A Fórmula 1 é um esporte, um negócio ou pura politicagem? A minissérie Brawn: Uma História Incrível da F1, do Disney+, mostra que a elite do automobilismo é tudo isso e muito mais. Ao longo de quatro episódios, o espectador conhece a trajetória de uma equipe que tinha tudo para ser um fiasco desde a sua gênese, mas que se tornou um fenômeno na competição.
Quem pilota a série é o ator Keanu Reeves, famoso por seus papéis em John Wick e Matrix. A escolha parece arriscada, afinal ele não é uma das pessoas mais expressivas do mundo. Mas, como grande fã do esporte, ele se sai muito bem no papel de apresentador, entrevistador e, por muitas vezes, de “explicador”. Com perguntas sérias e verdadeiro entusiasmo, Reeves arranca ótimas respostas de figuras memoráveis da F1. Uma dessas pérolas vem do ex-chefão do negócio, Bernie Ecclestone, que declara com seriedade: “Não acredito muito na democracia. Acredito em ditadores.”
Frases polêmicas à parte, o documental é bastante didático até para quem não conhece muito além do básico dessa modalidade. Esmiúça o surgimento e o desenvolvimento da equipe Brawn GP, que foi criada após a Honda sair do campeonato devido à crise financeira de 2008. Esse recorte é ótimo para se aprender sobre a competição, pois explica o funcionamento de cada temporada da Fórmula 1, ensina sobre a montagem do carro (especialmente o tal do difusor duplo) e revela algumas das intrigas que ocorrem entre escuderias e pilotos.
O ritmo da série é rápido, por vezes se aproximando do sucesso F1: Dirigir para Viver, hit da Netflix que está em sua sexta temporada. Ao recuperar a história da Brawn quinze anos depois do ocorrido, a minissérie da Disney apresenta um material vasto, com depoimentos francos do engenheiro Ross Brawn e do empresário Nick Fry. Foi essa dupla que se arriscou em assumir o pepino da Honda, pagando em moeda o valor módico de uma libra a um grande executivo da montadora japonesa – sim, a moeda se faz presente em um dos episódios.
Penúria que inspirava
Contando também com participações de técnicos da Brawn GP e dos pilotos Jenson Button e Rubinho Barrichello, os quatro episódios defendem que o esforço de todos foi decisivo para o sucesso da equipe na temporada de 2009. Um dos entrevistados afirma que eles trabalhavam 24 horas por dia para deixar o veículo pronto para ir para as pistas. Qualquer falha custaria o trabalho de quase 700 pessoas que atuavam na empresa – no fim, quase metade delas foi demitida, pois os ganhos não cobriram seus gastos.
Para se ter ideia da penúria, uma equipe de F1 costuma ter de quatro a cinco carros para serem usados nas corridas. A Brawn tinha somente dois. Esse cenário dramático acabava por tirar o melhor de Button e Barrichello, que não podiam quebrar suas máquinas. Também foi essa característica que fez com que os pilotos passassem a ter uma rivalidade – no segundo episódio, o chefão Ecclestone faz questão de apontar que apenas um dos carros prestava. Era o de Button.
A presença dos pilotos nas entrevistas com Reeves é a cereja no bolo, pois mostra os dois lados da história. Enquanto Button é extremamente carismático e olha para o passado com brilho nos olhos, Barrichello parece mais ressentido e ponderado sobre o embate com o companheiro de Brawn. Vale lembrar que o brasileiro já era visto como um piloto aposentado no fim de 2008. Portanto, a Brawn deu a ele uma sobrevida na categoria, além de um terceiro lugar no campeonato de 2009.
Para quem gosta do esporte, Brawn: Uma História Incrível da F1 é um produto obrigatório. E também é uma recomendação que serve aos fãs de boas histórias. Desde seu ritmo acelerado até a seleção de entrevistados, a minissérie é irresistível e escancara dramas de personagens fascinantes. Quem não viveu o campeonato de 2009 fica ansioso para ver o próximo episódio e saber se a equipe vai ou não se dar bem.
- Brawn: Uma História Incrível da F1
- 2023
- Quatro episódios
- Indicado para maiores de 12 anos
- Disponível no Disney+
Juristas dizem ao STF que mudança no Marco Civil da Internet deveria partir do Congresso
Idade mínima para militares é insuficiente e benefício integral tem de acabar, diz CLP
“Vamos falar quando tudo acabar” diz Tomás Paiva sobre operação “Contragolpe”
Boicote do Carrefour gera reação do Congresso e frustra expectativas para acordo Mercosul-UE
Deixe sua opinião