Curitiba comemora 331 anos em 2024. Para celebrar, Gazeta do Povo, A.Yoshii e Elo Empresas apresentam uma série de conteúdos que destacam por que a capital paranaense é a cidade mais inteligente do mundo. Conheça iniciativas que fazem da sustentabilidade ambiental a marca de Curitiba.
Durante os anos 1990, Curitiba ficou conhecida nacional e internacionalmente como a Capital Ecológica. Com dezenas de parques e muitas áreas verdes, a cidade também era pioneira na coleta seletiva de lixo e tinha uma campanha incrivelmente marcante para falar do assunto. O jingle "lixo que não é lixo" sobreviveu na lembrança dos curitibanos por muitos anos.
Mas esse reconhecimento se deu na época do aniversário dos 300 anos de Curitiba. Agora, na época dos 331, será que Curitiba ainda mantém seu status de Capital Ecológica?
Os mais saudosistas talvez respondessem, sem pestanejar, que a Curitiba do século passado era muito melhor e mais sustentável. Porém, um olhar mais atento às iniciativas do poder público e aos projetos da iniciativa privada nesse sentido, como os promovidos pelo Grupo RAC que detalharemos mais abaixo no texto, dizem o contrário. A capital paranaense não deixou de investir em sustentabilidade ambiental e continua sendo um ótimo exemplo para o mundo inteiro nesse aspecto.
Série de Conteúdos 331 Anos: entenda por que Curitiba é a cidade mais inteligente do mundo.
A sustentabilidade ambiental e os exemplos de Curitiba
Antes de avaliar as ações de Curitiba na área, é interessante refletir sobre o que significa ser uma cidade sustentável. A sustentabilidade pressupõe um equilíbrio entre desenvolvimento econômico e a preservação da natureza e das pessoas que vivem nele. Muitas pessoas não sabem, mas a sustentabilidade vai além do aspecto ambiental e se preocupa com as questões sociais e de governança corporativa.
Dito isso, é claro que a sustentabilidade ambiental tem um papel indispensável para que os outros pilares se mantenham. E nesse sentido, Curitiba continua desenvolvendo várias ações que mantém seu posto de referência no cuidado com os recursos naturais.
Para começar, a capital paranaense continua sendo líder nacional em reciclagem de resíduos, reaproveitando 22% de todo o lixo que produz. Para manter — e, quem sabe, melhorar esses indicadores — a Prefeitura até reviveu a inesquecível Família Folha. Desde 2022, o SE-PA-RE voltou a marcar presença nos espaços publicitários da cidade.
Ainda no assunto reciclagem, a cidade trabalha em outras ações importantes, como o Câmbio Verde. O projeto mantém 103 pontos de troca pela cidade, onde qualquer cidadão consegue trocar materiais recicláveis (papel, papelão, vidro, metal e até óleo) por frutas e verduras. Todo mês, cerca de 290 toneladas de lixo que não é lixo e 3,5 mil litros de óleo recebem o destino correto com o Câmbio Verde — que também ajuda por comida na mesa dos curitibanos.
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Além disso, Curitiba continua sendo uma cidade bastante verde — no sentido mais literal da palavra, com grande presença da natureza. São quase cinquenta parques e bosques, entre outros espaços com árvores e gramados. Ao todo, a cidade oferece cerca de 60 m2 de áreas verdes para cada habitante, cinco vezes o mínimo recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e uma das maiores taxas do país.
Essa é uma tradição curitibana que tem raízes no Passeio Público, inaugurado ainda no tempo do Império, mas ganha força com o planejamento urbano dos anos 1970.
O Parque Barigui é o pioneiro entre os grandes parques da cidade. Inaugurado em 1972, sua área é oriunda da desapropriação de terrenos particulares pelo então prefeito Jaime Lerner. A partir disso, seguiram-se diversas obras importantes — como o Parque São Lourenço, também dos anos 1970, o Bosque do Papa, criado como homenagem à visita de João Paulo II em 1980, e o Jardim Botânico, inaugurado em 1991, que se tornou o cartão-postal da cidade.
O poder público também continua plantando árvores em meio à selva de pedra da capital. O projeto de plantio de árvores começou em setembro de 2019 e, de acordo com a Prefeitura, plantou 450 mil mudas até o fim de 2023 e pretende chegar a 500 mil árvores até junho de 2024.
