Conhecida como “rainha do crime”, a escritora britânica Agatha Christie (1890-1976) é sempre a referência quando se trata de investigação criminal e suspense. Autora de 83 livros (em vida), ela criou uma fórmula de sucesso para prender a atenção do leitor até o fim. Suas histórias, no geral, acompanhavam pessoas que se encontravam em um evento e acabavam envoltas num mistério para descobrir quem era o assassino da ocasião. É um “feijão com arroz” desse tipo que o espectador encontra no mais novo sucesso da Netflix, a minissérie O Casal Perfeito, baseada num romance de 2018 da americana Elin Hilderbrand.
Com Nicole Kidman, Liev Schreiber, Eve Hewson (filha de Bono, cantor do U2) e Dakota Fanning nos papéis principais, o lançamento oferta o mesmo tipo de suspense desenvolvido por Agatha, adicionando elementos dos nossos tempos modernos. Uma grande família se encontra em sua casa de praia para celebrar o casamento de Amelia e Benji. O que era sonho vira pesadelo quando uma das madrinhas é encontrada morta na praia no dia da festança.
Aí entra em cena uma dupla de policiais para investigar o caso, colhendo depoimentos das figuras excêntricas da família. Nicole vive Greer Winbury, uma famosa autora de livros de crime e mãe do noivo. Já Schreiber faz o pai bon-vivant Tag, que atrai a atenção de todas as mulheres. Há também espaço para outros clichês do gênero, como a governanta com sotaque e um chefe de polícia embasbacado pela riqueza de todos.
Aflora então o lado perverso de cada um dos familiares e amigos convidados para a celebração do casal. Há casos extraconjugais, pessoas viciadas em drogas e, como não poderia faltar, muita gente mentindo sobre seu paradeiro na noite do crime. Felizmente, nenhum deles sai glorificado em O Casal Perfeito.
Despudorados sem anglicismos
Nessa toada formulaica, os seis episódios se desenvolvem com um número exagerado de suspeitos. Mas é isso que ajuda a segurar a revelação do assassino para o episódio final – o desfecho, embora apressado, satisfaz o fã menos exigente de suspenses televisivos.
A falta de sutileza em alguns momentos incomoda. Além do próprio assassinato, uma das passagens importantes do primeiro capítulo se dá quando Greer fica sabendo que seu marido comprou uma pulseira feminina sem seu conhecimento. A descoberta da dona da joia é muito rápida, indicando cedo que Tag pode ter realizado alguma ação que levou todos à tragédia.
Depois de algum tempo, também começa a irritar a inexistência de pudores em alguns dos personagens, caso do filho encrenqueiro Thomas. Devotos de Agatha Christie sentirão falta da polidez daqueles seus personagens tipicamente britânicos. Mas a autora aqui é americana.
Os que já assistiram aos melhores suspenses da atualidade, como The White Lotus, Entre Facas e Segredos ou até a versão mais recente de Assassinato no Expresso do Oriente (um grande clássico de Agatha), vão achar O Casal Perfeito básico demais. Por outro lado, quem liga a tevê com o intuito único de encontrar algo para passar o tempo, terá nesse hit da Netflix um entretenimento aceitável.
- O Casal Perfeito
- 2024
- Seis episódios
- Indicado para maiores de 14 anos
- Disponível na Netflix
Conanda prepara norma que incentiva aborto em crianças vítimas de estupro
Regime de Maduro publica foto de Lula em tom de ameaça: “quem mexe com a Venezuela se dá mal”
Quem pagará a aposentadoria dos superidosos brasileiros?
Sleeping Giants e instituto de Felipe Neto são beneficiados por dinheiro do governo americano
Deixe sua opinião