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No Escape from Now

Tente conter as lágrimas com o documentário sobre últimos anos de Ozzy Osbourne

O cantor Ozzy Osbourne, que morreu em 22 de julho de 2025
O cantor inglês Ozzy Osbourne, que morreu em 22 de julho de 2025 (Foto: Divulgação Paramount)

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Apenas um coração de pedra é capaz de atravessar as duas horas do documentário Ozzy: No Escape from Now sem verter algumas lágrimas. Pode ser um espectador que tomou contato com o Príncipe das Trevas nos anos 70, quando ele cantava no Black Sabbath, ou alguém que o conheceu na fase solo oitentista, ou até quem ficou mais familiarizado com ele no seriado da MTV The Osbournes. Os olhinhos, em algum momento, vão fazer blu-blu.

O filme é um lançamento do serviço de streaming Paramount+ e documenta os últimos sete anos do cantor. Não foi um período tranquilo para Ozzy Osbourne. Ele sofreu uma queda ao voltar do banheiro para a cama que gerou uma série de cirurgias para recuperar seu pescoço, sendo que a primeira delas foi malsucedida. Os familiares mais próximos – a esposa e empresária Sharon e os filhos desse casamento, Aimee, Kelly e Jack – expressam muita raiva ao tratar desse procedimento, que limitou os movimentos do artista e o colocou em depressão profunda.

A derrocada de Ozzy foi agravada pela doença de Parkinson e uma série de graves problemas cardíacos que o afastaram dos palcos. Em meio a tantos infortúnios, ele ainda conseguiu gravar um álbum em 2020 (Ordinary Man) e outro em 2022 (Patient Number 9). São trabalhos esforçados de alguém que estava usando o tempo em estúdio como uma espécie de reabilitação, mas que não geraram nenhum clássico memorável, tanto que Ozzy: No Escape from Now é todo entrecortado por músicas do século passado.

De volta ao começo

O último quarto do filme foca o concerto de 5 de julho de 2025, em Birmingham, sua cidade natal, pensado para ser o último de sua carreira. Com auxílio de Tom Morello, guitarrista do Rage Against the Machine, Sharon Osbourne arregimentou um exército de lendas do rock pesado para prestar um tributo em vida ao marido. Ao final da celebração, Ozzy surgiu para cantar pela última vez os hits de sua carreira solo e fazer uma curta apresentação ao lado dos parceiros originais do Black Sabbath.

Trata-se do momento mais emotivo de Ozzy: No Escape from Now, com os músicos escalados para o evento chorando e imaginando se um dia terão uma despedida do mesmo naipe. Não terão. O show coletivo foi também uma espécie de funeral do rock, um gênero que sobreviveu muito bem durante seus primeiros 50 anos, mas entrou em decadência neste século, com baixa renovação de bandas e plateias, escorando-se demais em ícones e sucessos do passado e vendo o ocaso de seus últimos baluartes. Ozzy morreu 17 dias após a apresentação.

Apesar das dores no corpo, Ozzy sempre fazia alguma palhaçada na hora de gravar "No Escape from Now"Apesar das dores no corpo, Ozzy sempre fazia alguma palhaçada na hora de gravar o documentário (Foto: Divulgação Paramount)

Acompanhando a rotina do cantor nos meses que antecederam o espetáculo final, dá para dizer que foi um milagre aquele senhor de 76 anos tão debilitado subir ao palco e cantar suas canções na cidade inglesa. Apesar de todo o sofrimento captado pelo filme, várias passagens baixo astral são aliviadas por comentários jocosos de Ozzy, com seu típico humor britânico. Mas o que mais impressiona, além da reverência de seus colegas de profissão, é a dedicação dos seus familiares em fazer com que os últimos momentos do vocalista do Sabbath no planeta não fossem apenas de dor. Sharon, filhos e netos fizeram de tudo para que Ozzy tivesse uma passagem digna e isso também é muito tocante de se ver no documentário. Assista com um lencinho na mão.

  • Ozzy: No Escape from Now
  • 2025
  • 123 minutos
  • Indicado para maiores de 14 anos
  • Disponível no Paramount+

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