A Capital Ecológica no século XXI
Com as mudanças climáticas cada vez mais presentes no nosso cotidiano e todos os recordes de temperatura sendo constantemente superados, as ações que destacaram Curitiba há 30 ou 40 anos talvez não pareçam suficientes. Por isso, a capital também busca evoluir na questão da sustentabilidade.
Para começar, Curitiba já faz parte do C-40 — um grupo que reúne as cidades que são líderes mundiais no combate às mudanças climáticas. A meta, até 2050, é alcançar a neutralidade na emissão de carbono na atmosfera.
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Para isso, afirma a Secretária de Meio-Ambiente Marilza Dias, "são apontadas soluções como aumento do uso da energia renovável, redução da parcela orgânica de resíduos em aterros sanitários e dos deslocamentos por automóveis na cidade."
O Aterro da Caximba, por exemplo, foi desativado em 2010. E 13 anos depois, no aniversário de 330 anos de Curitiba, foi transformado na Pirâmide Solar. Totalmente coberto de painéis fotovoltaicos, o antigo aterro sanitário agora gera energia limpa e renovável — e permite economizar energia de fontes mais poluentes. Em seus primeiros seis meses, a Pirâmide Solar gerou mais de dois mil MWh, que foram direcionados à rede da Copel e abatidos da conta de luz do município. Financeiramente, a economia foi de R$ 1,17 milhão para os cofres públicos.
O Bairro Novo da Caximba
Também na região da Caximba, extremo-sul da capital, existe o projeto de uma comunidade inteligente e sustentável: o Bairro Novo da Caximba. Cerca de 1.700 famílias estão deixando de morar em palafitas irregulares para morar em novas casas, num bairro planejado.
Cada casa tem 50 m2, contando com 2 quartos, sala, cozinha, banheiro e lavanderia. E como não poderia deixar de ser elas também têm energia solar e reservatório para captação e reuso da água da chuva. Além disso, a Prefeitura diz estar usando "soluções construtivas inovadoras e sustentáveis" nas casas. Boa parte das casas já ficaram prontas entre 2022 e 2023.
Além das moradias, o Bairro Novo da Caximba também receberá um parque linear, uma rede de água e esgoto, além da infraestrutura de iluminação pública em LED, novinha em folha.
Eletromobilidade e mobilidade ativa
Quando o assunto é sustentabilidade ambiental, os carros à combustão soam mais antiquados que os Fuscas (e as calças bocas-de-sino) dos anos 1970, de quando o Parque Barigui foi inaugurado. A moda agora é a mobilidade ativa (a pé ou de bicicleta) e, quando os veículos são necessários, eles devem ser elétricos.
Nesse ponto, Curitiba já adotou a eletromobilidade em parte da frota da Guarda Municipal e de táxis. Além disso, já existem planos para a adoção de ônibus 100% elétricos, que devem chegar ainda em 2024. Os híbridos, que mesclam um motor elétrico com outro à combustão, já rodam em algumas linhas da capital desde a década passada.
No Novo Inter 2, em especial, os ônibus elétricos serão acompanhados por estações-tubo que geram energia solar e permitem integração com outros modais de transporte (como bicicletas, patinetes, táxis e carros de aplicativo).
Quanto à mobilidade ativa, a Prefeitura prometeu recuperar 100 km de calçadas, com verbas de R$ 9,5 milhões em obras de revitalização até o fim de 2024. Já a malha cicloviária totaliza 280 km, entre ciclovias, ciclofaixas e vias compartilhadas. A meta é chegar nos 400 km até o final de 2025.
O papel da iniciativa privada para a sustentabilidade em Curitiba
Mas ainda que a Prefeitura invista nesses projetos, é preciso que os curitibanos e as empresas locais colaborem. Nesse contexto, felizmente, temos ótimos exemplos de empresas que colocam a sustentabilidade como prioridade em seu trabalho, como o Grupo RAC.
Segundo Júlia Basso, coordenadora de Sustentabilidade Corporativa do Grupo RAC, todos os projetos buscam contribuir de maneira genuína à sociedade, com a preocupação ambiental no centro dos negócios. A engenheira conta que essa busca começou há alguns anos na empresa, com a convicção de que esse investimento seria visto como uma demonstração de competência em trazer soluções de impacto positivo para o mercado.
“Nossa jornada de descarbonização busca formar uma cadeia produtiva sustentável, com mais eficiência, menos desperdício e mais valorização de clientes e parceiros que também abraçam essa causa”, afirma a executiva.
