Arrependido de seus papéis em Boogie Nights: Prazer sem Limites e Ted, o ator Mark Wahlberg está há alguns anos dedicado a interpretar personagens edificantes. Nessa toada, viveu nos últimos dois anos um padre, um atleta e um pai de família que é praticamente um super-herói. Seu novo filme para a Netflix apresenta um homem ainda mais comum, que trabalha numa obra das 9h às 17h, bebe sempre no mesmo bar e vive na cidade onde cresceu. Essa é uma boa descrição para Mike McKenna, o protagonista de A Liga. Quer dizer... O cara é assim até o momento em que a trama esquenta, quando o simples empreiteiro é convidado a se tornar um agente secreto nos moldes de Ethan Hunt, do clássico Missão: Impossível.
O longa-metragem, que está em primeiro lugar no serviço de streaming, acompanha uma organização conhecida como The Union (termo que em uma tradução cuidadosa ficaria mais próximo de “O Sindicato” do que “A Liga”). Essa agência secreta contrata apenas trabalhadores regulares para se disfarçarem e realizarem missões secretas sem vínculos com CIA, FBI e etc. Isso quer dizer que eletricistas, encanadores e até funcionários de galpões da Amazon viram verdadeiros James Bonds.
O pacato Mike é surpreendido pelo retorno de Roxanne para sua cidade. A personagem vivida pela atriz Halle Berry foi sua namorada no colegial e parece voltar para reavivar o caso. Mas é aí que ela o sequestra para recrutá-lo para a tal The Union. Mike e Roxanne unem forças em uma missão: resgatar um computador que contém a lista de todos os nomes que trabalham para uma infinidade de serviços secretos e exércitos ao redor do mundo. O objetivo é conter o vazamento e garantir a segurança dos dados.
Com essa trama que parece pegar um pouco de cada grande sucesso do universo dos filmes de ação, A Liga não tenta reinventar a roda. Ele é bastante previsível, tanto no desenvolvimento quanto nas perseguições e tiroteios. Mas isso não quer dizer que não seja um lançamento divertido para passar o tempo, pelo contrário. Amigos na vida real, Wahlberg e Halle possuem uma ótima química como casal e convencem quem assiste ao filme. JK Simmons, que interpreta o chefe deles na história, também é uma boa adição para o elenco.
Genérico que satisfaz
A Liga oferece uma discussão bacana, embora não tão aprofundada, sobre o valor da simplicidade. Desde o primeiro contato, Mike e Roxanne entram em choque pelo fato de cada um ter trilhado um caminho diferente na vida, um mais pacato e a outro mais emocionante. O casal parece se encontrar em um meio termo saudável no desfecho, até abrindo espaço para um segundo filme.
A questão é que uma sequência para A Liga precisaria de muito mais esforço nos quesitos criatividade e ação. Para não dizer que nenhuma das cenas é fantástica, vale notar que a perseguição final tem momentos legais – especialmente quando Mike usa das suas habilidades de empreiteiro para fugir dos bandidos. Porém, construir uma franquia do zero é bastante arriscado. Não à toa, veículos como IGN, The Observer e MSN usaram o substantivo “genérico” para se referir ao filme.
Para Wahlberg, que também é produtor de A Liga, as dezenas de críticas deveriam servir de alerta para ele buscar um roteirista novo quando chegar a hora da parte dois. Se ficar só nesse filme, as ideias se bastam para entreter a família em um final de semana no sofá.
- A Liga
- 2024
- 109 minutos
- Indicado para maiores de 14 anos
- Disponível na Netflix
Deixe sua opinião