Segundo a Organização Mundial da Saúde, o Brasil lidera o ranking global de ansiedade, afetando cerca de 9,3% da população. O dado ajuda a entender por que sintomas silenciosos têm se tornado parte do cotidiano sem que percebamos.
Quando a ansiedade não grita ela sussurra
A ansiedade moderna não é, necessariamente, uma crise de pânico ou um coração acelerado. Ela aparece de forma silenciosa, sempre misturada ao ritmo acelerado da rotina:
- irritação que surge “do nada”
- cansaço mental que não melhora com o sono
- procrastinação constante
- esquecimento frequente
- dificuldade de concentração
- alterações sutis no sono
Justamente por serem sintomas comuns, muita gente vive anos convivendo com sinais de ansiedade sem reconhecer. Um exemplo simples: Marina, 32 anos, não tem crises, mas vive irritada, cansada e com o sono fragmentado. Acredita que é “só correria”. Na verdade, são sintomas clássicos da ansiedade oculta.
Identifique os sinais que parecem estresse, mas são ansiedade
A grande armadilha da ansiedade silenciosa é que ela imita perfeitamente o estresse comum. De acordo com o psicólogo, a chave é observar a duração e o impacto na rotina. O estresse pontual se dissolve quando o problema passa. A ansiedade oculta permanece mesmo quando “está tudo bem”.
A irritação constante, sem motivo claro, é um exemplo disso: muitas vezes, é o corpo tentando liberar tensão acumulada.
Renan Gallo, psicólogo
A procrastinação crônica também pode ser uma resposta ao medo e à sobrecarga mental. Da mesma forma, a fadiga cognitiva aquela sensação de cabeça “pesada” indica uma mente que não consegue processar tanta preocupação silenciosa. Até o sono denuncia: acordar várias vezes ou levantar já cansado é um sinal de que o sistema nervoso não está conseguindo desligar.
Entenda por que a ansiedade aparece mesmo quando tudo parece bem
Vivemos em um ritmo que exige produtividade constante, disponibilidade imediata e comparação social permanente.
Segundo o profissional, mesmo quando não há um grande problema, existe um conjunto de microestressores invisíveis que desgastam a saúde emocional:
- pressão por performance
- excesso de estímulos digitais
- sobrecarga de expectativas
- dificuldade em estabelecer limites
- ausência de momentos de ócio real
A mente ansiosa não precisa de um perigo concreto para sofrer.
Ela antecipa cenários negativos a chamada ruminação e mantém o corpo em estado de alerta contínuo.
Essa combinação é o terreno perfeito para o início da ansiedade oculta e, em muitos casos, do burnout.
Adote estratégias práticas para acalmar a mente diariamente
A ansiedade não grita, ela sussurra."
Por que a irritação constante, o cansaço mental que não melhora com o sono e a procrastinação crônica são os novos sinais da ansiedade oculta?
O psicólogo Renan Gallo (atuante em ansiedade, estresse e saúde emocional) explica a grande armadilha da ansiedade silenciosa: ela imita o estresse comum, mas permanece mesmo quando "tudo parece bem".
Leia a entrevista e descubra como diferenciar os sintomas, parar a ruminação e sair do estado de alerta contínuo.
JORNALISTA GAZETA DO POVO: Como diferenciar estresse normal de ansiedade que já exige atenção?
Psicólogo: A diferença está no tempo e na interferência na vida. O estresse é pontual. A ansiedade oculta é persistente, sem gatilho claro, e começa a comprometer o trabalho, o sono, o prazer e os relacionamentos. Se os sintomas se tornam regra — e não exceção — é hora de buscar ajuda.
JORNALISTA GAZETA DO POVO: Qual o primeiro passo para quem percebe irritação e procrastinação como sinais de ansiedade?
Psicólogo: O primeiro passo é reconhecer sem culpa: “Não é preguiça, é sobrecarga”. Depois, aplicar a regra das pausas de 15 minutos: longe de telas, respirando profundamente ou fazendo uma atividade manual simples. Isso reduz a ruminação e regula o sistema nervoso.
JORNALISTA GAZETA DO POVO: Como o “não” ajuda a reduzir a ansiedade?
Psicólogo: A ansiedade muitas vezes nasce da sensação de perda de controle. Aprender a dizer “não” a demandas extras ou expectativas irreais é um ato de autocuidado. É comunicar ao corpo que ele está seguro e que suas necessidades importam.
JORNALISTA GAZETA DO POVO: Qual o papel das conexões sociais?
Psicólogo: A ansiedade tende a isolar. Mas conexões verdadeiras — onde podemos ser vulneráveis — têm efeito terapêutico. Não são conversas superficiais; são vínculos que acolhem sem julgar.
Ansiedade oculta: quando buscar ajuda e onde encontrar apoio
Se você se identificou com esses sinais, lembre-se: você não precisa enfrentar isso sozinho(a).
A terapia é um espaço seguro para entender esses padrões, reduzir a sobrecarga e recuperar o equilíbrio emocional.
Para acompanhar conteúdos sobre ansiedade, saúde emocional e estratégias de autocuidado, acesse:
renangallo.com