Para viabilizar esses projetos, a RAC Engenharia procura constantemente implementar novas tecnologias e processos sustentáveis — de modo a contribuir com a descarbonização na construção civil. Além disso, o treinamento da equipe foi essencial, promovendo uma mudança coletiva de mentalidade e consciência, segundo Júlia.
Nesse contexto, a empresa também aplica técnicas conhecidas de sustentabilidade ambiental, como o uso inteligente dos recursos hídricos, eficiência energética e uso de energias renováveis, gerenciamento dos resíduos da construção, com programas de logística reversa, mapeamento das emissões de gases de efeito estufa de suas atividades, entre outras.
Os projetos de alta performance são realizados pela BPRO, empresa do grupo que adota a metodologia BIM (Building Information Modeling) nas suas atividades, com dados e informações acessados e compartilhados com precisão e agilidade. Uma plataforma desenvolvida internamente permite que o cliente acompanhe todo o processo de desenvolvimento de projetos, dos resultados da obra até o desempenho da operação. Pela tela do computador, são acompanhadas obras em andamento de qualquer lugar do mundo.
O resultado desses esforços é reconhecido nas diversas construções do Grupo RAC certificadas com selos de bom desempenho ambiental, como o primeiro hospital a receber a certificação LEED for Healthcare no Brasil, um laboratório cuja construção desviou mais de 90% dos resíduos dos aterros sanitários, e o primeiro multirresidencial carbono zero do Brasil.
Com tudo isso, a empresa não quer apenas reduzir o impacto de suas atividades, mas também colaborar para que seus clientes atuem de forma mais sustentável.
“Nós queremos contribuir para que nossos clientes, fornecedores e parceiros também se engajem nesse desafio”, conta Júlia. Para isso, a empresa elaborou um estudo técnico sobre os impactos ambientais dos edifícios. O objetivo da investigação é embasar as decisões de nossos clientes e equipes, apresentando análises de redução de emissão de gases de efeito estufa.
Um trabalho colaborativo
Para o Grupo RAC, a sustentabilidade só é possível quando a empresa trabalha junto a todos os stakeholders, como fornecedores, clientes, instituições de ensino, organizações da sociedade civil e comunidades. “Para gerar um impacto positivo significativo, precisamos transcender nossos próprios interesses”, afirma Júlia Basso.
Um exemplo disso é a parceria entre a incorporadora do grupo — HIEX — com a ALTMA, a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e a Vila Torres. Além do lançamento do primeiro empreendimento de residências para estudantes de Curitiba, que será erguido em frente ao campus, a parceria compreende uma série de atividades educacionais durante a construção.
Os alunos terão a oportunidade de participar de hackathons e aulas de campo no canteiro de obras, por exemplo. A iniciativa também inclui duas estações de apoio a refeições para os estudantes, além da doação de recursos para a construção da sede da Associação Vila Torres, comunidade apoiada pela Universidade.
“Antes mesmo do início da construção, transformamos o terreno em uma praça temporária, uma gentileza urbana para a comunidade”, complementa Júlia.
O reitor da PUCPR, Irmão Rogério Renato Matteucci, destaca a importância da parceria como uma criação de pontes com a comunidade, transformando o espaço da construção em sala de aula.
A próxima fronteira desse espírito colaborativo envolve as parcerias com o poder público. Constituída em 2022, a RAC Infra é responsável pelos serviços de infraestrutura e saneamento do Grupo RAC.
Um projeto que exemplifica esse intuito é a ETE Atuba Sul, que recebe esgoto de mais de 800 mil pessoas. Nela, o lodo passa por um sistema de secagem térmica inovador que reduz 90% de seu volume, que iria para aterro sanitário. Esse processo sustentável usa o próprio biogás da estação, além da própria biomassa gerada na secagem.
Assim, o Grupo RAC fortalece seu propósito de construir lugares que mudam o mundo! A atuação e operação nos setores hospitalar, laboratorial, industrial, residencial, de infraestrutura e corporativos, desafiam a olhar para a cidade com a visão de transformar os espaços em prol de negócios regenerativos. Chegando ao fim do artigo, é possível perceber uma mudança de paradigma no cenário da sustentabilidade ambiental em Curitiba.
Se nos anos 1990 eram somente as iniciativas da Prefeitura que traziam o título de Capital Ecológica para Curitiba, agora também temos empresas, instituições de ensino e organizações da sociedade civil engajadas nessa causa. Com inúmeras iniciativas públicas e privadas, além de parcerias entre as diferentes esferas, a capital paranaense atualiza seu compromisso com a sustentabilidade — e com as futuras gerações de curitibanos.
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