O motorista de aplicativo que teria se recusado a transportar uma mulher deficiente visual com cão-guia na sexta-feira (9), em Curitiba, disse que tudo não passou de um “mal-entendido”. O condutor afirmou que está preocupado com a suspensão aplicada pela empresa 99 - sem que sua versão dos fatos fosse ouvida. Ele terá de ficar mil dias sem trabalhar na plataforma.
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“Foi um mal-entendido. Quando cheguei no local indicado, parei o carro e esperei. De repente surgiu um garoto, de uns 12 anos, com um cachorro dizendo que o bicho era grande, mas era mansinho. Eu disse para ele que não levava cachorros, que ele era muito grande. Achei que o menino ia sozinho com o cachorro. Não percebi que logo em seguida chegou a moça. Eu não sabia que era um cão-guia”, disse o motorista, que preferiu não se identificar.
Ao perceber que a passageira era deficiente visual, segundo o motorista, ele não teve tempo de argumentar. “Ela sentou no carro e disse que eu ia levar o cachorro sim, que ela não ia sair do carro e que ia chamar a polícia. O motorista, que tem 43 anos, é pai de três filhos e tem um neto. “Se eu visse que ela estava com o cachorro, tudo bem. Mas eu não vi. Só vi que ela era deficiente visual depois”, lamentou.
Quando se negou a levar o cachorro e o menino, segundo ele sem saber que a mulher era deficiente visual, o motorista quis apenas evitar algum incidente. “Ela podia ter chamado outro carro, mas resolver fazer isso. Se um cachorro defeca ou vomita no carro, preciso mandar lavar, pagar isso e ficar dois dias sem trabalhar. É daqui que tiro o sustento da minha família. Aliás, tirava né?”.
Suspensão e decepção
O motorista se disse inconformado com a situação, já que considera que teria sido praticamente banido da plataforma. “Eles me suspenderam até 2022, ou seja, me baniram. Eu vivo disso. Vou ter que procurar outro emprego, pois tenho que pagar o carro que financiei para trabalhar. E me baniram sem nem me ouvir, sem saber o que aconteceu”, disse. O motorista disse que tem pontuação 4.88 estrelas no aplicativo e cerca de 8 mil corridas nunca teve nenhum problema na plataforma.
Decepcionado, o motorista disse que não tem nem vontade de trabalhar mais para o aplicativo e só quer justiça pelo que foi feita com a sua reputação de motorista.
Empresa se posiciona
A empresa se pronunciou sobre a reclamação do motorista com seguinte nota oficial, que confirma a suspensão do motorista até o final da investigação do caso:
“A 99, plataforma que conecta motoristas autônomos a passageiros, informa que recebeu a denúncia envolvendo Dayane Rubalo e está buscando contato para lhe oferecer suporte. A empresa bloqueou preventivamente o motorista enquanto apura o caso, buscando contato com todas as partes envolvidas. A 99 esclarece que analisa os incidentes caso a caso e solicita às partes o Boletim de Ocorrência para acompanhar a denúncia enviada. Nesse ínterim, fazemos o bloqueio enquanto as autoridades investigam o caso.
Os termos de uso do aplicativo estabelecem que motoristas parceiros não podem discriminar ou selecionar passageiros por quaisquer motivos, além de tratá-los com boa fé, profissionalismo e respeito. A empresa orienta e sensibiliza seus parceiros a atenderem passageiros com deficiência visual e seus respectivos cães guia com gentileza e respeito, conforme direito previsto em lei.
O condutor pode recorrer pelo telefone 0800-888-8999. A equipe de segurança orienta que a parte que está recorrendo faça um Boletim de Ocorrência para que a companhia possa acompanhar a denúncia enquanto as autoridades realizam a investigação. Enquanto o caso não é esclarecido, o acesso ao aplicativo fica cancelado”.
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