Após mais de um ano de pandemia, ainda é comum andar pelas ruas de Curitiba e notar placas de “aluga-se” em fachadas de prédios comerciais. Cenário preocupante, mas que dá os primeiros sinais de mudança. A desocupação comercial no mês de julho teve queda de 38,5%, em relação à registrada no mesmo período do ano anterior, segundo dados do Instituto Paranaense de Pesquisa e Desenvolvimento do Mercado Imobiliário e Condominial (Inpespar), do Sistema Secovi-PR.
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Um sistema utilizado pela Associação Comercial do Paraná (ACP), que verifica anúncios em sites de imobiliárias, aponta que o número de espaços comerciais desocupados em Curitiba é de aproximadamente 18.426. A análise considera uma possibilidade de 30% de anúncios duplicados, o que reduziria os imóveis vagos para 12.898. Mas o que representam estes números?
Para o vice-presidente da ACP, Jean Michel Galiano, no contexto da pandemia o desempenho no setor é melhor do que o esperado, já que o número de locais disponíveis pode ser considerado baixo em caso de retomada com força da economia. “Com o fim da recessão em 2018, houve uma pequena reação, mas não deu para desenvolver grandes projetos. Em seguida, já veio a pandemia. A quantidade de imóveis comerciais em oferta diminuiu aproximadamente 25%, porque ninguém mais construiu. Na primeira reação que o Brasil tiver, tudo indica que vai faltar imóvel”, prevê.
A intenção de locação deste tipo de imóvel cresceu 13% entre janeiro e julho deste ano, de acordo com a Associação Comercial do Paraná (ACP). Entretanto, quando comparado ao mercado imobiliário de maneira geral, a consolidação das negociações mostra um aumento tímido: no mesmo período, os pontos comerciais representaram 15,7% de todos os espaços locados no período, enquanto no ano anterior eram 14,3% do total. “Tudo depende se a inflação vai permitir a concretização desses aluguéis. Hoje é um momento muito diferente, são muitos elementos para montar um negócio”, aponta Galiano.
Entre janeiro e julho de 2021, houve um aumento de 0,9 ponto porcentual no aluguel de imóveis comerciais na faixa de valores entre R$ 901 e R$ 1.200, o que mostra uma busca por construções de menor valor, que neste caso, totalizam 24,9% dos imóveis locados. Outras faixas que apresentaram aumento de locação no período destacado foram as que envolvem aluguéis entre R$ 2.500 a R$ 3.000 e de R$ 3.001 a R$ 3.500, com aumentos de 0,6 e 0,5 pontos porcentuais, respectivamente.
O presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Paraná (Creci), Luiz Celso Castegnaro, ressalta que o valor médio do aluguel chegou a diminuir com a pandemia, “mas foi uma negociação temporária”. De acordo com Galiano, o reajuste do IGP-M (Índice Geral de Preços-Mercado), que em maio deste ano registrou alta de 37,04% em 12 meses, segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV), ainda não está sendo repassado totalmente aos locadores. “[O reajuste] está ficando entre 10%, 15%, 40% ou até 50% do índice, então diminuiu por esse lado. Mas há uma adequação do mercado por causa da inflação; se ela sobe, o aluguel também tem que subir. Ainda está oscilando”, diz.
Uma saída é a adequação dos tamanhos dos imóveis
O vice-presidente da ACP observa ainda que a desocupação não foi ocasionada apenas pela pandemia, e sim como consequência de fatores como a recessão econômica anterior a 2018; a popularização dos coworkings; e a diminuição da necessidade de espaço em função do uso da tecnologia. “A pandemia só intensificou esse movimento”, relata. Além disso, Castegnaro afirma que, apesar de haver imóveis fechados pela cidade, não quer dizer que estejam todos disponíveis. “Em alguns casos, o comerciante deu um tempo, mas não entregou o imóvel, pois negociou uma redução e tem a perspectiva de voltar ao normal. Antes da pandemia, muitos comércios de rua também migraram para shoppings”, comenta.
Para que o setor tenha resultados positivos nos próximos meses, Galiano alerta que é necessária uma mudança de pensamento por parte das empresas, mas também pelos donos de imóveis. “É preciso adequá-los para tamanhos menores. Esse é um modelo que já estava acontecendo e, com a pandemia, veio pra ficar”, ressalta. Além disso, a expectativa é de que o setor se mantenha estável, sem sinal de piora. “Apesar da tendência para o endividamento, a nossa estatística de locação demonstra que não haverá inadimplência”.
No ponto de vista de Castegnaro, o cenário é de otimismo: “O mercado imobiliário atravessou muitas situações difíceis, mas sempre vão ter imóveis prontos para serem locados e bancos com taxas mais baixas estimulam os negócios”.
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