Raul Cortez deixou saudade como Rei Lear, Antônio Fagundes não fez feio ao lado de Vera Fischer como Macbeth e o saudoso Sérgio Cardoso deixou a medicina para virar ator depois do grande sucesso de sua versão estudantil de Hamlet. Mas, hoje, quem seria o maior shakespeariano brasileiro?
Os candidatos são muitos, mas o ator Gustavo Gasparani, do grupo Clowns de Shakespeare, e o diretor Gabriel Vilella se destacam.
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Leia a matéria completaGasparani surpreendeu em 2006 com um musical que escreveu e em que atuou baseado em Otelo. Ele ambientou a peça, porém, no Morro da Mangueira, e a musicou com sambas de época. A guerra de italianos contra turcos de Otelo da Mangueira se torna um embate pela vitória no carnaval, cujas armas são cuícas e surdos de marcação.
“Gasparani apresenta uma fotografia da alma de Otelo extraída, magnificamente, de diferentes fontes, oferecendo-nos uma excelente oportunidade para observarmos como bons resultados podem ser alcançados a partir do dialogismo textual e intergênero”, afirma a professora Célia Arns de Miranda, autora de uma pesquisa sobre essa adaptação.
Em 2014, o ator e autor aplicou sua criatividade a contar a história de Ricardo III como numa aula, em que divide o papel de vários personagens com elementos cênicos como canetas marcadores.
Resgate do popular
O grupo Galpão, de Belo Horizonte, deu uma bola dentro em 1992 ao chamar Gabriel Villela para dirigi-los em uma versão abrasileirada de Romeu e Julieta. A peça, que veio ao Festival de Curitiba em seus primeiros anos, surpreendeu o mundo do teatro pelo apuro estético. “Ele conseguiu resgatar a essência do teatro popular usando a brasilidade”, avalia a professora shakespeariana Liana Leão. O trabalho já foi apresentado duas vezes no Globe, teatro de Londres que recria o espaço do qual Shakespeare foi sócio no século 17.
Em 2011, Villela dirigiu o grupo do Rio Grande do Norte Clowns de Shakespeare em Sua Incelença Ricardo III, trazendo para a tragédia sanguinária elementos cômicos, como retratar os sobrinhos assassinados na Torre usando dois cocos verdes cujos canudinhos são estrangulados.
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Leia a matéria completaNa sequência, Villela escalou Claudio Fontana e Marcelo Anthony para viver Macbeth e sua Lady, emprestando novamente sua estética chamada “barroca”, rica em detalhes e exageros belíssimos.
No ano passado, Villela estreou sua versão da última peça do bardo, A Tempestade, também com elementos da cultura popular e clima de comédia. O artista tem sido elogiado por imprimir uma estética própria às versões que cria.
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