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Da comédia ao terror

Cinco ótimos filmes argentinos deste século sem Ricardo Darín

Oscar Martínez recebe a estatueta de Melhor Ator no Premios Platino por seu trabalho em "O Cidadão Ilustre"
Oscar Martínez recebe a estatueta de Melhor Ator no Premios Platino, em Madri, por seu trabalho em "O Cidadão Ilustre" (Foto: EFE/Kiko Huesca)

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A trajetória de Ricardo Darín é tão produtiva e consistente que, às vezes, há a impressão de que não existe um único filme argentino sem a participação do ator. O cinema brasileiro também passa uma sensação parecida: há no século XX alguma obra que não conte com Selton Mello, Lázaro Ramos e Wágner Moura? Você conseguiria indicar uma comédia mais atual sem o Leandro Hassum?

A suposta onipresença dos citados é uma brincadeira, claro. Ou uma percepção compartilhada por quem conhece superficialmente a cinematografia dos dois países. A história da indústria audiovisual, tanto da fronteira para lá, quanto para cá, é bastante longeva, rica e diversa. Mas a provocação nos serve para sugerir uma lista diferente: cinco filmes excelentes, atenção, sem Ricardo Darín.

Há dezenas de grandes produções sem o protagonista de O Segredo dos Seus Olhos, vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2009. É o caso, por exemplo, de A História Oficial, que também faturou uma estatueta, em 1985. Entretanto, este e vários outros títulos não estão disponíveis nas plataformas de streaming. Dos indicados abaixo, todos podem ser vistos hoje mesmo. E nenhum deles têm Ricardo Darín.  

O Abraço Partido (2004) 

O filme dirigido por Daniel Burman é uma comédia dramática sobre as ambiguidades da identidade e do desejo de partida. O protagonista Ariel Makaroff, interpretado por Daniel Hendler, é um jovem judeu que vive às custas da mãe, dona de uma loja de lingerie em uma galeria comercial em Buenos Aires. Makaroff tenta obter cidadania polonesa para emigrar à Europa, enquanto o pai, que nos anos 70 partiu para Israel, reaparece de forma inesperada. A produção obteve diversos prêmios nacionais e internacionais, como o Urso de Prata no Festival de Berlim, e foi a escolhida para representar a Argentina no Oscar.

Onde assistir: Prime Video.

Daniel Hendler vive Ariel Makaroff, o protagonista de "O Abraço Partido"Daniel Hendler vive Ariel Makaroff, o protagonista de "O Abraço Partido" (Foto: Divulgação)

Medianeras (2011) 

A produção dirigida por Gustavo Taretto, lançada em 2011, provoca reflexões que com a passagem do tempo foram se tornando ainda mais relevantes. Estamos cada vez mais conectados pela internet, mas, nos sentimos cada vez mais sós. A trama acompanha Martin (Javier Dolas), um web designer que vive isolado, e Mariana Pilar (Pilar López), uma arquiteta que enfrenta o término de um longo relacionamento. Os dois são vizinhos, vivem frente a frente, mas nunca se encontram. A cidade de Buenos Aires é também um personagem da produção, com seus prédios, paredes e fachadas. Bastante elogiada, a obra é uma coprodução entre Argentina, Alemanha e Espanha e venceu os prêmios de Melhor Filme e Direção do Festival de Gramado.  
Onde assistir: Apple TV+.  

O Clã (2015)

O filme dirigido por Pablo Trapero, que trabalou com Ricardo Darín em Abutres (2010) e Elefante Branco (2012), o filme é baseado em um caso real que chocou a Argentina. Na tradicional localidade de San Isidro, nos arredores de Buenos Aires, vivem os Puccio, uma família aparentemente tradicional. Arquímedes, interpretado por Guillermo Francella, é o insuspeito patriarca, um homem respeitado e cordial, do tipo que varre todos os dias a calçada em frente de casa. Ninguém poderia suspeitar que o porão dos Puccio esconde um segredo aterrador. Durante anos, a família, liderada por Arquímedes, um ex-agente da ditadura, realizou assassinatos e sequestros de empresários. O Clã estreou na Argentina com recorde de público e superou 2,6 milhões de espectadores na abertura, um dos lançamentos mais bem-sucedidos da história do cinema nacional. A produção foi escolhida para representar o país no Oscar e conquistou o prêmio Goya de Melhor Filme ibero-americano em 2016.
Onde assistir: Disney+. 

Peter Lanzani e Guillermo Francella são os protagonistas de "O Clã"Peter Lanzani e Guillermo Francella são os protagonistas de "O Clã", filmaço de 2015 (Foto: Divulgação)

O Cidadão Ilustre (2016) 

A produção é dirigida por Gastón Duprat e Mariano Cohn, dupla por trás de obras com reconhecimento internacional como os filmes O Homem ao Lado e Concorrência Oficial e as séries Meu Querido Zelador, O Faz Nada e O Museu. O ator Óscar Martínez interpreta Daniel Mantovani, um célebre escritor argentino residente na Europa que retorna à cidade natal para receber o título de cidadão ilustre. A volta acaba por desencadear uma tensão entre os moradores, que o celebram como herói local, mas também cobram de Mantovani representações da cidade em suas obras. O Cidadão Ilustre foi escolhido para representar a Argentina no Oscar, mas acabou não sendo indicado. 
Onde assistir: disponível no Prime Video e HBO Max.

O Mal que Nos Habita (2023) 

Nos acostumamos a assistir dramas emocionantes e comédias espertas produzidas pelos argentinos. Um filme de terror, entretanto, despertou a curiosidade geral ao ser exibido nos cinemas brasileiros em 2024. Dirigida e roteirizada por Demián Rugna, a história se passa em uma área rural isolada. Dois irmãos encontram um corpo mutilado e descobrem que o homem está infectado por uma entidade demoníaca. O horror se espalha como uma epidemia diabólica e desperta tensões entre colonos e indígenas. O Mal que Nos Habita é uma obra sobre possessão que também pode ser encarada como crítica social. 
Onde assistir: disponível na Netflix.   

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