O cinema alemão sempre teve uma forte presença no mundo audiovisual. Isso vem desde os primórdios da arte, com O Gabinete do Dr. Caligari (1920), Nosferatu (1922) e Metrópolis (1927), até os dias atuais. Na virada do século e em sua primeira década, vários títulos germânicos furaram a bolha cinéfila, vide Corra, Lola, Corra (1998), o “oscarizado” Lugar Nenhum na África (2002), Adeus, Lenin! (2003), A Queda! As Últimas Horas de Hitler (2004), Uma Mulher Contra Hitler (2005), o também “oscarizado” A Vida dos Outros (2006) e A Fita Branca (2009).
É bem verdade que nos últimos tempos apenas o grandioso Nada de Novo no Front (2022) conseguiu ir além das salas de cinema mais cult. Mas a produção alemã segue de vento em popa, conforme indica a lista a seguir, feita com filmes disponíveis no streaming. São obras em que os protagonistas são submetidos a pressões cavalares, mas que a resiliência do povo daquela nação consegue equacionar.
A Sala dos Professores (2023)
Recém-chegado às plataformas, o longa-metragem de Ílker Çatak concorreu como Melhor Filme Internacional no último Oscar (a Alemanha bate cartão na categoria desde seu surgimento). O filho de imigrantes turcos dirige esse thriller escolar focado na figura de Carla Nowak (Leonie Benesch), uma professora de sexta série bastante idealista que se vê no meio de um problemaço. Há uma série de furtos ocorrendo na escola em que ela leciona e as investigações internas são eivadas de preconceito. A professora então decide deixar seu laptop com a câmera ligada na sala dos professores e consegue captar o braço de uma pessoa adulta roubando dinheiro de sua carteira. Pela blusa, chega-se a uma funcionária da escola, mãe do melhor aluno da classe de Carla.
Os vários dramas vividos pela maestra na situação é o que faz A Sala dos Professores valer a pena. Ela é cobrada pelos colegas, que desejam envolver profissionais externos para resolver o caso, pelos alunos, que se unem e usam o jornalzinho interno para questionar seus métodos, e pela funcionária suspeita, que nega ter envolvimento com qualquer roubo. Mas o que mais pesa em sua consciência é a situação do filho da funcionária, um aluno tão brilhante quanto valente, que leva sua convicção sobre a inocência da mãe até as últimas consequências. O final do filme não é dos mais satisfatórios, mas a jornada até ele é.
Onde assistir: Max, ClaroTV+, Filmicca ou aluguel via Apple, Amazon e Microsoft.
A Porta ao Lado (2021)
Esse vai emocionar quem adora Adeus, Lenin! Isso porque Daniel Brühl, ator revelado no filme de 2003, faz sua estreia como diretor em A Porta ao Lado. Ele também encara o papel principal do longa: um ator ensimesmado e narcisista igualmente chamado Daniel, que está prestes a voar de Berlim para Londres e acertar sua participação num blockbuster. No bar onde faz hora para chamar o táxi que o levará ao aeroporto, ele conhece Bruno (Peter Kurth), um senhor misterioso que acaba se revelando um verdadeiro pesadelo para o ator.
Bruno é, na verdade, vizinho de Daniel e tem muitos problemas em relação a isso. O filme é todo baseado no diálogo entre os dois. Bruno expondo suas questões com o famoso e Daniel percebendo que caiu numa arapuca de um stalker. Como a maior parte da ação se passa no bar, com poucas testemunhas em volta, A Porta ao Lado tem um certo clima de peça de teatro, porém sem nunca ser aborrecido. E as atuações de Brühl e Kurth não permitem que o espectador desgrude da tela.
Onde assistir: Max
Em Pedaços (2017)
Talvez seja o grande trabalho de Fatih Akin, diretor que tem a produção mais vistosa entre seus contemporâneos. Curiosamente, assim como Çatak, ele é filho de turcos, e a intolerância com imigrantes está na raiz de Em Pedaços. O filme narra a história de Katja (Diane Kruger, vencedora do prêmio de Melhor Atriz em Cannes pelo papel), que perde seu marido curdo e o filho num ataque terrorista. O casal suspeito de plantar a bomba é neonazista e conta com suporte internacional para tentar se safar do crime.
No primeiro terço de Em Pedaços, o luto dessa esposa e mãe dedicada é que dá o tom. Katja fica realmente “em pedaços” com a tragédia e flerta com o suicídio. O segundo terço é um drama de tribunal, em que ela conta com a ajuda de um amigo advogado para encarcerar os nazistas. A vontade de fazer vingança com as próprias mãos arremata esse longa dilacerante, que abala quem o assiste.
Uma curiosidade é que o título do filme em inglês é In The Fade, nome de uma das melhores músicas da banda de rock Queens of the Stone Age. Não é por acaso. Josh Homme, o líder do grupo, assina a trilha sonora original e ainda escolheu as canções que embalam o thriller. Já em Portugal, seguindo a lógica peculiar do país, o filme foi batizado de Uma Mulher Não Chora.
Onde assistir: Reserva Imovision
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