Solidão. Segundo definição do dicionário Michaelis, “condição, estado de quem está desacompanhado ou só”. Para os artistas, em especial na música e na literatura, uma palavra carregada de tristeza, associada geralmente à frustração. Às pessoas em geral, sinônimo de medo e apreensão. Quantas pessoas conhecemos que já expressaram o temor de terminar a vida sozinhos, sem ninguém ao lado para dividir experiências, compartilhar responsabilidades ou apenas se divertir?
“Chegamos a um momento cultural em que temos pavor de algo que não podemos de maneira segura – ou saudável – evitar. A solidão pode acontecer a qualquer um: todos corremos esse risco”, diz a britânica Sara Maitland no livro Como Ficar Sozinho. Com a experiência de quem já foi casada, teve filhos, mas hoje vive apenas consigo mesma em uma comunidade rural no interior da Inglaterra, Sara busca desmistificar o caráter negativo da solidão. E mostra que ela pode, sim, ser agradável e produtiva.
Por meio de exemplos históricos, a autora explica de forma resumida como nossa sociedade se tornou prioritariamente coletiva, a ponto de encarar os solitários como tristes, loucos ou maus. E como alguns paradigmas foram sendo criados a ponto de instalar na maioria das pessoas o medo de ficarem sozinhas. “Acredito que nosso medo da solidão é real e muitas vezes incapacitante”, reconhece Sara, para acrescentar: “Não acho que fugir dessa realidade seja algo eficaz, protetor ou socialmente útil”.
A proposta de Como Ficar Sozinho é justamente deixar de lado a postura de fugir, encarando o desafio de viver sozinho. Não como um eremita, isolado de tudo e de todos, mas de forma tranquila, usando os momentos a sós para crescimento pessoal. O caminho pode ser mais fácil do que se imagina. Atitudes simples, como realizar caminhadas, contemplar a natureza e explorar momentos de devaneio podem fazer a diferença.
Sara Maitland. Tradução de Diogo Henriques. Objetiva, 132 pp., R$ 26,90.
De uma forma didática e bem-humorada, Sara incentiva o leitor a se aventurar em seu próprio mundo, longe das conversas incessantes, das multidões e do alvoroço das redes sociais.
Mesmo que não seja seu intuito (e, com certeza, não é o meu) passar o resto dos dias cozinhando apenas a própria refeição ou vendo tevê sem ter com quem comentar, pode ser recompensador desfrutar algumas horas de solidão. Os benefícios? Mais criatividade, consciência e liberdade.
“A maioria de nós sonha em fazer alguma coisa para a qual nunca fomos capazes de encontrar companhia. E a resposta é na verdade bem simples: faça isso na companhia de si mesmo”, diz Maitland.
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