Há um quarto de século, as salas de cinema brasileiras recebem filmes argentinos com certa regularidade. São dramas emocionantes e comédias espertas que representam como o audiovisual dos nossos hermanos evoluiu nos últimos tempos, amealhando prêmios da crítica e fazendo bonito nas bilheterias. Mas poucas foram as vezes em que recebemos dos nossos vizinhos filmes do gênero terror. Isso já é o suficiente para despertar o interesse por O Mal que Nos Habita, em cartaz no país desde a semana passada.
Quem assina a obra é Demián Rugna, um realizador com vários trabalhos no universo do horror no currículo e que costuma rodar os festivais internacionais dedicados ao gênero quando tem algo novo para mostrar. Com O Mal que Nos Habita, antes do lançamento na Argentina, ele já dava as caras no evento anual da clássica revista Fangoria, recebendo elogios por mais uma investida bem-sucedida nos clichês do terror. No mercado anglo-saxão, o filme foi rebatizado de When Evil Lurks.
Trata-se de uma história de possessão. Num cenário rural, dois irmãos saem para caçar e encontram um corpo mutilado. Não demora até eles descobrirem que o morto estava chegando naquela aldeia para tentar liberar o corpo possuído de um colono. Ao lado do principal fazendeiro do lugar, eles removem o inchado e putrefato infeliz de sua residência e o abandonam numa estrada há quilômetros dali. Claro que a ação não serve para cessar as possessões e a região começa a viver dias infernais.
O fazendeiro, a grávida e a cabra
Apesar de ter sido saudado como a maior surpresa do terror em 2023 por alguns especialistas, O Mal que Nos Habita passou longe de conquistar unanimidade. Críticas sobre o desempenho dos atores e sobre algumas soluções do roteiro foram apontadas em análises e não podem ser chamadas de injustas. Por outro lado, a obra de Rugna reúne cenas que cativam qualquer espectador fanático pelo gênero. A primeira morte exibida, que envolve o fazendeiro, sua mulher grávida e uma cabra bizarra, já vale o dinheiro investido no ingresso.
Outro grande momento de O Mal que Nos Habita se dá quando os irmãos fogem do campo e chegam na cidade para resgatar familiares e, juntos, abandonarem a região. Eles já estão marcados pelo contato que tiveram com o primeiro possuído, então a ideia de fugir dali acaba virando uma forma de espalhar a maldição. Ao tentar resgatar os filhos, um dos irmãos troca de roupa e, sem perceber, permite que o cachorro da ex-mulher fareje as peças. É o bastante para o cão incorporar o espírito do mal e pular na jugular de uma das crianças da casa com extrema violência.
Algumas situações ficam sem explicação e uma personagem com experiência em lidar com possessões que se junta aos irmãos tem falas tão didáticas que chegam a irritar. Mas o saldo final é de mais um filme argentino digno, que entrega boa diversão para quem prestigia trabalhos desse universo. O Brasil também tem tido boas iniciativas nessa seara, como no curioso filme A Propriedade, que entrou em cartaz no fim de 2023. Mas, no cômputo geral, o cinema dos vizinhos segue nos entregando melhores realizações e causando uma inveja que nem tem como disfarçar.
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