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Com Tom Hanks

Wilson, o bebê reborn do filme “Náufrago”, acaba de completar 25 anos

No filme "Náufrago", Chuck (Tom Hanks) sobrevive em uma ilha deserta com Wilson, sua única companhia
"Náufrago" traz Chuck (Tom Hanks) e Wilson enfrentando quatro anos de solidão em uma ilha (Foto: Divulgação/ DreamWorks Pictures)

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Com essa infeliz tendência dos bebês reborn, a imagem do personagem de Tom Hanks, Chuck Noland, ilhado e gritando “Wilson! Wilson! Wilson!” às lágrimas pela bola de vôlei que lhe fazia companhia no filme Náufrago (Cast Away), logo vem à mente. Realmente, um homem adulto chorando com medo de perder um objeto inanimado só faz sentido em meio à solidão terrível como a daquele náufrago retratado no filme, que permaneceu quatro anos isolado sem qualquer contato humano.

Neste ano, o filme Náufrago (Cast Away), dirigido por Robert Zemeckis e estrelado por Tom Hanks, completa 25 anos desde seu lançamento. E, além de constatar como a obra permanece atual — um verdadeiro clássico —, o longa-metragem expôs, por meio do bebê reborn da época, o Wilson, como o ser humano precisa de conexão e comunicação para manter sua sanidade e vitalidade emocional.

Em Náufrago, Chuck Noland (Tom Hanks) sobrevive com Wilson, a bola que virou seu único amigo na ilha desertaIsolado do mundo, Chuck (Tom Hanks) transforma dor em força no impactante drama "Náufrago"

Por sua vez, a moda atual dos bonecos hiper-realistas evidencia que a sociedade está adoecendo. Indivíduos carentes, narcisistas ou em desconexão social prescindem de filhos verdadeiros para “adotar” a fantasia infantil de quem nunca amadurece. Mergulhadas em redes sociais, algumas pessoas vivem como náufragos — em ilhas solitárias, onde as relações com pessoas reais são superficiais, enquanto projetam suas emoções em bonecos artificiais

Assim como Chuck atribui características humanas à bola Wilson para enfrentar sua solidão, muitos hoje encontram nos bebês reborn uma bengala emocional descartável. “Por que você levou um bebê reborn para a ilha, Chuck?” Ele poderia ter dito: — “Ora, ele não reclama, não come e ainda me olha com carinho. É o parceiro ideal!”. Talvez por isso Wilson tenha feito tanto sucesso — uma metáfora poderosa da fragilidade emocional humana diante do isolamento. 

Relembre o enredo

Além do improvável protagonismo que a bola de vôlei teve no filme, Náufrago, lançado em 2000, acompanha a jornada de Chuck Noland, um dedicado executivo da FedEx vivido por Tom Hanks. No auge de sua carreira, Chuck é um homem obcecado pelo tempo e pela produtividade — características que o afastam de sua noiva Kelly (Helen Hunt) e de uma vida pessoal equilibrada. Durante uma viagem de trabalho, no Natal, o avião cargueiro em que está sofre uma queda no meio do Oceano Pacífico, deixando-o como único sobrevivente. A partir desse ponto, o filme abandona a urbanidade para envolver o espectador com uma narrativa crua de sobrevivência em uma ilha deserta. 

Após o naufrágio, o protagonista é forçado a reaprender a viver com o mínimo. Sem acesso à tecnologia ou comunicação, ele precisa improvisar para garantir comida, abrigo e, principalmente, manter sua sanidade. Como já adiantado, um dos momentos mais marcantes do filme é quando ele encontra uma bola de vôlei da marca Wilson, na qual desenha um rosto com seu próprio sangue, transformando-a em seu amigo imaginário. Wilson torna-se sua âncora emocional — uma forma de suportar a ausência total de companhia e afeto. 

O filme avança pelos quatro anos em que Chuck permanece na ilha, mostrando não apenas sua transformação física, mas, sobretudo, sua mudança emocional e existencial. Quando finalmente consegue escapar da ilha em uma balsa improvisada e é resgatado, retorna a um mundo que seguiu sem ele — sua noiva está casada e tudo o que conhecia foi redefinido. A última parte do filme é melancólica, não apenas por suas perdas, mas pela constatação de que a verdadeira jornada de Chuck não foi apenas sobre voltar para casa, mas sobre descobrir quem ele se tornou após tudo o que viveu. 

Curiosidades sobre o clássico

A concepção do filme começou com Tom Hanks, que se inspirou ao ler sobre a quantidade de voos da FedEx sobre o Oceano Pacífico e imaginou o que aconteceria se um deles caísse. Ele compartilhou a ideia com o diretor Robert Zemeckis e com o roteirista William Broyles Jr., que se engajou profundamente na pesquisa para tornar a história autêntica. Broyles chegou a se isolar em uma ilha no Golfo da Califórnia, onde enfrentou desafios reais de sobrevivência, como caçar arraias e construir abrigo — experiências que influenciaram diretamente o roteiro do filme. 

Uma observação notável de Náufrago é a transformação física e emocional de Tom Hanks. Para retratar com veracidade a deterioração de Chuck ao longo dos anos na ilha, as filmagens foram interrompidas por um ano, período em que Hanks perdeu cerca de 23 quilos, deixou crescer barba e cabelo, e adquiriu um bronzeado natural. Durante esse hiato, a mesma equipe de produção filmou o suspense Revelação (What Lies Beneath). 

O impacto cultural de Náufrago é inegável. A bola Wilson tornou-se um ícone, sendo leiloada em 2021 por cerca de R$ 1,6 milhão. Além disso, o filme influenciou outras obras, como a série Lost, que explorou temas semelhantes de isolamento e sobrevivência.

Bebês reborn passarão, mas Wilson permanecerá

Em suma, Náufrago permanece relevante ao abordar temas universais como a resiliência humana, a necessidade de conexão e a capacidade de encontrar significado mesmo nas situações mais adversas. A história de Chuck Noland e sua relação com Wilson continua a ressoar com o público, lembrando-nos da importância dos laços afetivos na jornada humana. 

Naturalmente, Wilson foi uma das escolhas narrativas mais elogiadas de Náufrago — inovadora, simbólica e capaz de gerar empatia de maneira inesperada, já que, paradoxalmente, o público se emocionou mais com a bola de Chuck do que com muitos personagens humanos em outros filmes. Por fim, se no papel podia parecer uma ideia arriscada, na prática ela se tornou um dos ícones mais memoráveis do cinema moderno. 

  • Náufrago
  • 2000
  • 143 minutos
  • Indicado para maiores de 12 anos
  • Disponível na Netflix, Telecine e para locação e compra em Apple TV e Amazon

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