Depois de sua versão aborrecidíssima de The Dark Side of The Moon lançada no ano passado, Roger Waters tem se reduzido cada vez mais a um estorvo na imensa história da banda Pink Floyd. Isso foi confirmado pelas cenas em que ele “conversou sozinho”, como um homem louco, durante entrevista com o jornalista Piers Morgan no começo de julho. Felizmente, quando a conversa é sobre música e arte, o mundo ainda tem o guitarrista David Gilmour para honrar o legado do Floyd. O músico de 78 anos começa a divulgar seu promissor novo disco Luck and Stange, que tem previsão de chegar às plataformas de streaming na primeira sexta-feira de setembro.
Até o momento, Gilmour soltou duas faixas, The Piper’s Call e Between Two Points. As duas diferem de clássicos de sua banda, como Wish You Were Here ou Comfortably Numb, mas reforçam a capacidade do guitarrista de voz doce para fazer belas canções sem repetir truques manjados. Elas também são um sopro de esperança para fãs de sua carreira solo, dormente desde que o britânico leiloou a maioria de seus instrumentos em 2019 e parou de fazer turnês mundiais.
Em entrevista para a revista americana Rolling Stone, ele contou que a inspiração para as novas músicas veio de suas lives durante pandemia, quando cantou e tocou ao lado dos filhos. “Isso nos levou a uma sensação de libertação do passado, ao qual eu me sentia obrigado a seguir, e me fez perceber que eu poderia descartar essas regras para criar o que quisesse”, disse Gilmour.
Parceria com a esposa
A presença da família de David Gilmour já se revela um dos elementos mais importantes de Luck and Stange. Há mais de 30 anos, sua mulher, a escritora Polly Samson, tem se responsabilizado pela autoria das letras de suas canções. Foi ela quem cuidou dos versos no álbum The Division Bell, gravado pelo Pink Floyd em 1994. A esposa é a letrista da maioria das novas faixas de Gilmour, que discutem o significado da vida. “O disco é escrito do ponto de vista de estar mais velho; a mortalidade é a constante”, explicou Polly à Rolling Stone.
Outra presença importante é a de Romany, filha do casal. Ela ajuda na parte musical, tocando harpa e cantando na faixa Between Two Points. “Percebi que Romany tem exatamente o tipo certo de vulnerabilidade e juventude para essa música”, babou o pai ao falar da participação especial. Gilmour também incluiu os filhos Gabriel e Charlie no trabalho. Eles contribuem com vocal de apoio e letra, respectivamente.
Luck and Stange ainda conta com uma composição inédita de Richard Wright, tecladista do Pink Floyd, que morreu em 2008. O piano foi extraído da gravação de um ensaio da dupla apenas um ano antes do falecimento de Wright.
Além das duas já lançadas, outras sete músicas inéditas estarão no disco. Nenhuma prévia delas foi divulgada, mas não é difícil de se imaginar que terão belas melodias e solos memoráveis de guitarra, uma especialidade de David Gilmour desde os anos 1970. Portanto, a grande expectativa é plenamente justificada. Mesmo que Luck and Stange não entre para o cânone floydiano, será muito melhor do que qualquer coisa vinda de Waters nas últimas décadas.
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