Na semana passada, publiquei aqui na Gazeta do Povo uma lista com três aventuras sensacionais que podem divertir tanto pais quanto filhos. Agora, seguindo a mesma ideia, faço uma seleção de três excelentes comédias para se ver em família neste fim de período de férias escolares.
O Circo (Charles Chaplin, 1928)
Escolher o melhor filme de Charles Chaplin é difícil, tantas são as obras-primas dirigidas por ele. Se você quer se emocionar, não é fácil superar O Garoto (1921) ou Luzes da Cidade (1931). Se quiser rir, Em Busca do Ouro (1925) é uma ótima opção. Um filme menos falado, mas que certamente figura entre os grandes feitos de Chaplin é O Circo. Periga ser a sua obra mais engraçada, e é um prodígio de técnica e inventividade cinematográfica.
O Circo foi a filmagem mais atribulada da carreira de Chaplin. Um incêndio no estúdio, a morte da mãe de Chaplin, e o pedido de divórcio da atriz Lita Grey, segunda esposa do cineasta, atrasaram o fim das filmagens em quase um ano. Mas o resultado compensou: o filme tem algumas das sequências mais hilariantes criadas pelo gênio, e o número em que ele tenta se equilibrar numa corda suspensa enquanto é atacado por um exército de macacos figura em qualquer antologia de melhores cenas do cinema mudo.
Onde assistir: Globoplay e Telecine.
Os Safados (Frank Oz, 1988)
Os Safados (Frank Oz, 1988)
Um dos filmes mais engraçados já feitos. Michael Caine faz Lawrence Jameson, um picareta de alta classe especializado em dar golpes em idosas milionárias que passam as férias na Riviera Francesa, quando tem sua vida atrapalhada pela chegada em cena de Freddy Benson (Steve Martin), um trambiqueiro de terceira categoria que ameaça os negócios de Jameson. Os dois fazem uma aposta: quem conseguir arrancar uma grana de uma rica herdeira de um império de fábrica de pastas de dente, Janet Colgate (Glenne Headley), fica com a Riviera toda para si.
Os Safados é refilmagem de Bedtime Story (Ralph Levy, 1964), em que David Niven e Marlon Brando faziam os papéis que depois ficariam, respectivamente, com Michael Caine e Steve Martin. Mas a refilmagem – caso raro – é infinitamente mais engraçada, até pela química impressionante entre Caine e Martin.
Onde assistir: disponível no MGM+ e para locação via AppleTV, Google Play e Amazon.
Um Peixe Chamado Wanda (Charles Crichton, 1988)
Em 1969, John Cleese era integrante da trupe cômica britânica Monty Python e Michael Crichton era um cineasta consagrado e conhecido por dirigir inúmeras comédias para os estúdios Ealing, incluindo O Mistério da Torre, com Alec Guinness. Os dois eram amigos e queriam fazer um filme juntos. O desejo só se concretizou quase vinte anos depois, quando Crichton já tinha 78 anos e não dirigia um filme há mais de uma década.
A espera valeu a pena: Um Peixe Chamado Wanda era uma joia rara. O filme parodiava os thrillers ingleses dos anos 1960 e 1970 sobre assaltos engenhosos, como Um Golpe à Italiana (1969), com Michael Caine, contando a história de uma gangue de bandidos que executa um perfeito roubo de joias e depois se esfacela quando todos começam a trair os companheiros.
Cleese indicou para o papel de um dos bandidos seu chapa no Monty Python, Michael Palin (que faz um delinquente gago e amante de animais), e também chamou o engraçadíssimo Kevin Kline (que ganhou um Oscar pelo filme) e a sensual e divertida Jamie Lee Curtis. Kline e Curtis interpretam um casal de amantes que tenta ficar com as joias. Cleese faz Archie Leach, um advogado careta que cai de amores pela personagem de Curtis (“Archie Leach” é o nome verdadeiro de Cary Grant, ator que Cleese quis homenagear no filme).
Extremamente bem escrito e atuado, Um Peixe Chamado Wanda é um deleite, uma comédia para jovens e adultos que mistura comédia física (Cleese está engraçado DEMAIS) com um texto irretocável.
Onde assistir: disponível no MGM+ e para locação via AppleTV e Amazon.
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