Não é novidade que o cinema foi tomado pelas franquias Marvel e DC. Desde pelo menos 2000, quando saiu o primeiro longa-metragem dos X-Men, Hollywood tem sempre deixado um filme baseado em quadrinhos engatilhado para colocar na praça. Essa agenda tomou uma proporção absurda após a estreia de Homem de Ferro, em 2008. Para se ter ideia, o MCU (como é chamado o universo de filmes da Marvel) conta hoje com 34 filmes lançados desde aquela época. Mas os fracassos recentes de bilheteria, como aconteceu com as As Marvels, mostram que o público está ficando saturado. E é justamente esse cenário que é alvo de risadas em A Franquia, comédia que chegou recentemente ao Max.
Criada por Jon Brown, roteirista de Succession, a série acompanha a rotina dos profissionais envolvidos na gravação de um filme de super-heróis, mostrando especialmente o dia a dia de Daniel Kumar. Vivido pelo ator Himesh Patel, do longa Yesterday – A Trilha do Sucesso, esse personagem atua como assistente do diretor e é o centro de boa parte das piadas. Elas surgem na lida de Kumar com atores de personalidade infantil e o chefão do estúdio, que prioriza o lucro acima de qualquer coisa.
O curioso é que as situações retratadas em A Franquia são baseadas em eventos reais que ocorreram nos bastidores de produções da Marvel ou da DC. “Todas as pesquisas que fizemos – e fizemos muitas – nos surpreenderam com o caos real instalado nos filmes de super-heróis”, revelou Brown em entrevista à publicação The Hollywood Reporter.
“As pessoas acreditam que esses filmes são organizados em fases planejadas para os próximos 10 anos. Mas aí você ouve falar de um set onde, pela manhã, uma limusine estaciona, desce a janela e entrega novas páginas do roteiro. Ou que os produtores no set têm oito versões do mesmo roteiro. Eles passam por cada uma, escolhendo as falas, e então fazem uma cena ‘Frankenstein’ do nada.”, exemplificou.
Lacrar e lucrar
Em A Franquia não faltam momentos cômicos que surgem de situações como a da limusine. Em um episódio, o estúdio por trás do filme do super-herói Tecto é forçado a manter uma personagem viva, pois está sendo acusado de ser machista. Os envolvidos são obrigados a alterar diversas cenas, resumindo em uma grande piada a mentalidade de “lacrar e lucrar” que permeia muitas produções hoje. A situação então escala, e a atriz, que só queria se livrar do papel, acaba sofrendo com ameaças de morte de fãs mais extremos das HQs – atores de produções da Marvel, como Wyatt Ryssell e Simu Liu, passaram por isso na vida real.
Outro episódio mostra o diretor de Tecto descobrindo ter menos regalias do que o nome por trás do longa-metragem mais importante do estúdio, uma espécie de Vingadores criado para o universo ficcional de A Franquia. Ele fica possesso e ataca o set de filmagem rival com um carrinho de golfe.
São inúmeras as cenas exageradas, que se tornam ainda mais divertidas por terem sido inspiradas em acontecimentos reais. Ver atores de produtos da Marvel em papéis principais de A Franquia, como são os casos de Daniel Brühl e Richard E. Grant, também contribui para o deleite da série. A real é que nem mesmo os próprios artistas aguentam mais esse cenário sem criatividade da indústria cinematográfica.
Para quem não quer mais saber do próximo Batman ou do próximo Superman, assistir aos oito episódios de A Franquia é mais do que recomendável. Afinal, a novidade do Max mostra como o coro de descontentes com esse tipo de película está cada vez maior e mais barulhento. E o espectador ainda vai rir das boas sacadas de Brown, agraciado com dois Emmys por seu trabalho em Succession.
- A Franquia
- 2024
- Oito episódios
- Indicado para maiores de 16 anos
- Disponível no Max
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