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O governador Romeu Zema (Novo) terá um papel preponderante para a própria sucessão nas eleições em Minas Gerais. No final do segundo mandato e com alta aprovação dos mineiros, o presidenciável - cotado para a corrida ao Palácio do Planalto - tem cartas que podem moldar a composição da direita para a disputa estadual em 2026.
Os favoritos para sucedê-lo são o senador Cleitinho (Republicanos) e o deputado federal Nikolas Ferreira (PL). Segundo o levantamento do Paraná Pesquisas em abril, os dois parlamentares lideram os cenários estimulados, mas não foram testados juntos, pois dificilmente se enfrentariam como concorrentes por causa da proximidade política. Cleitinho aparece com 39,7% das intenções de voto contra Alexandre Kalil (Republicanos) e Rodrigo Pacheco (PSD). Contra os mesmos, Nikolas vai a 39,4%.
Hoje, Cleitinho está mais propenso a concorrer ao governo de Minas Gerais, ao contrário de Nikolas, que deverá tentar novamente a Câmara dos Deputados — o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, vê o deputado como um bom puxador de votos e não gostaria de abrir mão desse trunfo.
Apesar desse cenário, Zema tem uma preferência pessoal pelo atual vice-governador, Mateus Simões (Novo). “Gostaria muito que ele me sucedesse”, afirmou o governador em entrevista à Gazeta do Povo.
O problema é que o escolhido é pouco conhecido no estado — ele foi vereador em Belo Horizonte por um mandato e na sequência integrou a chapa de Zema para vencer a eleição em 2022. De acordo com o levantamento do instituto Paraná Pesquisas, Simões não passa de 3% das intenções de voto.
Articulações nacionais podem definir candidaturas no estado
Zema já demonstrou disposição para montar uma chapa para disputar a Presidência da República como principal representante da direita em oposição ao governo Lula. O presidente nacional do Novo, Eduardo Ribeiro, reiterou essa possibilidade, principalmente pela indefinicação do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que pode optar pela reeleição estadual, e pela inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que busca reverter o quadro por meio do movimento pela anistia do 8 de janeiro.
Caso busque o Senado ou componha uma chapa presidencial, Zema poderá articular um sucessor de direita em Minas Gerais, que não seja Simões. “Não há um sucessor competitivo próximo a ele [Zema] e vai depender muito de composições que serão feitas com PL e Republicanos para sabermos quem será o candidato em Minas Gerais”, analisa o cientista político e professor do Ibmec de Belo Horizonte, Adriano Cerqueira. “A definição de quem vai ser o candidato vai estar vinculada à chapa presidencial e as definições para o Senado”, ressalta.
O PL de Bolsonaro e de Nikolas Ferreira poderá ser o fiel da balança, mesmo sem estar diretamente na disputa. Hoje, o partido está afastado da base do governador mineiro, votando contrário nas pautas de interesse do governo na Assembleia Legislativa. “Mas é um partido com o qual nós temos afinidade, sim, com quem estamos sempre dialogando e com o qual nós gostaríamos de caminhar juntos em 2026”, afirma Zema.
Esquerda chegará enfraquecida para eleições em Minas Gerais
Se há dúvidas sobre quem será o candidato da direita em Minas Gerais, com várias opções, a esquerda só tem a certeza de que será difícil emplacar um candidato competitivo em 2026, ainda mais em um cenário em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) perde popularidade.
Os dois únicos nomes do PT com alguma possibilidade de angariar votos são das prefeitas de Juiz de Fora, Margarida Salomão (PT), e de Contagem, Marília Campos (PT), mas ambas com alcance reduzido.
Sem força, a esquerda pode optar pelo centro e apoiar o candidato escolhido pelo PSD, seja o senador Rodrigo Pacheco (PSD) ou o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD). Mas diante da possibilidade do PSD desembarcar do governo federal até 2026, o PT pode até ficar sem alianças de peso na corrida pelo governo mineiro.
Independente da posição da esquerda, entre os dois possíveis candidatos do PSD, Oo ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco seria o mais forte, como aponta o Paraná Pesquisas. Mesmo assim, o senador deve ter grande dificuldade de bater o candidato da direita, seja Cleitinho ou Nikolas Ferreira.
“O Pacheco tem um grande problema em Minas Gerais. Ele assumiu um discurso contra o Bolsonaro na questão do 8 de Janeiro e com isso a penetração junto ao eleitorado de direita e parte da centro-direita é limitada”, avalia o professor do Ibmec, Adriano Cerqueira.
Metodologia da pesquisa citada: 1.660 entrevistados pelo Paraná Pesquisas em Minas Gerais entre os dias 26 e 30 de março de 2025. Nível de confiança: 95%. Margem de erro: 2,5 pontos percentuais.
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