Sua carreira começa no final dos anos 60, virando a sensação dos talk shows americanos. Os números originais de humor geram o convite para participar de um novo projeto, que mais tarde seria conhecido mundialmente como Saturday Night Live. Pouco depois, pinta a oportunidade de estrear no cinema. A obra é nada mais nada menos do que Taxi Driver – Motorista de Táxi, de Martin Scorsese. Na década de 80, intercalando atuações com direções de filmes cultuados, vem uma indicação ao Oscar como Ator Coadjuvante. Entra para o universo das animações fazendo diversas vozes em Os Simpsons e acaba sendo chamado para dublar Marlin, o protagonista de Procurando Nemo. Quem não gostaria de ter tido essa trajetória?
David Letterman, talvez o talk show host mais popular de todos os tempos, gostaria. Ele afirma isso em Albert Brooks – Rindo da Vida, documentário que está desde o fim de 2023 no catálogo do Max (antigo HBO Max). O filme de Rob Reiner (Conta Comigo, Harry e Sally – Feitos um para o Outro, Questão de Honra) repassa a incrível carreira de seu amigo Albert Brooks. Diretor e homenageado papeiam num restaurante enquanto cenas de performances são recuperadas e uma legião de ícones da comédia surgem apontando as qualidades do hoje veterano de 76 anos. A declaração de Letterman, de que gostaria de trocar sua carreira pela de Brooks, é dada nos momentos conclusivos do doc, quando qualquer espectador já está certo de que faria o mesmo.
No Brasil, Brooks não é tão conhecido. Mas o cartel de gênios que dá depoimento no filme confirma sua importância: Chris Rock, Larry David, Ben Stiller, Jonah Hill, Conan O’Brien, Sarah Silverman, Anthony Jeselnik... Até Steven Spielberg está no time que baba pela originalidade dos trabalhos do cara. Quando o assunto vira os filmes que ele dirigiu a partir do final dos anos 70, aparecem fãs tão distintos quanto Alana Haim, jovem integrante da banda HAIM e protagonista de Licorice Pizza, e o astrofísico Neil deGrasse Tyson, que é doido por uma passagem de Um Visto para o Céu (1991), com Meryl Streep.
Parceria com Larry David
Brooks teve dois grandes destaques em tempos mais recentes, um no cinema e outro no mundo das séries. No cinema, seu papel com o vilão no thriller Drive (2011) quase ofuscou Ryan Gosling e Carey Mulligan, que lideraram o elenco. Tanto que houve um papo forte de que a performance renderia uma indicação ao Oscar. Seria a chance de ganhar a estatueta que não veio quando ele ficou entre os cinco finalistas por Nos Bastidores da Notícia (1987). Mas não rolou.
Na primeira temporada pós-Covid de Segura a Onda (Curb Your Enthusiasm), a série de humor de Larry David, Albert Brooks teve um grande momento vivendo a si mesmo. Ele convence todos os amigos a participarem de um “funeral em vida”. Em vez de desperdiçar os discursos repletos de elogios dentro do caixão, Brooks organiza a cerimônia em sua casa e fica dentro do quarto vendo pela TV a transmissão de seu funeral. O cúmulo do narcisismo caminha bem até Larry David abrir uma porta errada e revelar que o amigo muito vivo estoca toda sorte de artigos relacionados à pandemia, de álcool em gel a injeções contra a gripe, o que revolta os presentes e põe fim ao bizarro tributo.
Rindo da Vida também conta muito da vida pessoal do artista. Ele admirava o pai profundamente, que também era comediante (usava o nome artístico Parkyakarkus), e teve de lidar com uma certa inveja da mãe, que abdicou da carreira de cantora para cuidar da família. Boa pinta, Brooks teve muitas mulheres, incluindo a cantora Linda Ronstadt. Mas, em 1997, ele sossegou e se casou com Kimberly, com quem teve dois filhos.
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