A lista de filmes agraciados com pelo menos uma indicação ao Oscar é vasta (conforme você pode conferir aqui). E, como o leitor deve estar mais careca do que a estatueta dourada de saber, nem tudo que a Academia seleciona para a disputa final – marcada para o próximo domingo, 10 – merece nossa atenção. Há muitos abacaxis, muitas obras medíocres e muitas indicações que só chegaram lá por questões comerciais ou para satisfazer minorias que xingam muito no X quando não se sentem representadas.
Mas existem também os filmaços. Não tem uma edição do Oscar em que eles não estejam lá. Às vezes, concorrendo em menos categorias do que deveriam; quase sempre, saindo da cerimônia de mãos abanando ou com apenas um mísero prêmio de Melhor Roteiro de consolação.
Aqui na Gazeta do Povo, pelo segundo ano consecutivo, soltamos uma lista com cinco filmes que estão na corrida do Oscar e merecem a sua torcida. São grandes obras artísticas, fadadas a resistirem ao tempo, professando valores ou levantando debates importantes para a nossa sociedade.
Por acaso, os longas da nossa lista são de lugares e gêneros diferentes: um romance coreano-canadense, uma comédia afetuosa americana, um suspense de tribunal francês, uma reconstrução de uma tragédia histórica com olhar espanhol e um tocante documentário chileno. Todos eles possuem qualidades de sobra para emocionar quem vai ao cinema em busca de uma experiência extraordinária.
Vidas Passadas
(Concorre a Melhor Filme e Roteiro Original)
Celine Song, que nunca havia dirigido um filme, estreou com esse romance sublime, baseado parcialmente em sua história pessoal de imigrante que deixou a Coreia do Sul em direção ao Canadá. Ela narra a jornada de Nora e Hae Sung, que são muito colados no início da adolescência e se separam justamente porque Nora segue com sua família para a América do Norte. Incapaz de esquecer aquele encantamento juvenil, Hae Sung procura Nora em dois momentos distintos, sempre especulando sobre o que teria acontecido com eles caso não houvesse o afastamento geográfico. Sempre que o rapaz surge, Nora imediatamente volta a se conectar com suas raízes coreanas e a questionar sua essência. É uma abordagem delicada sobre o amor mais puro e sobre nossos ninhos, tanto o original quanto os que podem surgir ao longo de nossas vidas.
Onde assistir: em cartaz nos cinemas
Os Rejeitados
(Concorre a Melhor Filme, Ator, Atriz Coadjuvante, Roteiro Original e Montagem)
Quem amou Sideways – Entre Umas e Outras, que completa 20 anos em 2024, tinha alta expectativa pelo reencontro do diretor Alexander Payne com o ator Paul Giamatti. E a dupla não decepcionou em Os Rejeitados, uma comédia dramática que se passa quase toda num colégio interno nos anos 70, com fotografia e cores que remetem àquela década. Nessa viagem no tempo, conhecemos o professor Paul Huham (Giamatti), um solitário convicto, que não possui vida social nem mesmo no recesso de fim de ano. Por causa dessa característica, ele é destacado a permanecer na Barton Academy cuidando dos alunos abandonados pelos pais no período festivo. O convívio acaba se restringindo ao professor, ao aluno revoltado Angus Tully e à merendeira Mary Lamb, enlutada após perder o filho na guerra do Vietnã. Os três emburrados vão abrindo seus corações a cada cena, com o ápice se dando numa busca emocionante pelo pai de Angus, que termina por definir os destinos dos personagens principais.
Onde assistir: em cartaz nos cinemas
Anatomia de uma Queda
(Concorre a Melhor Filme, Atriz, Direção, Roteiro Original e Montagem)
No filme de Justine Triet, o espectador é apresentado a um cenário incerto. Vincent é encontrado morto pelo filho deficiente visual Daniel e pela esposa Sandra no que parece ser um ato de suicídio ou um infeliz acidente. Mas a possibilidade do marido ter sido assassinado pela esposa vai ganhando força conforme a história progride. No tribunal, as investigações revelam a intimidade conturbada do casal, cabendo ao jovem Daniel o principal movimento para culpar ou inocentar a própria mãe. São 152 minutos de um quebra-cabeças sendo montado que passam voando, muito por conta da performance magistral da alemã Sandra Hüller (que também está em Zona de Interesse, igualmente indicado a cinco estatuetas), que aguenta a pressão da acusação e tenta colaborar com a resolução do caso enquanto sofre o luto e tenta não se desconectar do filho. Uma curiosidade é que a tutora Marge, destacada para cuidar de Daniel no meio da confusão, é papel da roqueira Jehnny Beth, da banda Savages, e que se apresentou em carreira solo no Brasil em 2023.
Onde assistir: em cartaz nos cinemas
A Sociedade da Neve
(Concorre a Melhor Filme Internacional e Maquiagem e Penteado)
Ninguém precisava de mais um filme sobre a tragédia dos Andes. Ao menos, era o que parecia. Vivos, de 1993, e Os Sobreviventes dos Andes, de 1976, já tinham explorado minuciosamente a história real de uma equipe de rugby que precisou recorrer ao canibalismo para sobreviver. Mas foi com A Sociedade da Neve que a conversão do desastre em uma película atingiu a sua melhor forma – ainda bem que a Netflix decidiu investir nessa nova adaptação. Muito além de retratar o desespero dos uruguaios presos na fria Cordilheira, o longa concorrente ao Oscar foi capaz de trazer uma visão católica do assunto. Ao escolher Numa Turcatti como o personagem principal, o espectador é capaz de entender todo o pensamento por trás da dificílima decisão de comer os restos de um colega falecido. O jovem religioso foi o último a se submeter ao canibalismo, buscando respaldo na Bíblia para não justificar o ato.
Onde assistir: Netflix
A Memória Infinita
(Concorre a Melhor Documentário em Longa-metragem)
"Na saúde e na doença... Até que a morte os separe!” Esses dizeres tão comuns em votos de casamento são retratados em sua forma mais pura neste documentário chileno. Ele revela como o casal Augusto e Paulina se mantém unido mesmo quando o marido recebe o trágico diagnóstico de Alzheimer. A esposa do jornalista faz de tudo para dar conforto e amor incondicional a ele no fim de sua vida, minimizando na medida do possível a decadência causada pelo transtorno neurodegenerativo. A combinação de cenas gravadas pelos parceiros em tempos mais saudáveis com os registros feitos para o documentário fazem com que essa seja uma obra bastante sensível. É impossível não se emocionar com a história dos dois, tornada ainda mais bela sob o olhar da competentíssima diretora Maite Alberdi, que já havia sido indicada ao Oscar com o documentário Agente Duplo, de 2020.
Onde assistir: Paramount+
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