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Com a presença de algumas das principais figuras da direita nacional, e com destaque “especial” para a participação da ex-primeira dama Michelle Bolsonaro (PL), o senador Eduardo Girão (Novo) lançou sua pré-candidatura ao governo do estado do Ceará.
No evento, em Fortaleza, Deltan Dallagnol (Novo-PR) se referiu à Michelle e ao governador mineiro Romeu Zema (Novo) como “presidenciáveis presentes”.
Além deles, a solenidade reuniu a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) e vários nomes do Novo e do PL, como o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), os deputados Marcel Van Hattem (Novo-RS), André Fernandes (PL-CE) e Bia Kicis (PL-DF). O senador Magno Malta (PL-ES) participou e discursou via videoconferência.
O ato começou às 9h e contou com convites distribuídos gratuitamente por uma plataforma digital. A organização descreveu o momento como um evento “em defesa da liberdade”, e teve discursos de pressão pela anistia de condenados por envolvimento nos atos de 8 de janeiro.
Presença de Michelle “ofusca” Zema
A presença de Michelle Bolsonaro deu ao lançamento de Girão uma dimensão nacional e, de certa forma, tirou os holofotes do presidenciável e companheiro de partido de Girão, Romeu Zema. A ex-primeira-dama foi recebida aos gritos de “Michelle, Michelle!” e enfatizou a necessidade de união da direita, além de elogiou o senador cearense por sua atuação no Congresso.
Já Romeu Zema, principal liderança do Novo e um dos governadores mais bem avaliados do país, subiu ao palco destacando afinidades com Girão.
O tom geral dos discursos foi de crítica ao governo Lula, de defesa de maior “liberdade para conservadores” no ambiente político e institucional e principalmente foi umaa declaração expressa de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Damares Alves publicou um vídeo no X em que os presentes gritam “Bolsonaro livre”.
Racha na direita cearense? Michelle condena aliança com Ciro
O lançamento da pré-candidatura de Girão também pode ser o prelúdio de um possível racha na direita do Ceará. Embora presente no evento, o deputado André Fernandes, aliado de Jair Bolsonaro, tem se aproximado de Ciro Gomes (PSDB-CE), enxergando no ex-ministro da esquerda uma “grande chance de derrotar o PT aqui no estado." Atualmente, o Ceará é governado por Elmano de Freitas (PT).
A possível aliança com Ciro Gomes, inclusive, foi vista com bons olhos pelo presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, que classificou Ciro como um “fenômeno” na política, com potencial para vencer o PT nas urnas no Ceará.
No evento deste domingo (30), contudo, Michelle condenou a aliança. "Eu adoro o André, eu tenho orgulho de vocês, mas fazer aliança com um homem que é contra o maior líder da direita? Isso não dá", discursou a ex-primeira dama referindo-se à aliança entre André Fernandes e Ciro Gomes.
"A gente quer pacificar, quer ter unidade, mas vê que a pessoa não levanta bandeira branca. Continua falando que família é de ladrão. Compara o presidente Bolsonaro com ladrão de galinha. Não dá", prosseguiu Michelle.
Fernandes rebateu logo em seguida, em entrevista à imprensa. "O meu combinado com o presidente Bolsonaro foi que, se a aliança der errado, tudo bem, pode colocar a culpa em mim. Mas infelizmente a própria esposa do ex-presidente chega aqui, e vem dizer que a gente fez uma movimentação errada. O próprio Bolsonaro, no dia 29 de maio, pediu para a gente ligar para o Ciro Gomes. Logo em seguida, o presidente (do PL) Valdemar também", disse.
"Só que o acordo era é muito ruim para Jair Bolsonaro se aproximar de Ciro Gomes, entao poderia me colocar por que 'o André' aguenta qualquer pancada. A gente tem que fazer o senador no Ceará, e a maioria do Senado no Brasil todo. A gente tem que derrotar o PT no Ceará e precisa de candidatos de peso em todos os estados do Nordeste para apoiar Bolsonaro", concluiu o deputado.
Senador desde 2019, Eduardo Girão se consolidou como uma das vozes mais críticas ao PT e ao governo Lula. É aliado próximo de Romeu Zema dentro do Novo e tem trabalhado para construir uma candidatura de oposição com alcance estadual. Ele é visto como uma chance de romper quase duas décadas de hegemonia petista no Ceará.




