Woody Allen tem 88 anos de idade e uma carreira de mais de seis décadas no cinema. Dirigiu 50 filmes, incluindo clássicos da comédia como Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (1977), Manhattan (1979) e Hannah e Suas Irmãs (1986).
Nos últimos anos, teve a carreira prejudicada por acusações nunca comprovadas de pedofilia. Duas investigações policiais não acharam nenhum indício de crime. Mesmo assim, Allen não consegue mais filmar nos Estados Unidos. Seu filme mais recente, Golpe de Sorte em Paris, que estreou ontem no Brasil, foi filmado e produzido na França. Deve ser seu último trabalho. O que é uma pena, já que é um de seus filmes menos inspirados.
Golpe de Sorte em Paris percorre território bastante explorado em outros filmes de Allen: o do drama romântico que termina em caso policial. A história envolve Fanny (Lou de Laâge), uma linda funcionária de uma casa de leilões e casada com Jean (Melvil Poupaud), um homem de negócios que, por trás da fachada de sucesso e credibilidade, esconde histórias nebulosas. Numa coincidência típica dos filmes de Allen, Fanny está andando na rua quando esbarra em Alain (Niels Schneider), um escritor e antigo colega de classe, que sempre foi apaixonado por ela.
O “golpe de sorte” resulta num romance tórrido entre Fanny e Albert. Ela fica dividida entre a segurança e estabilidade do maridão rico e a aventura irresponsável, porém apaixonada, com o escritor. Parece clichê? E é mesmo. Até demais.
Fãs do cineasta vão lembrar imediatamente de outros filmes dele que lidam com amores que resultam em casos de polícia, como Crimes e Pecados (1989), Assassinato Misterioso em Manhattan (1993) e Match Point (2005). Outro desses filmes que mistura amor e crime é um dos melhores de Allen: Tiros na Broadway.
Personagens inesquecíveis
Lançado há exatos 30 anos, Tiros na Broadway é certamente um dos filmes mais engraçados do cineasta, uma história engenhosa e cheia de personagens inesquecíveis. O filme se passa no fim da década de 1920 e conta a história de um dramaturgo jovem e cheio de sonhos de grandeza, David Shayne (John Cusack), que chega a Nova York para tentar encenar sua primeira peça.
Shayne é um idealista e faz de tudo para conseguir financiamento, inclusive escalar no papel principal uma estonteante aspirante a atriz, Olive Neal (Jennifer Tilly), que vem a ser namorada de um violento gângster, Nick Valenti (Joe Viterelli). Não importa que Olive tenha o talento dramático de um espantalho. Vale tudo para financiar a peça.
O elenco vai se formando com rebotalhos da Broadway, como a decadente dama do teatro Helen Sinclair (Dianne Wiest) e o ator britânico Warner Purcell (Jim Broadbent), que sofre com problemas de balança. Mas a coisa esquenta mesmo quando entra em cena Cheech (Chazz Palminteri), um mafioso assassino que é mandado por Nick Valenti para acompanhar a amante, Olive. Cheech acaba se interessando pela peça mais do que Shayne gostaria.
Escrito por Woody Allen e pelo ator e roteirista Douglas McGrath, Tiros na Broadway foi indicado com justiça a seis Oscars, incluindo Melhor Diretor (Allen), Ator Coadjuvante (Palminteri), Roteiro Original e, num fato raro, recebeu duas indicações ao mesmo prêmio, o de Atriz Coadjuvante, com Meg Tilly e Dianne Wiest. Esta venceu e levou para casa seu segundo Oscar. O primeiro foi em outro filme de Allen, Hannah e Suas Irmãs.
Nesses 30 anos, Tiros na Broadway não perdeu nada da graça e leveza. Com diálogos hilariantes e situações cômicas inusitadas, permanece como um dos grandes momentos cômicos da carreira de Woody Allen, diferentemente de Golpe de Sorte em Paris.
- Tiros na Broadway
- 1994
- 98 minutos
- Indicado para maiores de 12 anos
- Disponível no Prime Video
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