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"Rebel Ridge" acompanha soldado que combate policiais corruptos
“Rebel Ridge” acompanha ex-fuzileiro que combate policiais corruptos| Foto: Netflix/Divulgação

Um veterano precisa usar de suas habilidades aprendidas no exército para se livrar de policiais em uma cidade pequena dos Estados Unidos. Com essa sinopse, você se lembrou do clássico Rambo – Programado para Matar, certo? Acontece que ela também serve para descrever Rebel Ridge, lançado pela Netflix na última sexta-feira (6) e já alçado ao panteão de melhores filmes de ação de 2024. 

Na primeira cena do lançamento, o espectador conhece o ex-fuzileiro naval Terry Richmond numa boa: ele está andando de bicicleta por uma paisagem verde enquanto ouve um clássico do Iron Maiden. De repente, uma viatura policial passa a segui-lo e o derruba das duas rodas. Assim que a dupla de policiais começa a questioná-lo, entendemos mais sobre ele. O soldado está indo em direção à cidade de Shelby Springs para pagar a fiança de seu primo. O problema é que assim que os canas encontram seu dinheiro, eles decidem confiscar o valor sem maiores justificativas, pois são corruptos. E é aí que a coisa começa a esquentar. 

Percebendo a hostilidade da polícia local, Terry passa a correr contra o relógio para ajudar seu familiar, pois a falta dos 36 mil dólares o coloca em risco de ser transferido para uma prisão em que será morto. O ex-fuzileiro então tenta buscar apoio legal e do sistema para reaver o que lhe é devido. Mas, como é de se esperar já que estamos falando de um filme ação, tudo dá errado e o protagonista precisa fazer justiça com as próprias mãos. 

Não matarás 

Em Rebel Ridge, o espectador pode se divertir com algumas mudanças que fogem da fórmula padrão de obras como RamboJohn Wick e Duro de Matar. Uma delas é uma reviravolta que mostra que Terry talvez não tenha um plano tão infalível quanto se imagina até quase metade do filme. 

A outra, e mais importante, é que o soldado não mata ninguém durante todo o longa-metragem. Ele desarma policiais, utiliza-os como escudo-humano e rouba algumas de suas armas. Mas nunca tira a vida de nenhum, o que é surpreendente para uma película deste gênero – não é difícil achar no YouTube um compilado com todos os assassinatos dos três Johns: Rambo, Wick e McLane.

Apesar dessa abordagem mais pacífica, Terry não é menos heroico do que essas referências. Graças à interpretação do ator Aaron Pierre, que era a segunda opção para o papel, o personagem convence com sua engenhosidade e um código de honra próprio bastante definido. Quem assistiu ao seriado Reacher provavelmente gostará desse novo herói militar, que também tem ares de gentleman mesmo quando precisa ser um brutamontes.

O melhor exemplo dessa sua personalidade se dá ainda nos primeiros 50 minutos de Rebel Ridge, quando o mocinho confronta o delegado corrupto Sandy Burnne, vivido pelo ator Don Johnson, de Miami Vice.  Terry dá a ele uma aula sobre o significado da sigla PACE (Primário, Alternativo, Contingência e Emergência), utilizada para designar uma metodologia de planejamento que pode ser aplicada em diversas áreas. É a partir desse momento que o protagonista passa para seu plano de emergência, desarmando e rendendo Burnne para invadir a delegacia e reaver o seu dinheiro. O longa começa para valer a partir desse ato.

Revelação na direção

Apesar da sinopse similar, Rebel Ridge é bastante diferente de Rambo.  Isso se dá graças ao esforço de Jeremy Saulnier, americano que entra nos créditos como roteirista, diretor e produtor dessa sensação do streaming.

Praticamente desconhecido, Saulnier só havia feito algum barulho internacionalmente com o terror Green Room, que acompanha uma banda punk tendo de sobreviver aos ataques de um grupo de skinheads.  Com Rebel Ridge ele fica sob os holofotes e gera expectativa a respeito de seus próximos passos.

Em uma entrevista à versão americana da revista GQ, Saulnier comentou sobre ter feito um filme de ação sem envolver o protagonista em uma série de assassinatos. “Fiz toneladas de pesquisa sobre armas não-letais. Ficava horas no YouTube vendo vídeos de lutas para entender como diferentes artes marciais poderiam ser utilizadas na realidade”, explicou. 

“Há alguns desarmes muito limpos e incríveis que eu vi por aí. Mas, em geral, o funcionamento está no uso de força bruta e no saber como usar alavancagem e mecânica para incapacitar rapidamente as pessoas ou torná-las inofensivas”, complementou. E é exatamente isso que Terry faz ao longo das mais de duas horas do hit da Netflix. 

Graças ao esforço na pesquisa do diretor, Rebel Ridge convence até quando é exagerado. Em uma cena, que faz qualquer fã de ação delirar, o filme retrata Terry aguentando o disparo de uma arma de choque, respirando fundo e arrancando os dardos que o eletrocutam. Claro, não dá para testar isso em casa, mas é muito divertido de se ver – que é a coisa mais importante para um filme de ação ser bem-sucedido. 

  • Rebel Ridge
  • 2024
  • 131 minutos
  • Indicado para maiores de 16 anos
  • Disponível na Netflix
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