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A região sul de Minas Gerais lidera a produção brasileira de morangos. E é a cidade de Pouso Alegre que ocupa o primeiro lugar em volume colhido, área plantada e tecnologia de cultivo. Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o município deve colher 52 mil toneladas até o fim do ano.
O número representa alta de 4% frente ao ano anterior, que registrou 50 mil toneladas. O volume equivale a 27% da produção total mineira, em 2.681 hectares cultivados. Além do plantio rasteiro, há uso de técnicas modernas, como o cultivo suspenso, cobertura plástica, gotejamento e condução vertical, que reduzem perdas e ampliam a produtividade.
O produtor Mário Altacir Pereira adota tecnologia semi-hidropônica, em estufas que ocupam meio hectare. “Uma planta nossa produz um quilo de morango por ano. Temos 50 mil mudas em produção. Durante o ano, a gente colhe entre maio e fevereiro, mas é em setembro a maior colheita. Enquanto o quilo está R$ 40 hoje, em setembro, com maior oferta, vai estar em média R$ 10”, calcula ele.
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Morango de Pouso Alegre alia sabor, coloração e tamanho
O clima do sul de Minas, com a proximidade da Serra da Mantiqueira, contribui para a produção e a qualidade das frutas, segundo Antônio Dionício Pereira, diretor-executivo da Cooperativa dos Morangueiros Pantanense (Coompa), do Distrito São José do Pântano, em Pouso Alegre.
"A irrigação por gotejamento faz a diferença. O morango do sul de Minas tem valor agregado pela combinação da seleção de variedades mais produtivas e clima subtropical da região, com temperaturas amenas e boa disponibilidade de luz solar. O resultado são os morangos grandes, saborosos e bem vermelhos", aponta.
Para o produtor Mário Altacir Pereira, outro segredo é renovar as mudas todos os anos. "Um morango de uma planta nova tem mais valor. Vai produzir com maior tamanho, com mais doçura e aparência mais uniforme, de cor forte", explica.

A agricultura familiar sustenta 97% da produção em Pouso Alegre. Pequenos produtores usam estufas, irrigação por gotejamento e substratos artificiais. Esses sistemas aumentam o controle sanitário e reduzem a dependência do solo natural.
Além disso, o plantio suspenso facilita a colheita, evita contaminações e permite ciclos mais espaçados. Estufas automatizadas se expandem nos municípios com maior escala, reforçando o uso de tecnologia no campo. "É muito mais prático para a colheita. Imagine ficar o dia todo abaixado. Também reduz as perdas com pragas, com chuvas. É mais caro para implantar, mas muito mais lucrativo ao longo dos anos", considera Mário Altacir Pereira.
A cadeia produtiva do morango emprega cerca de 15 mil pessoas em Pouso Alegre. Desse total, 9,5 mil trabalham diretamente em unidades familiares. O setor sustenta cooperativas, associações locais e pequenas agroindústrias. A região toda — sul de Minas — responde por 90% da produção estadual, de acordo com a Embrapa.
No último ano, a produção ficou distribuída da seguinte forma:
- Pouso Alegre: 50 mil toneladas.
- Espírito Santo do Dourado: 39,65 mil toneladas.
- Bom Repouso: 29 mil toneladas.
- Estiva: 19,2 mil toneladas.
- Senador Amaral: 16,5 mil toneladas.
A produtividade média foi em 51,3 mil quilos por hectare em 2024. A projeção para este ano mantém esse índice, com melhoria na qualidade.
Minas Gerais mantém a liderança no Brasil em 2025
Com perspectiva de alcançar 190 mil toneladas neste ano, Minas Gerais mantém a liderança nacional na produção da fruta desde 2019. A área plantada é de 3,6 mil hectares, mas a produtividade tende a crescer com o uso intensivo de tecnologia.
Em 2024, o estado já ocupou a primeira posição no ranking nacional:
- Minas Gerais: 184,9 mil toneladas
- Paraná: 30 mil toneladas em 1.020 hectares
- Rio Grande do Sul: 25 mil toneladas em 565 hectares
- São Paulo: 12 mil toneladas em 300 hectares
- Santa Catarina e Espírito Santo: 500 a 800 toneladas

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