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Júri considerou que morte de ex-tesoureiro do PT teve motivação política em 2022
Júri considerou que morte de ex-tesoureiro do PT teve motivação política em 2022| Foto: Divulgação/Assistência de Acusação

O ex-policial penal Jorge Guaranho, acusado pela morte do guarda municipal e ex-tesoureiro do PT Marcelo Arruda, foi condenado por homicídio duplamente qualificado, por motivo fútil, associado à violência política, e perigo comum, nesta quinta-feira (13), no Tribunal do Júri em Curitiba.

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Conforme a sentença proferida no início da tarde pela juíza Mychelle Pacheco Cintra Stadler, Jorge Guaranho foi condenado a 20 anos de prisão em regime fechado. O tempo de cumprimento de prisão preventiva será descontado, no entanto, Guaranho volta imediatamente para a cadeia com a revogação da prisão domiciliar. Ele deixou o Tribunal do Júri sob escolta policial, enquanto os familiares e amigos de Arruda comemoravam o veredito.

Em nota à imprensa, a equipe de advogados liderados por Samir Mattar Assad declarou que recebeu "com respeito, mas com discordância" a sentença que condenou Guaranho e adiantou que deve recorrer da decisão. "Ressaltamos que seguiremos firmes na defesa de seus direitos e na luta para provar sua inocência, adotando todas as medidas cabíveis para garantir a correta aplicação da Justiça", afirma.

De acordo com as testemunhas de acusação, o ex-policial penal teria gritado o nome do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante as discussões que resultaram na troca de tiros, que culminou na morte de Arruda em 2022.

Na chegada ao Tribunal do Júri, Jorge Guaranho atendeu a imprensa e afirmou que não chegou atirando na festa de aniversário de 50 anos do petista, mas que Arruda teria atirado pedras e apontado a arma antes dele. “Era eu ou ele naquele momento. Jamais teve motivação política, foi uma fatalidade. Isso ficou muito claro, as imagens são nítidas”, declarou. 

O terceiro dia de julgamento foi retomado nesta quinta-feira com a fase de debate entre acusação e defesa. As promotoras do Ministério Público do Paraná (MP-PR) Roberta Franco Massa e Ticiane Louise Santana Pereira foram responsáveis pela sustentação oral do lado da acusação e lembraram que os deputados da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) aprovaram a data de 9 de julho como o Dia Estadual de Luta contra a Intolerância Política e de Promoção da Tolerância Democrática. O crime aconteceu nessa data em 2022 na cidade de Foz do Iguaçu (PR) durante a festa de aniversário de Arruda com decoração do PT e imagens do então candidato a presidente Lula.

A promotoria refutou a versão do réu, que afirma que retornou ao local do aniversário por causa da porção de terra atirada por Arruda no carro de Guaranho, que teria atingido o filho do ex-policial penal. As representantes do MP ressaltaram que o próprio réu considerou que foi “uma idiotice” ir até o local da festa durante o interrogatório no segundo dia do julgamento. 

“O réu tem treinamento, ele escolheu voltar. Ele não escolheu pensar no bebê e na esposa. Ele escolheu guardar essas pessoas em outro lugar, ele escolheu voltar armado com uma arma da corporação. Ele escolheu apontar, ele escolheu todas as condições que hoje deve arcar”, acusou as promotoras de Justiça.

A promotoria ainda comparou a situação do réu e da vítima e frisou que Jorge Guaranho, mesmo condenado, poderá acompanhar o crescimento do filho. A sustentação oral do MP-PR foi encerrada com um vídeo com fotos de Marcelo Arruda ao lado da família e amigos. O vídeo tinha como trilha sonora a música de Milton Nascimento “Canção da América”.

O advogado Ércio Quaresma lembrou que a Justiça concedeu o desaforamento pedido pela defesa e transferiu o júri popular de Foz do Iguaçu para Curitiba com o objetivo de possibilitar um julgamento imparcial por causa da repercussão do caso na fronteira do estado.

Ele ressaltou o argumento da defesa de legítima defesa em contraponto ao Ministério Público, que defendeu que o réu agiu por motivação política, quando teria gritado “aqui é Bolsonaro”. “É o típico momento de legítima defesa para ambos. Não tinha o que fazer. É matar ou morrer”, disse durante a sustentação oral.

Quaresma se dirigiu ao réu e disse que ele fez uma “imbecilidade” e que Guaranho “carrega as chagas dessa estupidez” ao se referir às sequelas dos tiros que atingiram o ex-policial penal. Além disso, o advogado cobrou que o MP-PR trabalhe da mesma forma para punir os agressores que chutaram o réu no chão após ele ter sido baleado na troca de tiros dentro do salão de festas.

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