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Com mais de mil páginas, O Conde de Monte Cristo, de Alexandre Dumas, foi publicado em 18 volumes em formato folhetim entre 1845 e 1846. Hoje é considerado o melhor romance do autor e um dos grandes títulos de aventura de todos os tempos. A história do jovem Edmund Dantès, recém-nomeado capitão e prestes a se casar, é um símbolo de rebelião contra a injustiça e o poder da vingança. O que não tem nada a ver com os filmes que tantas vezes protagonizam Liam Neeson, Denzel Washington ou Jason Statham.
Até o momento, os diretores e roteiristas Alexandre de La Patellière e Mattieu Delaporte tinham criado comédias dramáticas de alguma profundidade e bons resultados de bilheteria, como Qual É o Nome do Bebê? (2012) e O Melhor Está por Vir (2019). Com essa nova versão de O Conde de Monte Cristo, que acaba de chegar aos cinemas brasileiros, deram um salto de qualidade muito considerável. Em primeiro lugar, o filme é visualmente espetacular, com fotografia do canadense Nicolas Bolduc e uma filmagem que tira proveito das muito variadas e impressionantes locações, além de uma direção de arte digna de superprodução (com um orçamento de 43 milhões de euros, é o filme francês caro deste ano).
Toda essa estrutura impressionante adquire status de arte graças a um roteiro exemplar que aproveita a lírica e o talento de Dumas em sua versão mais shakespeariana. As três horas de duração voam sem a necessidade de encadear lutas de espadas e perseguições a cavalo. Os realizadores do filme são muito fiéis ao autor do romance, confiando em personagens que, apesar de estarem ligados a paixões turbulentas e constantes reviravoltas do destino, mantêm um temperamento e uma inteligência que tornam sua jornada dramática muito completa e imprevisível.
O elenco de O Conde de Monte Cristo é liderado por Pierre Niney, um dos melhores atores franceses da sua geração, que aos 35 anos já tinha brilhado em filmes tão distintos quanto Frantz e As Neves do Kilimanjaro. Sua composição do personagem é esplêndida na contenção e expressividade, com um olhar que permite ao espectador mergulhar mais fundo na sua atormentada e complexa interioridade, e que facilita o trabalho dos outros atores, entre os quais se sobressaem Anais Demoustier e os jovens Anamaria Vartolomei, Vassili Schneider e Julien De Saint Jean.
© 2024 Aceprensa. Publicado com permissão. Original em espanhol.
- O Conde de Monte Cristo
- 2024
- 178 minutos
- Indicado para maiores de 14 anos
- Em cartaz nos cinemas