Considerada prioridade no mandado que acabou em 2020, a obra de revitalização do Viaduto do Orleans agora "não é uma obra premente" para o prefeito reeleito de Curitiba Rafael Greca (DEM). A reforma da estrutura sobre a BR-277, que liga os bairros Campo Comprido e Orleans ao São Braz e Santa Felicidade, é um acordo entre o município e o governo do estado. Foi a primeira grande obra anunciada por Greca logo ao assumir a prefeitura em 2017, mas ainda sequer saiu do papel.
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“O viaduto do Orleans não é obra minha. Era uma coisa feita em conjunto com o governo do estado para atender uma reivindicação do vereador Mauro Ignácio e não é uma necessidade premente da cidade”, afirmou o prefeito em entrevista à Gazeta do Povo.
“Eu, inclusive, tenho ido lá no fim de tarde e não está precisando fazer uma rotatória aérea para o Mauro Ignácio chegar mais cedo em casa ou para o Ratinho Jr chegar mais cedo em casa, porque o governador mora para aquela banda também”, continua Greca, citando o parlamentar de seu partido que encabeça o pedido da obra e o governador do estado. Hoje, nos horários de pico, o Viaduto do Orleans chega a receber até 3 mil veículos.
A revitalização pretende transformar o área em uma rotatória gigante sem semáforos, melhorando o trânsito entre os bairros dos dois lados da BR-277, além de facilitar o acesso à própria rodovia.
Para isso, duas novas transposições serão construídas no acesso de ambas as pistas da estrada, exigindo a revitalização viária dos cruzamentos da Rua Professor João Falarz e da Avenida Vereador Toaldo Túlio com a BR-277. Com o trânsito desviado para as novas transposições, a estrutura do atual viaduto vai virar uma travessia de pedestres e ciclistas, com possibilidade até de receber feiras livres.
“Vamos fazer o viaduto na proporção em que o governo do estado pague os projetos, porque é uma área ligada à BR-277, que diz respeito à engenharia econômico-financeira dos pedágios no Paraná”, explica Greca.
Na campanha eleitoral de 2016 e nos primeiros anos do mandato passado, Greca tratou a revitalização do viaduto como prioridade. Em vídeo ao lado do vereador Mauro Ignácio durante a campanha de 2016, Greca afirma que, se fosse eleito, iria fazer a obra logo no começo do mandato em 2017. “Claro que vamos fazer [a obra]. Já no começo da gestão vamos resolver esse gargalo de trânsito e unir Santa Felicidade e São Braz ao Orleans e Campo Comprido e à cidade. Curitiba é uma só e precisa de um vereador da tua qualidade”, disse o então candidato Greca no vídeo antes de abraçar Mauro Ignácio.
Já como prefeito, em agosto de 2017 Greca voltou a ressaltar em sua conta no Facebook a importância da obra. “O novo viaduto é um sonho antigo da população em resolver o problema de comunicação entre os dois lados da rodovia”, postou o prefeito. O que foi reforçado um ano depois em outro post de julho de 2018. “Essa obra é mais uma promessa de campanha que começo a cumprir para atender ao antigo sonho da população em solucionar o gargalo de tráfego que existe na região”, afirmou o prefeito à época.
"Obra não é para mim", diz vereador
O vereador Mauro Ignácio (DEM), que é apoiador da administração Greca na Câmara, afirma que há oito anos solicita a obra no viaduto, desde a gestão de Gustavo Fruet (PDT) na prefeitura. “Não é uma reivindicação minha. É da população. Curitiba passa pelo Viaduto do Orleans, que é uma estrutura antiga, de mais de 50 anos, que não comporta o trânsito atual”, alega Mauro Ignácio.
“Essa obra não é porque eu e o governador Ratinho Jr moramos na região. Aquela região está crescendo muito, inclusive com projeto de um hospital na antiga fábrica do Café Damasco e com possibilidade de a rodoviária ir para aquela área. Por isso o ideal seria se antecipar e preparar o viaduto para isso também”, reforça o vereador.
Mês passado, Mauro Ignácio cobrou publicamente do prefeito o início da obra também pelo Facebook. “Reitero formalmente ao prefeito Rafael Greca pedido de prioridade e celeridade nessa tramitação”, postou o vereador em 6 de janeiro após encontro com o governador. No que foi rebatido por Greca. “Um projeto de engenharia obedece prazos de cálculo estrutural. Não é questão de formalidade política. Não depende de mim. Já fiz o que deveria ser feito”, respondeu o prefeito nos comentários do próprio post do vereador.
Também em janeiro, ao pedir novamente prioridade na reforma do viaduto, o vereador recebeu ofício do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), responsável por elaborar o projeto da obra, dizendo: "Esclarecemos que essa é uma das prioritárias da prefeitura municipal de Curitiba".
Quando a obra começa?
Ao anunciar a revitalização em 2017, Greca chegou a dizer que a revitalização do viaduto começaria já em 2018. "Obra para 2018 porque o mundo real é mais lento que o Facebook", postou Greca em julho de 2017. Porém, questões burocráticas em relação à participação do estado adiaram os planos. Nesse período, inclusive, houve troca de governador, com Cida Borghetti passando o cargo a Ratinho Jr.
Somente em agosto de 2020, três anos após o anúncio da obra, o acordo entre prefeitura e governo do estado foi assinado. Pelo convênio, o governo vai bancar maior parte do R$ 1,2 milhão do projeto executivo do Viaduto do Orleans.
O projeto é de responsabilidade da prefeitura, através do Ippuc, mas ainda não foi licitado. O Ippuc já enviou ao governo do estado os estudos geométricos e termos de referência para elaboração do projeto. Por sua vez, o governo tem que repassar essas informações às concessionárias de pedágio que atuam naquele trecho da BR-277. Só quando receber a resposta dessas informações é que o Ippuc poderá elaborar o edital do projeto.
O prazo inicial para conclusão do projeto executivo dentro do convênio era de 18 meses, mas foi prorrogado para 24 meses. Dessa forma, a previsão é de que fique pronto em agosto de 2022. Somente com o projeto pronto será feita nova licitação para contratação da empreiteira que vai executar de fato a obra. O custo total da revitalização do Viaduto do Orleans é de R$ 30 milhões.
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