“Ferrari” foca momento crucial na trajetória do dono da escuderia italiana

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Ano de 1957, Enzo Ferrari se torna um sexagenário. Sua empresa automobilística está à beira do colapso, sua vida familiar também vacila: após a morte de seu filho Dino, seu relacionamento com sua esposa e companheira, Laura, converteu-se em algo frio e distante. Não é segredo que Enzo Ferrari possui uma amante com quem teve um filho, que poderá virar seu herdeiro. A solução para seus problemas, ou pelo menos para muitos deles, é vencer a corrida de mil milhas (“Mille Miglia”) naquele verão.

O livro que inspirou o roteiro de Ferrari, filme que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (22), tem como subtítulo O Homem, os Carros, as Corridas, a Máquina. Não por acaso, o longa-metragem compara Enzo Ferrari descaradamente com suas máquinas e o apresenta competindo a todo momento, no limite, à beira do desastre. Ao contrário das corridas de automóveis, ele não tem certeza do final do jogo ou do que precisa ser feito para vencer. Está dividido entre duas mulheres, entre dois filhos, entre dois tipos de veículos, entre dois modelos de negócio... E a única coisa que sabe é que tem de continuar a competir e a correr.

O trabalho de Adam Driver, que vive o protagonista, é excelente, cheio de nuances e sutil. Fica mais interessante quando ele conversa com suas mulheres, filhos e funcionários do que quando aparece diante da imprensa. Penélope Cruz interpreta uma forte Laura, uma mãe italiana afetada pela morte do filho e resignada a administrar, de cabeça erguida, um lar sem amor. Shailene Woodley é a atriz destacada para o papel de Lina, a amante, aparentemente uma mulher anódina, mas um contraponto perfeito para a esposa Laura. O resto dos personagens pouco importa.

Os aspectos técnicos são impecáveis. O diretor Michael Mann, que retorna às telonas após oito anos, conta com uma equipe prodigiosa tanto na fotografia e ambientação, quanto na edição e trilha sonora. O único aspecto a se lamentar é que o filme pode ser excessivamente frio para os não iniciados. E há também algumas notas sexuais que são irrelevantes.

© 2024 Aceprensa. Publicado com permissão. Original em espanhol.