Will Smith foi um dos astros que boicotaram a cerimônia do Oscar, em protesto contra a ausência de profissionais negros entre os indicados nas principais categorias. Certamente pesou na decisão do ator ele não ter sido lembrado por seu trabalho em “Um Homem entre Gigantes”, filme pelo qual concorreu ao Globo de Ouro.
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Frustração ampliada pelo fato de “Um Homem entre Gigantes” ser daquelas produções moldadas para agradar o paladar dos votantes da Academia. Conta a história real de perseverança e superação de um homem que se lança contra o “sistema”, temperada por um tema muito ligado à cultura dos EUA: a paixão pelo futebol americano.
Smith encarna Bennet Omalu, médico nigeriano que, em 2002, trabalhando como patologista forense em Pittsburgh (estado da Pensilvânia), realizou a autópsia de Mike Webster, ex-craque do time do Pittsburgh Steelers, que morreu aos 50 anos.
Omalu identificou no cérebro de Webster um tipo de lesão que repetiu-se em outros ex-jogadores que morreram na sequência. Ao reunir evidências científicas que associam as mortes à prática do esporte, bateu de frente com a NFL, a poderosa liga que administra o futebol americano.
Com direção de Peter Landesman, “Um Homem entre Gigantes” patina em um roteiro frouxo. Temas como o preconceito que Omalu enfrenta por ser estrangeiro, apesar de sua reconhecida competência, e o drama dos jogadores manipulados por dirigentes e médicos são tratados em um plano superficial, equilibrados com o açucarado romance do médico com uma refugiada queniana.
Smith cumpre com eficiência a caracterização de Omalu, incorporando o sotaque estrangeiro sem cair na caricatura. Mas não alcança o estofo dramatúrgico visto em trabalhos como “Ali” (2001) e “À Procura da Felicidade” (2006), que valeram indicações ao Oscar. Talvez pudesse ter ficado com a vaga de Matt Damon entre os concorrentes de 2016. Mas a ausência forçada da festa, que Smith transformou em ato político, está longe de ser uma injustiça.
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