Estudo inédito dá números ao lucro do crime organizado com cigarros ilegais no Brasil

Um estudo inédito demonstrou a relação direta entre o mercado ilegal de cigarros, que já movimenta mais de 30% da venda deste produto, e o crime organizado. Segundo o levantamento, R$ 10,2 bilhões são movimentados por ano pela venda do tabaco, o equivalente a 7% do faturamento das facções criminosas.

O estudo é da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e foi encomendado pela Associação Brasileira da Indústria do Fumo (Abifumo). A pesquisa apontou o elo direto entre o comércio ilegal e o fortalecimento do crime organizado. Mais de R$ 7,2 bilhões seriam perdidos em evasão fiscal, sendo R$ 3,9 bilhões em tributos federais (IPI e PIS/Cofins) e R$ 3,3 bilhões em ICMS estadual e municipal.

As operações de comércio ilegal, segundo o estudo, estão associadas a organizações criminosas que exploram seu contrabando e utilizam trabalho irregular ou análogo à escravidão e financiam outras atividades ilícitas, como o tráfico de armas e drogas.

Fabricados no Paraguai

O mercado ilegal de cigarros representa 32% do total comercializado no país, equivalente a cerca de 33,7 bilhões de unidades, movimentando aproximadamente R$ 8,8 bilhões anuais. Desse montante, 24% provêm de contrabando (majoritariamente do Paraguai, com entrada também a partir do Suriname) e 8% de empresas nacionais devedoras contumazes. Os dados são do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEC) de 2024.