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"Chimp Crazy" traz a história de Tonia Haddix e o chimpanzé Tonka
“Chimp Crazy” narra a história de Tonia Haddix e o chimpanzé Tonka| Foto: Max/Divulgação

Você ama mais o seu filho ou seu animalzinho de estimação? No caso da americana Tonia Haddix, a resposta seria que ela ama mais o seu chimpanzé. Essa é apenas uma das inúmeras esquisitices que o espectador encontra em Chimp Crazy, nova série documental do Max. Criada por Eric Goode, um dos diretores do sucesso A Máfia dos Tigres, esse lançamento acompanha a luta da mulher para proteger o seu bicho favorito de uma entidade de proteção aos animais. 

Não é que ela cuide mal do “pet” e de seus companheiros de cárcere. Justamente por amar o símio chamado Tonka, ela o trata como se fosse uma criança mimada: ele devora lanches felizes de uma rede de fast-food e bebe isotônicos de cores “radiotivas” indicados para atletas. É óbvio que essa dieta está longe de ser a mais saudável para um ser que vive em um cativeiro precário. Portanto, dá para entender a preocupação da justiça americana em retirar o animal das mãos de Tonia o quanto antes. 

No primeiro capítulo, Chimp Crazy apresenta os dois lados sem muito julgamento de valor. São as próprias imagens apresentadas, tanto de Tonia quanto dos protetores, que revelam o absurdo da situação. Conforme a série progride, fica nítido que a “Dolly Parton dos chimpanzés” não sabe o que está fazendo, e que seus animais são cuidados de maneira inadequada.  

A situação escala ao fim do episódio, quando os primatas finalmente são resgatados, mas Tonka não está entre eles. É nesse ponto que os produtores de Chimp Crazy descobrem que Tonia escondeu o chimpanzé, alegando para as autoridades que o símio de estimação morreu. 

Um palhaço no pedaço 

Diferentemente de A Máfia dos Tigres, o novo seriado sobre fanáticos em bichos acaba tendo seu curso completamente alterado pela própria equipe por trás da empreitada. Mesmo que o “amor de mãe” seja genuíno, Tonia está matando o seu bicho lentamente ao escondê-lo. Com a gravidade da situação, Eric Goode precisa escolher um lado, o que nunca é recomendado para um documentário. 

Acontece que ele não tem medo disso, afinal, o documentarista foge de uma abordagem tradicional desde o começo de Chimp Crazy. Como se tornou célebre ao mostrar as maluquices de Joe Exotic e seus tigres, Goode não poderia aparecer em frente às câmeras, pois nenhum dos malucos por chimpanzés teria coragem de falar com ele.

A saída encontrada por ele foi a de contratar um “diretor substituto” para fazer o trabalho sujo. O problema é que o escolhido para a direção é Dwayne Cunningham, um ex-palhaço que já ficou em cana por 14 meses, acusado de traficar animais em risco de extinção. Ele acaba se afeiçoando por Tonia ao longo da produção e sai em busca de uma saída para ajudá-la a se livrar da mentira na Justiça. No terceiro episódio, Cunningham se encontra com um advogado que dá uma sugestão ainda pior: matar o chimpanzé para fazer o problema sumir.

Gente descompensada

“Tenho certeza de que foi difícil para a equipe entender que talvez houvesse um bem maior em não agir tão rapidamente”, disse Goode, em entrevista recente ao jornal LA Times. Ele conta que a decisão de seguir com Cunningham como aliado era ligada a uma postura de “os fins justificam os meios”. Ou seja, ele segurou o máximo para garantir que sairia das gravações com um bom produto.  

“Foi um período muito perturbador. Conversava com meus amigos primatologistas e perguntava: ‘Se eu não fizer alguma coisa, esse chimpanzé vai ficar bem?’”, revela o americano. 

O documentário revela a condição precária em que os chimapanzés de Tonia viviam
O documentário explora a forma esquisita de Tonia tratar seus chimapanzés| Max/Reprodução

Repetindo a fórmula de A Máfia dos Tigres, Goode deixa a solução para o capítulo final, mantendo o espectador cada vez mais curioso para saber quem sairá beneficiado no meio de tanta gente descompensada. Mesmo que sua decisão de afetar diretamente o desfecho seja questionável do ponto de vista jornalístico, o documentarista acerta novamente ao oferecer uma história doida e bem diferente de seu sucesso anterior.   

Para quem se divertiu com os apaixonados por felinos, os excêntricos dos primatas serão igualmente contagiantes. Os episódios passam voando e não faltam cenas onde é possível questionar a sanidade dos envolvidos. Mas não que o produto não mereça questionamentos. O principal: até que ponto vale colocar um animal em risco em nome do entretenimento? 

  • Chimp Crazy
  • 2024
  • Quatro episódios
  • Indicado para maiores de 14 anos
  • Disponível no Max
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