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Obras raras conta a história de Curitiba na Casa da Memória.
Obras raras conta a história de Curitiba na Casa da Memória.| Foto: Leticia Akemi / Gazeta do Povo

A página 32 do “Livro Tombo da Câmara da Villa de Curytiba” é uma espécie de certidão de nascimento da cidade. Datada de 29 de março de 1693, é o documento fundador dos poderes Legislativo e Judiciário da atual capital do Paraná.

A ata está assinada por pioneiros, como o bandeirante paulista Mateus Leme, que foi nomeado capitão-povoador do território e organizou aqui as primeiras eleições.

"Certidão de nascimento" de Curitiba. Acervo Casa da Memória.
"Certidão de nascimento" de Curitiba. Acervo Casa da Memória.

O volume deste Livro Tombo - manuscrito, com capa de couro e pouco mais de 100 páginas - é a mais importante relíquia da Casa da Memória de Curitiba.

Lá estão os primeiros atos administrativos referentes a Curitiba, entre 1668 e 1694. O conteúdo está todo digitalizado.

Há outros tesouros no acervo, como os chamados Livros da Porta. Preenchidos de 1885 e 1887, esses livros são cadernos enormes onde eram anotadas providências requeridas pelos moradores à administração da cidade.

Pedidos de autorização para construir, reformar e vender imóveis - e pagamentos de tributos feitos ao fisco entre outras atividades do cotidiano da cidade à época.

Livro de Portas: usos e costumes da Curitiba antiga. Acervo Casa da Memória.
Livro de Portas: usos e costumes da Curitiba antiga. Acervo Casa da Memória.

Esses documentos são denominados de obras raras e ficam guardadas em ambientes sujeitos a controle de temperatura, umidade e isolado dos demais setores da Casa da Memória.

São parte do conjunto de cerca 500 mil documentos que ajudam a contar e entender a história da cidade desde sua fundação.

Inaugurada em maio de 1981, a Casa da Memória é uma unidade da diretoria de patrimônio da Fundação Cultural de Curitiba (FCC).

Entre os itens catalogados e conservados na Casa da Memória estão mapas antigos que mostram a cidade com algumas dezenas de casas, além de manuscritos, plantas de projetos, periódicos, registros, folhetins, livros, caricaturas e rótulos.

Primeira edição do livro de Saint Hilaire traduzido por David Carneiro. Foto: Letícia Akemi.
Primeira edição do livro de Saint Hilaire traduzido por David Carneiro. Foto: Letícia Akemi. | Leticia Akemi

Também fazem parte do acervo peças curiosas - como os cerca de 14 mil cartazes publicitários e de espetáculos, correspondências trocadas pelo artista visual curitibano Poty Lazarotto com familiares e o convite para a inauguração da Ponte da Amizade, ligação entre Brasil e Paraguai inaugurada em 1965.

Estão à disposição do público para pesquisas pastas com informações sobre temas diversos e outras com fotografias CDs, DVDs e fitas-cassetes.

Destaques do acervo são as cerca de 200 mil fotografias de que mostram famílias, bairros e construções da cidade em diferentes épocas. Obras importantes como a do fotógrafo Arthur Wischral estão entre elas.  Cerca de 40 mil delas já estão digitalizadas e indexadas.

“A Casa da Memória tem um papel fundamental para Curitiba, pois guarda boa parte de nossa documentação e fotografias antigas. É o depositário da memória e da história da cidade. Nossa equipe está sempre pesquisando em um trabalho permanente”, diz o historiador Marcelo Sutil, diretor do Patrimônio Cultural, da FCC.

Sutil conta que o embrião da atual Casa da Memória foi a fundação da Casa Romário Martins, criada em 1973. Foi nela que aconteceram as primeiras exposições históricas e onde teve início o trabalho de recolher e agrupar documentos antigos e fotografias. “Antes, esses documentos ficavam espalhados: em órgãos da prefeitura, em outras entidades ou mesmo guardados com famílias da cidade”, conta o historiador.

Em 1981, com o crescimento do acervo e da procura pelo público, foi criada, oficialmente e com esse nome, a Casa da Memória. O órgão passou por três sedes até que, no ano 2000, mudou-se, em definitivo, para o prédio que ocupa hoje.

Como consultar o acervo

A casa da Memória de Curitiba. Foto: Letícia Akemi
A casa da Memória de Curitiba. Foto: Letícia Akemi| Leticia Akemi

Dentro do prédio vermelho que abriga a Casa da Memória, no Largo da Ordem, ficam a biblioteca, que é o local com espaço para receber o público para as pesquisas; o setor de pesquisas e a reserva técnica – espaço onde ficam acondicionadas as obras raras.

O local é aberto à visitação gratuita. Caso queira ver algum item específico, o usuário pode antecipar a pesquisa que deseja fazer por meio de um formulário próprio, disponível no final da página do site da Casa da Memória.

No máximo três dias depois, com a ajuda de estagiários da área de História, o material requisitado estará disponível para consulta local.

Segundo Sutil, o público que procura a Casa da Memória é “bem diversificado.” Estudantes do ensino médio, mestrandos, doutorandos, historiadores, arquitetos, engenheiros, escritores, além da imprensa nacional e estrangeira que costuma recorrer ao acervo. O espaço recebe cerca de mil pedidos de pesquisa por ano.

Serviço

Onde: Rua São Francisco, 319, no Largo da Ordem
Contato: (41) 3321-3236 e casadamemoria@fcc.curitiba.pr.gov.br
Funcionamento: de segunda a sexta-feira, das 9h às 12h e das 14h às 18h.
Ingresso: gratuito

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