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Sul de Minas

A região brasileira que cria o ambiente perfeito para morangos de alta qualidade

Solo fértil, clima ameno, altitude elevada e mão de obra qualificada fazem o sul de Minas ter a fórmula do sucesso para morangos de qualidade.
Solo fértil, clima ameno, altitude elevada e mão de obra qualificada fazem o sul de Minas ter a fórmula do sucesso para morangos de qualidade. (Foto: Luis Claudio Nimtz Rodrigues/Emater)

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A região sul de Minas Gerais lidera a produção brasileira de morangos. E é a cidade de Pouso Alegre que ocupa o primeiro lugar em volume colhido, área plantada e tecnologia de cultivo. Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o município deve colher 52 mil toneladas até o fim do ano.

O número representa alta de 4% frente ao ano anterior, que registrou 50 mil toneladas. O volume equivale a 27% da produção total mineira, em 2.681 hectares cultivados. Além do plantio rasteiro, há uso de técnicas modernas, como o cultivo suspenso, cobertura plástica, gotejamento e condução vertical, que reduzem perdas e ampliam a produtividade.

O produtor Mário Altacir Pereira adota tecnologia semi-hidropônica, em estufas que ocupam meio hectare. “Uma planta nossa produz um quilo de morango por ano. Temos 50 mil mudas em produção. Durante o ano, a gente colhe entre maio e fevereiro, mas é em setembro a maior colheita. Enquanto o quilo está R$ 40 hoje, em setembro, com maior oferta, vai estar em média R$ 10”, calcula ele.

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O clima do sul de Minas, com a proximidade da Serra da Mantiqueira, contribui para a produção e a qualidade das frutas, segundo Antônio Dionício Pereira, diretor-executivo da Cooperativa dos Morangueiros Pantanense (Coompa), do Distrito São José do Pântano, em Pouso Alegre.

"A irrigação por gotejamento faz a diferença. O morango do sul de Minas tem valor agregado pela combinação da seleção de variedades mais produtivas e clima subtropical da região, com temperaturas amenas e boa disponibilidade de luz solar. O resultado são os morangos grandes, saborosos e bem vermelhos", aponta.

Para o produtor Mário Altacir Pereira, outro segredo é renovar as mudas todos os anos. "Um morango de uma planta nova tem mais valor. Vai produzir com maior tamanho, com mais doçura e aparência mais uniforme, de cor forte", explica.

Pouso Alegre deve colher 52 mil toneladas em 2025, segundo a Embrapa.Pouso Alegre deve colher 52 mil toneladas em 2025, segundo a Embrapa. (Foto: Paulo Lanzetta/Embrapa)

A agricultura familiar sustenta 97% da produção em Pouso Alegre. Pequenos produtores usam estufas, irrigação por gotejamento e substratos artificiais. Esses sistemas aumentam o controle sanitário e reduzem a dependência do solo natural.

Além disso, o plantio suspenso facilita a colheita, evita contaminações e permite ciclos mais espaçados. Estufas automatizadas se expandem nos municípios com maior escala, reforçando o uso de tecnologia no campo. "É muito mais prático para a colheita. Imagine ficar o dia todo abaixado. Também reduz as perdas com pragas, com chuvas. É mais caro para implantar, mas muito mais lucrativo ao longo dos anos", considera Mário Altacir Pereira.

A cadeia produtiva do morango emprega cerca de 15 mil pessoas em Pouso Alegre. Desse total, 9,5 mil trabalham diretamente em unidades familiares. O setor sustenta cooperativas, associações locais e pequenas agroindústrias. A região toda — sul de Minas — responde por 90% da produção estadual, de acordo com a Embrapa.

No último ano, a produção ficou distribuída da seguinte forma:

  • Pouso Alegre: 50 mil toneladas.
  • Espírito Santo do Dourado: 39,65 mil toneladas.
  • Bom Repouso: 29 mil toneladas.
  • Estiva: 19,2 mil toneladas.
  • Senador Amaral: 16,5 mil toneladas.

A produtividade média foi em 51,3 mil quilos por hectare em 2024. A projeção para este ano mantém esse índice, com melhoria na qualidade.

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Com perspectiva de alcançar 190 mil toneladas neste ano, Minas Gerais mantém a liderança nacional na produção da fruta desde 2019. A área plantada é de 3,6 mil hectares, mas a produtividade tende a crescer com o uso intensivo de tecnologia.

Em 2024, o estado já ocupou a primeira posição no ranking nacional:

  • Minas Gerais: 184,9 mil toneladas
  • Paraná: 30 mil toneladas em 1.020 hectares
  • Rio Grande do Sul: 25 mil toneladas em 565 hectares
  • São Paulo: 12 mil toneladas em 300 hectares
  • Santa Catarina e Espírito Santo: 500 a 800 toneladas
Produção mineira do morango deve atingir 190 mil toneladas em 2025, em uma área de 3,6 mil hectares.Produção mineira de morango deve atingir 190 mil toneladas em 2025, em uma área de 3,6 mil hectares. (Foto: Francisco Lima/Embrapa)

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