Pai e filho dividem uma grande paixão: carros antigos. Isso mudou e fortaleceu a relação dos dois. Augusto Rieper Silva, 19 anos, completou o curso técnico em Manutenção Automotiva no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e acabou despertando o interesse do pai em voltar a estudar. Depois de mais de 30 anos longe das salas de aula, Swami Faria da Silva, 57 anos, decidiu que ainda era tempo de aprender. Entenda como tudo começou:
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Quando Augusto estava para concluir o Ensino Médio, os pais procuraram uma escola que oferecesse também opções de carreira. “Mas, no caso dele, nós precisávamos encontrar uma escola que também se preocupasse com uma questão específica, já que o meu filho tem dislexia e Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). Foi quando encontramos o Senai”, lembra Swami. Lá a família tinha a opção de conciliar a conclusão do Ensino Médio no Colégio Sesi e o curso técnico em Manutenção Automotiva no Senai, na unidade do bairro Boqueirão. “Assim, Guto teve a oportunidade de conciliar um hobby e vislumbrar um mercado para atuar no futuro”, explicou o pai, destacando que a paixão pelos carros motivou diretamente o rapaz a escolher o curso técnico.
Além de reforçar a paixão, o curso a multiplicou. No fim de 2018 Augusto terminou sua formação, mas a história não parou por aí. Em abril de 2019 o pai, diretor-presidente de uma multinacional, matriculou-se no mesmo curso. “Como eu trabalho o dia todo, resolvi fazer o semipresencial, que estuda em casa e faz aulas aos sábados. De qualquer forma, ter visto como foi o curso para o meu filho, ainda mais com a questão da dislexia, me motivou a voltar a estudar, mesmo tanto tempo depois”.
Segundo Swami, que se formou em engenharia mecânica em 1984, voltar para sala de aula tem sido uma experiência única. “Muito interessante. Acabei convidando alguns amigos e um deles aceitou. Então estou eu e meu amigo, que somos os ‘mais velhinhos’, no meio da garotada. Tem o contraste, mas ao mesmo tempo em que vemos que temos experiência, tem uns meninos que já estão num nível bem à frente”, brincou Swami.
Relação fortalecida
Decididos a comprar um carro antigo para reformar, pai e filho foram até o interior do Rio Grande do Sul buscar um Ford Prefect 1938. “Joguei a metade do valor que o vendedor pedia e ele aceitou, então fomos até lá e comprei o carro, que estava dentro de um barracão”.
Swami lembra que o carro parecia estar bem cuidado. “Mas trouxemos para Curitiba e, quando começamos a mexer, descobrimos que precisava de uma geral. Resolvemos fazê-lo do zero e dali em diante começamos a fazer as coisas juntos. Corri atrás de peças e decidimos fazer o carro do jeito original, mas dando o nosso toque como podíamos”.
O empenho acabou fortalecendo ainda mais a parceria dos dois e isso foi reconhecido e premiado em todas as exposições que a dupla participou, devido à raridade e originalidade do carro. “Guto acompanhou ativamente a restauração do nosso ‘velhinho’. Me acompanhava nas visitas à oficina, nas decisões de quais peças trocar e até mesmo de qual cor pintar”, contou Swami. O carro ficou tão perfeito que os dois conseguiram até se integrar a grupos internacionais dedicados ao veículo.
Atualmente, pai e filho trabalham a reforma de uma pick-up F100 1964. Desta vez, a ideia é transformá-lo em um ‘Hot Rod’, que seria um carro moderno, seguro e veloz, com aparência de um automóvel antigo. “Este é o nosso ‘dino’, de dinossauro, por ser grande e barulhento. Como não temos uma oficina, contamos com ajuda de um mecânico que faz o trabalho, mas o carro vai ficar muito show”, disse Swami, reforçando ainda que pensa em montar alguma coisa, como uma oficina de restauração, mais para frente, para que possa trabalhar ao lado do filho.
A paixão por carros, além de inspirar o pai a fazer um novo curso, ainda os aproxima mais a cada dia. “É difícil o dia que vamos dormir sem conversar ou trocar mensagens sobre veículos, corridas, drifts, ou seja, tudo que tem motores e rodas”, disse o pai. Já para Augusto, que fala muito pouco - mais por timidez do que pela dislexia em si -, a relação com seu pai só melhorou. “A gente sempre foi parceiro, mas agora ficamos ainda mais amigos”, comentou o rapaz. “Pra nós foi uma surpresa e isso fez com que ele se desenvolvesse muito. Deixamos de ser pai e filho para sermos amigos”, completou o pai.
Conquista celebrada
A gerente de educação profissional do Sistema Fiep, Vanessa Sorda Frason, disse que o Senai enxerga com bons olhos o que aconteceu com pai e filho. “Isso só mostra às pessoas que nunca é tarde e sempre há coisas a serem aprendidas e desenvolvidas. Nesse caso, eles aliaram um hobby da família a uma formação técnica e acabaram se unindo muito mais enquanto pai e filhos e desenvolvendo uma atividade que é agradável para os dois”.
Vanessa destacou que, no caso de Augusto, o atendimento foi diferenciado, mas o rapaz era visto como um aluno comum em sala de aula. “Trabalhamos com uma metodologia de inclusão desses alunos, então todo o processo pedagógico de trabalho em equipe, de desenvolvimento de projetos, favorece o atendimento destes alunos. Existe, sim, um acompanhamento especial, mas quando há necessidade. O que buscamos é incluir estes alunos no dia a dia das necessidades pedagógicas”.
Segundo Vanessa, as relações familiares são fundamentais para o aprendizado. “Trabalhamos sempre para o desenvolvimento profissional e que todas as competências sejam potencializadas. Temos inúmeros casos de alunos que saem do sistema e conseguem alcançar novos voos. A nossa ideia é sempre colocar os alunos no mercado de trabalho para desenvolver todas as competências possíveis”, explicou a gerente de educação, destacando ainda que as inscrições estão abertas para o segundo semestre.
Para conferir a unidade mais próxima e encontrar mais informações sobre matrículas, acesse os sites do Sesi ou do Senai, ou entre em contato por telefone 0800-648-0088.
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