Sempre de olho em um futuro mais sustentável, o Paraná está investindo na fonte de energia mais promissora da atualidade: o hidrogênio renovável. O elemento é a principal chave para a descarbonização da economia e o incentivo à sua produção, pesquisa e desenvolvimento são diretrizes seguidas pela Companhia de Energia do Paraná (Copel), seguindo o planejamento estratégico Visão 2030.
A Companhia tem um histórico de inovação em soluções sustentáveis e a iniciativa de hidrogênio renovável é uma das mais ambiciosas até o momento. O hidrogênio é uma fonte de energia sem emissão de carbono ou outros poluentes atmosféricos, que pode ser usada para eletricidade, aquecimento, combustível de veículos e, principalmente, como matéria-prima para processos industriais. É o mais leve dos gases e também um dos elementos mais abundantes no universo, porém difícil de ser encontrado livre na natureza – na maior parte das vezes, o hidrogênio se encontra ligado a outros elementos, como o oxigênio e o carbono.
Atualmente, o processo de obtenção do hidrogênio é feito principalmente de duas maneiras: a partir de reforma catalítica a vapor do gás natural e a partir da gaseificação de carvão mineral (ambas com altas emissões de carbono no processo). Outra forma de obtenção do hidrogênio é a partir do processo de eletrólise da água (separação do oxigênio do hidrogênio).
O resultado será chamado de hidrogênio renovável se ele for obtido a partir da reforma catalítica de biogás, biometano, etanol ou outras biomassas ou se o processo de eletrólise da água utilizar fontes renováveis e limpas de eletricidade, tais como eólica, solar e hídrica. O modo de obtenção desse gás com menor pegada ecológica é o que países do mundo todo estão pesquisando – menos de 1% da produção global de hidrogênio atualmente é hidrogênio renovável.
Comprometido em se manter na vanguarda ambiental mundial, o Paraná articula e mantém frentes de trabalho para atuar no incentivo de produção de hidrogênio renovável em todas as vias possíveis, seja por eletrólise, seja por reforma do biogás ou etanol.
Conheça mais sobre cada uma das frentes de trabalho da Copel:
Produção de hidrogênio a partir do esgoto
Em parceria com a Companhia de Saneamento do Paraná - Sanepar, a Copel receberá R$ 6,2 milhões do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Finep) para um projeto que contempla, entre outros estudos, a construção de uma planta piloto que produzirá hidrogênio renovável a partir do biogás advindo do tratamento de esgoto. O início do projeto está previsto para o primeiro semestre de 2023.
Além do recurso da Finep, ambas as instituições irão investir, como contrapartida, R$ 3 milhões cada neste projeto, o que resulta em R$ 12 milhões para a pesquisa e desenvolvimento. Será testada em escala piloto a reforma catalítica a seco do biogás. Neste processo, o biogás é transformado, inicialmente, em gás de síntese e convertido em hidrogênio. Este hidrogênio será usado, entre outras finalidades, como insumo de uma célula combustível que irá gerar energia elétrica e abastecerá um carregador de veículos elétricos.
Investimento em pesquisa e desenvolvimento
Em 2023, a Copel destinou R$ 7,6 milhões para projetos de hidrogênio renovável, e recebeu 71 propostas de instituições de ensino e pesquisa, instituições de ciência e tecnologia, empresas e startups de todo o Brasil. O projeto está em fase final de seleção e deve investir em até quatro proponentes, que terão no máximo dois anos para executar suas propostas.
Por determinação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), as distribuidoras e geradoras de energia de todo o Brasil devem investir anualmente 1% de sua receita operacional líquida em projetos de desenvolvimento e pesquisa em eficiência energética.
Em 2019, um projeto da cidade de Entre Rios do Oeste foi beneficiado com um aporte da Copel. Foi construída uma rede de coleta que leva o biogás de fazendas do município até a termelétrica local. Lá, a combustão do biogás produz energia elétrica, usada para compensar o gasto de energia dos prédios públicos. A termelétrica movida a biogás é uma das formas de diminuir a emissão de carbono na geração de energia elétrica.
Investimento em inovação aberta
Em 2023, a Copel lançou a segunda edição do Copel Volt, o seu programa de inovação aberta, que este ano inclui entre os desafios a produção de hidrogênio renovável. Foram recebidas mais de 300 inscrições de startups de mais de 60 países. Cinco propostas foram selecionadas para serem testadas. Uma delas é da empresa Solenium, que trabalha com hidrogênio renovável a partir de eletrólise.
As provas de conceito começaram em abril e devem se estender até final de agosto. Ao investir em inovação aberta, é sabido que nem todas as propostas, sejam elas tecnologias ou processos, conseguem ser viabilizadas conforme o planejamento. Por outro lado, é apenas dessa forma que se validam ideias inovadoras que podem remodelar todo o setor.
Parceria ou sociedade para produção e fornecimento de hidrogênio
Baseado no seu planejamento estratégico, a Copel também pretende atuar fornecendo energia elétrica para produtores de hidrogênio renovável ou ainda ser uma parceira efetiva na produção e fornecimento do gás.
Estado agrícola, oportunidade única
O Paraná, por ser um estado majoritariamente agrícola, tem uma realidade única no mundo, que permite que o hidrogênio renovável seja produzido também a partir de matéria orgânica (ou seja, rica em carbono), fechando um ciclo de aproveitamento de biomassas ou dejetos produzidos por animais.
É o conceito de economia circular em sua perfeita aplicação. A biomassa e o biogás resultantes da agricultura e pecuária podem ser usadas para a produção de hidrogênio, metanol ou amônia renováveis. Metanol é insumo para biodiesel e amônia é base para ureia e fertilizantes nitrogenados, produtos fundamentais para a agricultura do Paraná.