A Polícia Federal cumpre 13 mandados de prisão preventiva e temporária nesta quarta (9) contra um grupo suspeito de movimentar R$ 1,2 bilhão de organizações criminosas de todo o país. A operação Alcaçaria é realizada em nove estados e descobriu que parte do dinheiro era enviada para fora do país através de criptoativos.
Há, ainda, 62 mandados de busca e apreensão sendo cumpridos e o sequestro de bens imóveis e veículos e bloqueio de contas bancárias de pessoas físicas e jurídicas investigadas. A autoridade, no entanto, não divulgou os estados em que a operação está sendo realizada.
“A investigação identificou que ao longo de aproximadamente três anos a organização criminosa realizou depósitos de valores em espécie em contas de empresas de fachada, com sócios 'laranjas', na ordem de pelo menos R$ 1,2 bilhão. Informações do COAF indicaram que os depósitos eram feitos diariamente, em agências bancárias de todo o país”, disse a PF em nota.
Ainda de acordo com a corporação, uma grande quantidade de gado em propriedade rural ligada a um dos líderes de uma organização criminosa – que não teve o nome divulgado – também foi apreendida durante a operação.
A PF informou que parte desse dinheiro era posteriormente convertida em criptoativos e transferida para carteiras no exterior, onde os valores eram convertidos em dólares para o pagamento de fornecedores de drogas e armas.
As investigações mostraram que esses recursos também foram utilizados para a compra de imóveis de luxo em locais como Itapema (SC), além de cobrir despesas como cirurgias de alto custo para estrangeiros em hospitais de São Paulo.
A operação também apura o envolvimento de empresas de fachada e exchanges de criptoativos, que forneceriam ativos virtuais a doleiros. Estes, por sua vez, facilitavam a evasão de divisas e lavagem de dinheiro oriundos de diversos crimes praticados no Brasil, em uma prática conhecida como “cripto-cabo”.
Os investigados são suspeitos de envolvimento em crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, operação de instituição financeira ilegal e uso de documentos falsos.
Simultaneamente, também nesta manhã, foi deflagrada a Operação Privilege no Rio Grande do Sul. As duas operações possuem em comum quatro alvos com mandados de prisão e locais de busca e apreensão. Ao todo, são cumpridos 13 mandados de prisão preventiva e 20 de busca e apreensão em três estados – Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo.
“O esquema de lavagem de dinheiro identificado tem alcance nacional e era operado a partir de São Paulo, utilizando contas bancárias de interpostas pessoas para movimentar recursos ilícitos. Nos últimos cinco anos, foram detectados mais de R$ 770 milhões em depósitos em todo o território brasileiro, conforme Relatórios de Inteligência Financeira”, disse a PF em nota.
A operação foi desencadeada após informações sobre uma organização que recolhia dinheiro em espécie de facções criminosas atuantes no Vale dos Sinos e na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul. Esse dinheiro era posteriormente lavado por meio de depósitos em contas bancárias que faziam parecer que os valores tinham origem lícita.
“Somente no Rio Grande do Sul, foram identificados mais de R$ 73 milhões em movimentações dessa natureza”, apontaram os relatórios da investigação.
Facções criminosas no Vale dos Sinos usavam essa estrutura para lavar o dinheiro proveniente do tráfico de drogas, com coletas semanais de valores que eram transformados em ativos aparentemente legais.
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