Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Bateman virou Batman

Há 25 anos, “Psicopata Americano” mostrava Christian Bale rumo ao estrelato

O ator Christian Bale no papel de Patrick Bateman em "Psicopata Americano"
O inglês Christian Bale no papel de Patrick Bateman em "Psicopata Americano" (Foto: Divulgação Prime Video)

Ouça este conteúdo

A comédia de humor negro com toques de terror Psicopata Americano está completando um quarto de século. Desde que chegou aos cinemas, ela nunca mais deixou de ser referencia na cultura pop: do apartamento todo em tons de branco do personagem principal Patrick Bateman inspirando videoclipe de Kanye West até figurinhas com as caras e bocas do protagonistas sendo usadas a torto e a direito nas redes sociais, especialmente pela turma chamada de red pill (que ou não viu ou não entendeu a sátira do filme). Atualmente no catálogo do Globoplay, é uma obra para ser vista e revista e constar em top 10 de grandes longas dos 2000 para cá, a exemplo do que fez a cineasta Sofia Coppola na enquete promovida pelo The New York Times.

Psicopata Americano não teve um parto tranquilo. A adaptação do terceiro livro de Bret Easton Ellis, lançado em 1991, foi dirigida pela canadense Mary Harron, que só tinha um filme sobre Andy Warhol no currículo. Ela não assinou o corte final do filme, já que o estúdio Lionsgate preferiu assumir a responsa. A obra original chegou às prateleiras cercada de polêmica, visto que o texto de Ellis escorria violência e misoginia ao retratar Bateman e o grupo de executivos que o cercavam na Manhattan da segunda metade dos anos 1980. O filme tem muita coisa pesada, incluindo animais sendo maltratados, consumo de droga (a cocaína reinava nesse ambiente à época) e cenas de sexo, mas é considerado bem menos agressivo do que o livro.

O ator inglês Christian Bale ficou com o protagonista, ainda que a escolha natural para o papel fosse de um americano. Com alguns bons trabalhos no currículo ao longo dos anos 90, caso de Velvet Goldmine (1998), o seu Patrick Bateman foi crucial para que ele mostrasse que podia subir para o primeiro time. Tanto que, cinco anos depois, ele seria escalado por Christopher Nolan para sua trilogia de Batman (uma letra a menos do que Bateman). Entre um trabalho e outro, ele definhou para protagonizar O Operário (2004) e aí a indústria teve certeza de que o cara era um dos grandes.

Cartões e baladas açucaradas

Em Psicopata Americano, ele vive um narcisista que tem delírios sobre matar pessoas – colegas de trabalho, garotas de programa, mendigos – e vai tragando o espectador para sua neurose. Sua vida é extremamente oca, sendo que os únicos compromissos importantes são jantares nos restaurantes mais concorridos de Nova York. Mesmo que seu expediente se resuma a fazer palavras cruzadas e desenhar mulheres sendo assassinadas em seu escritório, ele tem uma obsessão por cartões de visita. Gostaria que o seu fosse o mais bonito da turma, mas se remói de raiva quando um colega chega com um com fontes e tons claros mais elegantes.

A atividade – legal – que parece lhe dar mais prazer é ouvir música e analisar as carreiras das bandas e cantores da época. E é aí que Psicopata Americano fica delicioso. Bateman tem um gosto extremamente cafona. Não gosta da “fase artística” do Genesis e acha que o grupo se encontrou quando Phil Collins assumiu a liderança com suas baladas água com açúcar e hits de FM como Sussudio (da carreira solo da Collins) e Invisible Touch (que ele chama de obra-prima). Adora Whitney Houston e não tem vergonha de defender isso em público. Pira com Huey Lewis and the News e sua Hip to Be Square (“é bacana ser careta”), mas quando precisa falar mal do grupo para despistar um investigador vivido por Willem Dafoe, diz que o som “é muito negro” para os padrões dele.

O personagem Patrick Bateman segura um CD da banda Huey Lewis and the NewsPatrick Bateman segura um CD da banda Huey Lewis and the News (Foto: Divulgação Lionsgate)

O desfecho do filme pode ser um pouco frustrante para quem embarca em todos os delírios de Bateman e depois descobre que muitas das atrocidades que ele comete ao longo da história são fruto de sua imaginação. No longa também não há as mesmas doses cavalares de homofobia e demais preconceitos ostentados pelo protagonista no livro de Bret Easton Ellis. Mas só o que foi para a tela já dá para ter um bom retrato desse psicopata e do meio sem escrúpulos onde ele foi forjado. É um filme para rir, ter medo e ter nojo, tudo ao mesmo tempo, uma experiência rara no cinema.

  • Psicopata Americano
  • 2000
  • 102 minutos
  • Indicado para maiores de 18 anos
  • Disponível no Globoplay, Telecine e para aluguel e compra em Apple TV+, Amazon e Claro TV

VEJA TAMBÉM:

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.