Você já se deu conta de que todo mês de dezembro John Lennon sempre volta a ser falado? Isso não acontece apenas porque Happy Xmas (War Is Over) começa a tocar loucamente em sua versão original ou nas discutíveis covers (Então é Nataaal...). O oitavo dia deste mês marca o aniversário da trágica morte do fundador dos Beatles. Em 1980, o britânico foi assassinado por Mark Chapman, um homem que se dizia fã, mas provou-se um verdadeiro lunático, ceifando a vida do músico com cinco disparos e depois permanecendo na cena do crime, lendo uma cópia do livro Um Apanhador no Campo de Centeio, de J.D. Salinger. Seja pelo fato de ser um Beatle ou pelas circunstâncias bizarras por trás do acontecido, o assunto rende até hoje e, neste ano, virou a minissérie John Lennon: Assassinato sem Julgamento, recém-lançada pelo Apple TV+.
Com três episódios narrados por Kiefer Sutherland, o eterno agente Jack Bauer da série 24 Horas, a produção tem início com cenas da comoção pública pela morte de Lennon e avisa: o caso nunca foi a julgamento, pois Chapman mudou de ideia em cima da hora e se declarou culpado. Muitos fatos importantes nunca foram estabelecidos, aspecto que fez com que inúmeras teorias da conspiração surgissem – principalmente após ser revelado que o FBI possuía arquivos apontando o Beatle como “uma ameaça política”.
Para contar a história, com foco na mente torta do assassino, foram entrevistadas diversas testemunhas oculares que nunca haviam se pronunciado publicamente sobre o caso. Um dos depoimentos mais marcantes vem de Jay Hastings, concierge no edifício Dakota (onde Lennon morava e foi assassinado). É ele quem revela as últimas palavras de Lennon – vale dizer que não foi nenhuma bela mensagem sobre união, mas, sim, dizeres comuns em uma triste situação como essa.
A frieza de Chapman
Outros personagens incluem policiais, enfermeiras, taxistas, amigos próximos e a última jornalista a entrevistá-lo, horas antes dos disparos de Chapman. O bom trabalho do documentário em sua montagem é revelado justamente no papo com ela, resgatando não só fotografias do momento, mas o áudio da entrevista, que revela um Lennon animado em deixar os anos 1970 para trás e inaugurar uma nova fase nos 1980.
A produção também consegue transmitir muito bem todos os sentimentos adequados para seus momentos-chave. Há cenas de fãs chorando para retratar a enorme comoção com o assassinato, relatos de detetives indignados com a aparente falta de motivo por trás do crime, e a inevitável reação de Paul McCartney, horas depois de ficar sabendo da morte do ex-parceiro de composições. Esse momento, particularmente, ilustra como a imprensa pode ser sem noção quando lida com a morte de um astro; o pobre Macca ainda estava assimilando tudo e já era questionado “se estaria presente no funeral”.
Vale notar que os três episódios poderiam ter sido condensados em um longa-metragem, mas a separação é boa para dar um respiro ao espectador. A frieza de Chapman é um fator incrivelmente irritante, mesmo 43 anos após o ocorrido. Outro aspecto que justifica a divisão episódica é o fato de cada capítulo focar em uma diferente etapa. O primeiro é dedicado exclusivamente ao último dia de Lennon, o segundo traz a investigação e, por fim, aborda-se a preparação do assassino para o julgamento.
Nem tudo é novidade, especialmente para fãs ávidos que possam ter tido contato com o caso por livros ou até outros documentários. Porém, por sua completude nos depoimentos e compilação de gravações e imagens, John Lennon: Assassinato sem Julgamento deverá ser eternizada como a produção referencial sobre a tragédia.
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