenções de controle de vetores para a prevenção em todas as áreas de risco, como residências, locais de trabalho, escolas e hospitais. As ações incluem a remoção de locais de reprodução de mosquitos, a redução das populações de vetores e a minimização da exposição individual.
A vacinação é vista, ainda, como parte de uma estratégia integrada para controlar a doença, com recomendação do uso de TAK-003, a única vacina disponível, em crianças de 6 a 16 anos em áreas de alta transmissão.
No Brasil, a vacina TAK-003, da empresa japonesa Takeda e conhecida como Qdenga, é aplicada em crianças e adolescentes de 10 a 14 anos. O Ministério da Saúde comprou todo o estoque disponível da vacina no mercado internacional, com 6,5 milhões de doses para 2024 e 9 milhões para 2025.
Devido à capacidade limitada de produção do laboratório, as doses estão sendo entregues em parcelas. Segundo a OMS, Uma nova epidemia de dengue é prevista para o final de 2024 e início de 2025.
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