Encontrar uma história coerente sobre as principais ideias do comunismo pode ser uma tarefa árdua. No terreno do audiovisual isso é ainda mais raro. Os poucos produtos que existem à disposição atualmente no Brasil, como os documentários Eu sou Cuba e O Fim do Sonho Americano, são enviesados e fazem uma defesa da ideologia. Incomodado com isso, Lucas Ferrugem, cofundador da Brasil Paralelo, teve há dois anos a ideia de produzir uma série que tentasse se manter neutra sobre o assunto. O resultado chega agora, no formato de uma minissérie de seis episódios com um nome bastante simples e direto: História do Comunismo.
Disponível tanto no streaming da empresa quanto no YouTube (lá serão lançados apenas os três primeiros episódios, até o dia 28 de março), o seriado visita oito países importantes para a trajetória de ascensão do sistema ideológico, como Cuba, Estados Unidos, China, Rússia, República Checa, Hungria, Polônia e Inglaterra. Durante essas viagens, a equipe da BP teve acesso a documentos históricos e conseguiu entrevistas inéditas com os intelectuais Theodore Dalrymple, Simon Montefiore, Anthony Saich e Vladimir Tismaneahu. Cada um possui uma opinião diferente e tenta expor seu pensamento sem muitos julgamentos sobre a ideia desenvolvida por Karl Marx em 1848, o que ajuda a trazer um panorama mais histórico do que crítico – embora o depoimento de uma figura como Dalrymple seja nitidamente ácido e quebre um pouco da neutralidade pretendida.
De toda forma, o primeiro episódio, intitulado “O Marxismo de Marx”, já impressiona mesmo quem está acostumado com as produções da Brasil Paralelo. Visualmente, mostra um domínio muito maior do meio, apelando para recursos como encenações históricas e animações digitais. A série tem a estética de algo que poderia constar no catálogo da Netflix, a exemplo do sucesso Como se Tornar um Tirano.
Lenin, Stalin, Castro e Mao
A abordagem mais teórica e educacional deste capítulo, que esbarra até em questões filosóficas como a dialética de Hegel, ajuda o espectador a entender as bases do comunismo sem ficar com raiva. Mas isso começa a mudar conforme a História do Comunismo vai avançando para além de Marx e passa a abordar figuras tirânicas como Lenin, Josef Stalin, Fidel Castro e Mao Tsé-Tung. Com os fatos à mesa, fica difícil defender esses homens que usaram do comunismo para sustentar seus reinados de poder e terror.
“Realmente, estou muito orgulhoso e acredito que a Brasil Paralelo cumpre a proposta que foi feita quando começamos essa produção: entregamos o nosso melhor”, disse Ferrugem durante uma exibição do primeiro episódio para a imprensa em São Paulo, no dia 12. Mesmo que quisesse vender seu peixe na ocasião, o cofundador da empresa não estava errado em dizer isso. A aposta alta, um investimento de mais de um milhão de reais do próprio bolso, resultou no melhor produto já feito por aquele streaming até hoje. Resta aguardar e observar se isso trará o retorno esperado.
Independentemente dos resultados desejados pela BP, quem assistir ao seriado estará munido de argumentos e contra-argumentos para a próxima vez que for discutir o comunismo. Só por fornecer essas ferramentas para seus assinantes, a companhia já pode se orgulhar do dinheiro e do esforço dedicados a esse importante lançamento.
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