O edifício "A Noite", conhecido como o primeiro arranha-céu da América Latina, vai passar por uma reforma para se tornar um prédio residencial no centro do Rio de Janeiro.
O edifício histórico pertencia à União, foi adquirido pela prefeitura do Rio em março de 2023 e em julho do mesmo ano, repassado à iniciativa privada por meio de um leilão.
A incorporadora paulista Azo Inc, que se chamava QOPP, arrematou o edifício no pregão e deve iniciar as obras neste mês de novembro. O prazo de entrega é de 30 meses, o que deve deixar o edifício "A Noite" pronto em meados de 2027.
Prédio tem importância histórica na cultura brasileira
Inaugurado em 1929 como Edifício Joseph Gire, o prédio de mais de 100 metros de altura ficou conhecido como "A Noite" por ter sido a sede do jornal carioca de mesmo nome. O arranha-céu foi um dos palcos principais da era de ouro do rádio brasileiro graças à Rádio Nacional, instalada em sua estrutura.
O prédio, como sede da rádio, atraía multidões de fãs de grandes artistas da música brasileira nos anos 1940 e 1950. Ícones como Dolores Duran, Francisco Alves e as rivais Emilinha Borba e Marlene reuniam admiradores tanto dentro quanto ao redor do edifício. No 21° andar do prédio ficava o auditório da rádio, com espaço para quase 500 pessoas, onde os artistas faziam suas apresentações.
O prédio histórico recebeu o nome do arquiteto francês que o projetou. Joseph Gire também foi responsável por outras obras icônicas da arquitetura carioca, como os hotéis Glória e Copacabana Palace.
Por décadas, o edifício abrigou servidores de diversos órgãos públicos, mas com o passar dos anos foi sendo gradualmente desocupado. O edifício está fechado oficialmente desde 2012 e deve ganhar vida nova com o projeto de retrofit da Azo.
Edifício vai receber réplica do auditório da Rádio Nacional e "Calçada da Fama"
À Gazeta do Povo, a assessoria da construtora explicou que o projeto de reforma busca enaltecer o passado histórico do Edifício "A Noite". Uma réplica do antigo auditório da Rádio Nacional será criada como forma de homenagem, com palco e auditório, no andar térreo do prédio. Além disso, está prevista a construção de uma “Calçada da Fama”, com os nomes dos artistas que se apresentaram no local gravados em estrelas.
Parte da estrutura, informou a construtora, não poderá ser mantida durante a reforma. É o caso das janelas com suas esquadrias de madeira, que devem ser substituídas por estruturas mais modernas, feitas de alumínio. Como o prédio é tombado, a mudança precisava da anuência do Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan). A autorização veio com a exigência da manutenção da fachada em estilo art déco.
Arranha-céu vai contar com cerca de 450 apartamentos, a maioria com vista para a Baía da Guanabara
Com a reforma, o arranha-céu vai abrigar cerca de 450 apartamentos. Os espaços serão construídos na forma de estúdios, com unidades entre 33 e 44 metros quadrados. Alguns dos apartamentos serão duplex, com 70 metros quadrados de área privativa. Segundo os planos da Azo, três de cada quatro apartamentos terão vista para a Baía da Guanabara.
De acordo com a empresa, os apartamentos no arranha-céu têm como público-alvo casais e pessoas que desejam morar sozinhas. As unidades não contarão com vagas de garagem para carros, apenas bicicletários.
A empresa ainda não divulgou o valor total do investimento nem os preços dos apartamentos, mas a avaliação da Azo é de que o tamanho das unidades deve permitir preços acessíveis. Localizado em frente à Praça Mauá, o edifício contará com um mirante acessível ao público. Do alto, os visitantes terão vistas para pontos icônicos como a Baía de Guanabara, a ponte Rio-Niterói e o Museu do Amanhã.
O acesso ao espaço deverá ser feito por meio de cadastro e pagamento de taxa de reserva, seguindo o modelo de atrações em grandes capitais do mundo. “Em qualquer mirante de capitais internacionais, você precisa fazer um cadastro e reserva prévia. Vamos seguir esse padrão, provavelmente com um aplicativo para agendamento e pagamento da taxa”, detalha a nota enviada pela construtora.
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