No início do ano, o mercado livre de energia, em que o consumidor pode escolher sua comercializadora e reduzir custos, foi liberado para empresas de pequeno e médio porte, desde que ligadas à alta tensão. Até então, o modelo era restrito às companhias com demanda superior a 500 quilowats (KW), que, geralmente, são indústrias ou grandes empreendimentos.
Esta flexibilização tem atraído cada vez mais empresários, pois, enquanto no mercado cativo o consumidor tem contrato longo e atrelado à inflação, no mercado livre pode-se escolher a comercializadora ou geradora de energia, o que reduz a conta de luz em até 30%.
A expectativa é de, ao menos, mais 100 mil novas empresas de porte pequeno a médio entrarem no mercado livre. A migração, porém, traz muitas dúvidas quanto ao seu funcionamento. Para esclarecer estes questionamentos, o Paraná S/A, da Gazeta do Povo, realizou com a Electra o debate “Cenários econômicos e oportunidades no mercado livre de energia elétrica”, na sede do jornal, em Curitiba.
“Esse tema é necessário para toda a sociedade. A perspectiva é que a próxima crise mundial seja energética”, destacou o professor e colunista da Gazeta do Povo, José Pio Martins.
Ele observa que haverá aumento do consumo de energia com o crescimento da população previsto para os próximos anos, e o mercado livre fomenta a geração de energia uma vez que limita o monopólio do setor.
Rodrigo Ferreira, presidente-executivo da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel), explicou que os consumidores classificados como grupo A - esta informação consta na conta de luz - podem migrar para o mercado livre independentemente do consumo ou demanda contratada. Porém, aqueles cuja demanda é menor que 500 kW devem migrar obrigatoriamente por meio de um comercializador varejista.
A mudança é contratual e não é necessário fazer obras, pois os postes e fios usados continuam a ser da distribuidora local (como Copel, Light e Enel). O que altera, diz, é que o consumidor passa a ter poder de escolha de quem vai gerar e comercializar sua energia.
Isso inclui contratos mais breves, de até mesmo um ou dois anos, previsão de reajuste e negociação mais favorável, uma vez que como são mais de 500 comercializadoras, a concorrência entre elas é maior, o que favorece o consumidor.
Segundo Ferreira, enquanto a tarifa residencial aumentou 70% acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), os preços do mercado livre ficaram 9% abaixo da inflação entre 2014 e 2022.
“No mercado livre, o consumidor pode gerenciar por conta própria o insumo de energia elétrica. Isso dá a ele melhor negociação, gestão, preço e previsibilidade. O mais difícil é escolher qual comercializadora”, defende Ferreira.
Camila Staben, diretora financeira da Vidrolar, compartilhou que há oito anos a companhia optou pela comercializadora Electra para comprar energia. Desde então, a empresa paranaense que atende às indústrias moveleira, de refrigeração, mobiliário urbano (tubos de ônibus), entre outros, consegue uma redução anual na conta de luz de cerca de 20%.
“Tivemos uma economia de quase R$ 4 milhões nesses oito anos, o que nos permitiu expandir, investir dentro da empresa e melhorar nossa competitividade, pois tivemos a possibilidade de melhorar o preço ao cliente”, relatou Camila no encontro em Curitiba.
Um detalhe que atraiu a Vidrolar, conta ela, é que no mercado livre o consumidor pode escolher a matriz de sua energia. Em geral, a preferência é pelas renováveis, que são importantes para o processo de ESG das empresas.
Quando comprar ou fechar o contrato foi uma das dúvidas levantadas no debate. Franklin Miguel, presidente da Electra, recomenda que os clientes comprem com antecedência – a Vidrolar, por exemplo, tem contratos a cada dois anos. Além disso, o consumidor deve informar a distribuidora da sua decisão de migrar, no mínimo, 6 meses antes.