Quem acompanhou os primeiros passos de Jennifer Lawrence certamente não imaginou que, 15 anos após sua estreia nas telonas, ela protagonizaria uma escrachada comédia juvenil com tintas românticas como Que Horas Eu te Pego?. A estrela americana deu seus primeiros passos em filmes independentes de ótima reputação e logo começou a amealhar prêmios, tornando-se inclusive a terceira atriz mais jovem a ser indicada ao Oscar. Mas as produções alternativas passaram a dividir espaço com blockbusters, como as franquias Jogos Vorazes e X-Men, que fizeram da loirinha um dos maiores nomes do cinema atual.
Nada mais natural, portanto, que a indústria confeccione filmes especialmente para Jennifer brilhar. Esse é o caso de Que Horas Eu te Pego?, que chegou neste mês ao catálogo do HBO Max. Ela vive Maddie, uma bartender e uberista de 32 anos afundada em dívidas na cidade litorânea de Montauk. A vida dá uma piorada quando seu carro é confiscado pelo acúmulo de taxas não pagas, o que leva Maddie a responder a um anúncio de dois pais desesperados com a timidez de um filho prestes a ir para a universidade. Eles querem alguém para namorar e assim tirar o fechado Percy de dentro da ostra, oferecendo como pagamento um carro, o que permitiria a Maddie retomar seu trabalho como motorista de aplicativo.
Não é spoiler dizer que a missão dá errado, pois trata-se de um roteiro convencional. O filho começa a gostar de verdade da contratada, descobre que os pais superprotetores armaram a situação toda e a revolta toma conta de seu ser. Até isso acontecer, são várias as cenas constrangedoras e engraçadas envolvendo a aproximação entre o menino acanhado e a bartender despachada. Mas as melhores passagens são as que evidenciam a discrepância geracional entre quem hoje tem seus trinta e poucos anos e a juventude que acaba de sair do colégio.
Esse gap é ilustrado numa festa de formandos do segundo grau na qual Percy decide ir para irritar Maddie. Ao chegar ao local, a garota se estranha com a molecada que passa o tempo todo no celular, mais interessada em gravar vídeos para o Tiktok e denunciar casos de bullying do que em se divertir como nos velhos tempos. Com sua língua solta, Maddie acaba zoando o cabelo de um e soltando uma piada considerada homofóbica para revidar outros dois. Quando percebe, vários smartphones estão apontados para o seu rosto, no intuito de denunciar a megera terrível que insulta e machuca com palavras. Oh...
Além de ter de lidar com esses floquinhos de neve, Maddie sofre com a especulação imobiliária de uma cidade de veraneio que cada vez mais é dos turistas e menos dos locais. Para se libertar disso, o convívio com Percy termina sendo fundamental e inspirador. Por mais que tenha trechos grosseiros, nudez explícita da protagonista e aquela pegada de humor tosco estilo American Pie, Que Horas Eu te Pego? defende que seus personagens têm bons corações e podem evoluir. No fim das contas, é uma distração de uma hora e meia na companhia de Jennifer Lawrence. Se não houver programa melhor, pode apostar na simpatia e na competência da atriz que ela não chegou ao topo à toa.
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