O relatório final da Pesquisa CNT de Rodovias 2024 aponta uma leve diminuição nos chamados pontos críticos das estradas brasileiras. A queda foi de 7,6% em comparação com 2023, com a pesquisa mais recente identificando 2.446 ocorrências de maior risco e vulnerabilidade para os usuários das vias, podendo causar acidentes e danos aos veículos e às cargas.
Os pontos críticos estão distribuídos nos mais de 111,8 mil km de rodovias brasileiras abrangidas pela pesquisa. Entre essas estradas está a BR-226, onde uma ponte caiu no último domingo (22) na divisa entre os estados de Tocantins e Maranhão. A via aparece na lista da CNT com 53 pontos críticos identificados, mas não há referência sobre a estrutura que colapsou deixando mortos e feridos.
A CNT classifica os pontos críticos em seis grandes categorias: quedas de barreira, ponte caída, ponte estreita, erosão na pista, buraco grande e outros. Dentro dessa classificação, a confederação faz algumas ressalvas como forma de balizar o trabalho da pesquisa.
Pontes estreitas, por exemplo, são aquelas em que só passa um veículo por vez. Buracos grandes, por sua vez, são aqueles cujas dimensões são maiores que o tamanho de um pneu, o que obriga o motorista a sair da faixa de rolamento. Além disso, estes casos só são considerados como críticos quando o asfalto da rodovia não está tomado por deformações ou erosões.
CNT: 70% das ocorrências críticas são de buracos grandes
A cada 10 ocorrências, sete são relacionadas a buracos grandes em rodovias, com 71,5% dos registros. Em seguida aparecem as erosões na faixa de rolamento (14,6%), as quedas de barreiras (8,3%), as pontes estreitas (2,8%), seguidas pelas pontes caídas e por outras condições avaliadas como críticas pelos pesquisadores (3%).
De modo geral, o Nordeste do Brasil concentra a maior quantidade de pontos críticos, segundo a pesquisa. A região concentra 41,6% dos registros, seguida pelo Norte (28,7%) e pelo Sudeste (19%). Sul e Centro-Oeste são as regiões menos afetadas por pontos críticos, com 9,4% e 1,3% de ocorrências, respectivamente.
Quando se observam os estados brasileiros de forma isolada, Minas Gerais lidera o ranking dos pontos críticos, com 13,8% das ocorrências. Foram 338 registros no estado, a maioria provocada por buracos (123 casos) e erosões na pista (111 casos). Na outra ponta da tabela aparece Rondônia, com três ocorrências, Mato Grosso, com dois registros, e o Distrito Federal, com um único caso: uma ponte caída na rodovia DF-180, sobre o Córrego Melchior.
Rodovias sob concessão têm menos pontos críticos que as geridas pelo poder público
Assim como em outros critérios da pesquisa, as rodovias concessionadas tiveram um resultado melhor do que aquelas geridas pelo poder público neste quesito. Dos mais de 2,4 mil registros de pontos críticos, 2.356 foram em rodovias públicas e apenas 90 naquelas sob concessão.
Nos dois casos os cenários são bastante distintos. Entre as rodovias mantidas pela União e estados, quase 90% dos registros de pontos críticos se concentram em problemas na via, como buracos e erosões na pista. Essas situações também aparecem entre os pontos críticos nas estradas sob concessão, mas a maior parte dos casos identificados pela pesquisa da CNT foram as quedas de barreira, com quase 40% do total de registros.
A confederação destaca, no relatório final da pesquisa, que a identificação destes pontos é essencial para alertar os motoristas de modo a ajudar na redução de velocidade e na manutenção de uma distância segura das ocorrências. Este tipo de controle deve ser feito com sinalizadores temporários, como cones ou barreiras móveis, para que todos os condutores adotem uma postura de direção defensiva no trânsito por esses locais.
Pontos críticos em rodovias não têm obras, nem sinalização
A sinalização, considerada essencial pela pesquisa CNT para alertar e orientar os motoristas, não existia em 83,2% dos pontos identificados no levantamento. Em outros 13%, a sinalização foi considerada deficiente. Menos de 4% dos pontos críticos contavam com uma sinalização adequada.
Um dos resultados mais preocupantes, do ponto de vista do estudo, é que em 97,3% desses registros não havia movimentação de pessoal ou registro de obras de reparo ou manutenção. “A qualidade da infraestrutura rodoviária só melhora quando há um aumento no aporte de recursos investidos. Porém, como o passivo decorrente de anos de baixos investimentos é muito grande e a depreciação das rodovias ocorre de forma dinâmica, é preciso ampliar a escala das intervenções para que os seus resultados possam ser percebidos mais rapidamente e convertidos em mais qualidade para os usuários das vias”, destaca o relatório.
Veja quais são as cinco estradas com mais pontos críticos segundo a Pesquisa CNT de Rodovias
BR-174
- 264 ocorrências
- Gestão: pública em 100% do trecho
- Predomínio de buracos grandes: 242 registros
- Sem obras em 98,5% dos registros
- Sem sinalização em 92,8% dos registros
BR-020
- 89 ocorrências
- Gestão: pública em 100% do trecho
- Predomínio de buracos grandes: 80 registros
- Sem obras em todos os registros
- Sem sinalização em todos os registros
BR-116
- 74 ocorrências
- Gestão compartilhada, sendo 89,2% pública
- Predomínio de buracos: 44 registros, todos na área fora de concessão
- Sem obras em 91,9% dos registros
- Sem sinalização em 68,9% dos registros
BR-364
- 71 ocorrências
- Gestão: pública em 100% do trecho
- Predomínio de erosões na pista: 60 registros
- Sem obras em 98,6% dos registros
- Com sinalização deficiente em 76,1% dos registros
MA-006
- 69 ocorrências
- Gestão: pública em 100% do trecho
- Predomínio de buracos grandes: 64 registros
- Sem obras em todos os registros
- Sem sinalização em 97,1% dos registros
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