As 38 mil indústrias nacionais do ramo de alimentos e bebidas faturaram R$ 1,16 trilhão no último ano, um crescimento de 7,2% na comparação com 2022. O volume financeiro corresponde a 10,8% do produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.
Balanço do setor apresentado pela Associação Brasileira da Indústria de Alimentos e Bebidas (Abia) nesta quinta-feira (22) também apontou que o segmento respondeu por 67% da geração formal dos postos de trabalho na indústria da transformação, com a geração de 70 mil novos empregos. O setor emprega em todo o país quase 2 milhões de trabalhadores.
"O Brasil se consolidou como supermercado do planeta".
Presidente-executivo da Abia, João Dornellas
O presidente-executivo da Abia, João Dornellas, resgata que no ano de 2019 o Brasil foi considerado "celeiro do mundo", enquanto o setor apostava em "supermercado do mundo" porque, além de produzir, o país transforma, agrega valor e exporta com maior valor agregado.
No último ano foram exportadas 82 milhões de toneladas de alimentos, com faturamento de US$ 62 bilhões. "Em 2023 fomos a maior indústria exportadora de alimentos do planeta. Já tínhamos passado por pouco os Estados Unidos em 2022, mas em 2023 veio a consolidação. Ninguém exporta mais [em volume] que o Brasil”, destacou Dornellas.
O país que mais fatura com as exportações no segmento são os Estados Unidos, que registrou US$ 89,3 bilhões em 2023 vindos da comercialização de 54,9 milhões de toneladas de produtos.
Mercado nacional responde por 73% do faturamento do setor
Do valor total faturado ano passado, R$ 851 bilhões (73%) foram provenientes do mercado nacional. As vendas para 190 países resultaram em mais R$ 310 bilhões (US$ 62 bilhões). “Crescemos nos dois segmentos, se vendeu mais no Brasil e no exterior”, avaliou o presidente-executivo da Abia.
A Região Sudeste respondeu pela maior fatia do faturamento, com R$ 441 bilhões, seguida pelo Sul, com R$ 337 bilhões, e pelo Centro-Oeste, com R$ 216 bilhões.
Indústrias têm capacidade ociosa de quase 25%
As indústrias de alimentos e bebidas investiram R$ 35 bilhões em 2023, avanço de 52% na comparação com o ano anterior, segundo a Abia. “Foram fusões, aquisições de novas plantas, tecnologia, inovação, novos produtos, aumento de capacidade e temos como seguir crescendo”, acrescentou Dornellas.
Em 2023, o segmento produziu 270 milhões de toneladas de alimentos, mas as plantas industriais ainda têm cerca de 25% de capacidade ociosa, ou seja, há profissionais, máquinas e matéria-prima disponíveis, apenas à espera de mercados. “Se precisar aumentar produção amanhã, se tiver demanda, a gente consegue sem dificuldades. É muito importante a abertura de novos mercados e novos acordos comerciais”, reforçou o representante da Abia.
Essas indústrias processam 61% de tudo que é produzido pela agropecuária brasileira e é nos outros 39% que o segmento está focado para expandir produção nos próximos anos. Esse percentual não transformado corresponde às commodities, como soja e milho, e à venda de animais vivos.
Setor responde por mais da metade do saldo da balança comercial
Com a venda de US$ 62 bilhões ao mercado externo em 2023, o Brasil respondeu por 18,3% das vendas mundiais do segmento. Quase metade do que o setor vendeu ano passado (43%) teve como destino os países asiáticos, seguidos pela Liga Árabe (16,4%) e pela União Europeia (14,6%).
O setor de alimentos e bebidas respondeu por 55,3% do saldo da balança comercial brasileira. Foram R$ 54,6 bilhões de superávit. O saldo total brasileiro foi de US$ 98,8 bilhões.
“Temos capacidade para crescer sem muito esforço e investimento. Havendo demanda, a indústria pode produzir mais”, considerou Dornellas ao destacar que a cada 10% de crescimento, são 100 mil novos empregos e mais US 3,5 bilhões no saldo positivo da balança comercial.
Dentre as principais exportações realizadas pelas indústrias de alimentos e bebidas estão os produtos de proteína animal (US$ 23,6 bilhões), produtos do açúcar (US$ 16,0 bilhões), farelo de soja e outros (US$ 12,6 bilhões), óleos e gorduras (US$ 3,6 bilhões) e sucos e preparações vegetais (US$ 2,9 bilhões).
Para o ano de 2024 o segmento espera - com a projeção de crescimento do PIB entre 1,8% e 2% - por 2,5% de avanço no faturamento; 1,5% nos empregos e chegar aos US$ 65 bilhões nas exportações. Os olhos se voltam, no momento, para a quebra de safra no Brasil, de pouco mais de 6%, o que pode interferir na oferta de insumos para processamento, como soja e milho.
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